*Cildo dialoga com Oiticica
http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=400&evento=5#menu-galeria
Através (1983-1989). Através está entre as obras
de Cildo Meireles nas quais, por meio de jogos formais com materiais
cotidianos, o artista lida com questões mais amplas, como a nossa
maneira de perceber o espaço e, em última análise, o mundo. Trata-se de
uma coleção de materiais e objetos utilizados comumente para criar
barreiras com os mais diferentes tipos de usos e cargas psicológicas: de
uma cortina de chuveiro a uma grade de prisão, passando por materiais
de origem doméstica, industrial, institucional. Sempre em dupla, os
elementos se organizam com rigor geométrico sobre um chão de vidro
estilhaçado, oferecendo diferentes tipos de transparência para os olhos,
que a distância penetra a estrutura. O convite é que o corpo
experimente de perto esta estrutura, descobrindo e deixando para trás
novas barreiras. Com sua conformação labiríntica e experiência sensorial
de descoberta, Através e seus obstáculos aludem às barreiras da vida e
ao nosso desejo, nem sempre claro de superá-las.
Palavras-chave: Arte contemporânea. Cildo Meireles.
Palavras-chave: Arte contemporânea. Cildo Meireles.
Cildo Meireles • Revista Celeuma #3
Publicado em 10 de dez de 2013
Em depoimento a revista Celeuma, Cildo Meireles comenta sobre arte conceitual.
Matéria completa em:
Matéria completa em:
Imediações #1 Cildo Meireles por Lorenzo Mammì e Tadeu Chiarelli
https://www.youtube.com/watch?v=OqOA9Y7u4RY
Publicado em 23 de jan de 2014
Parte
do novo projeto do Núcleo de Pesquisa e Mediação do Centro
Universitário Maria Antonia - USP, "Imediações" consiste em conversas
com teóricos, artistas, críticos e curadores, registradas em vídeo e
disponibilizadas no site (http://www.mariantonia.prceu.usp.br/), a fim de ampliar o alcance das discussões realizadas pelo Núcleo.
Neste vídeo, Lorenzo Mammì e Tadeu Chiarelli abordam temas que permeiam a produção do artista Cildo Meireles, um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros em atividade. Entrevistas cedidas em novembro de 2013.
Neste vídeo, Lorenzo Mammì e Tadeu Chiarelli abordam temas que permeiam a produção do artista Cildo Meireles, um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros em atividade. Entrevistas cedidas em novembro de 2013.
http://mariantonia.prceu.usp.br/?q=exposicao/cildo-meireles
cildo meireles
4/4
Percebe-se
um recinto por dentro. Não apenas a olho, não só porque nos rodeia. Por
dentro também do nosso corpo. Sua existência se realiza na medida em
que sentimos a nossa nele. Se for uma sala qualquer e que esteja, em
princípio, vazia, não haverá muito mais a fazer. Sendo, no entanto, um
espaço de exposições em que se espera encontrar arte, tudo pode mudar de
figura. E se ali parece não haver de fato coisa alguma, é bem provável
que nossa mente, na hora, relute.
Mas se ao nos movermos por esse espaço detectamos alterações meio estranhas, em nós mesmos como na sua arquitetura? Ainda que oco, o espaço agora é um lugar – revela qualidades mais específicas. Lugar inventado por Cildo Meireles, onde alguma coisa discretamente acontece, chama e recua. É difícil dar nome certo a isso que desde dentro, sem sair do aqui-agora, cede também no tempo (pouco a ver com o vácuo mítico de Yves Klein; quem sabe uma volta a mais no parafuso daqueles Cantos, do próprio Cildo), como um golpe por subtração, uma esquiva às palavras rodando na consciência.
Pouco vaza, em direção ao vértice de algum futuro, pelos quatro cantos dessa instalação, que se rebatem cruzados, costurando de modo inusitado piso e paredes, dentro e fora. E, paralelamente, não muito mais do que um sinal parece ser captado ali, vindo de mais longe, do mais básico que nos toca como instabilidade de todo abrigo. Num caso e no outro, tudo agora se adensa se lembrarmos que 4/4 está precisamente no mesmo local que desde a terceira década do séc. XX, guardada quase a mesma volumetria, foi parte de uma residência, de uma escola privada, de uma universidade pública, dependência de órgãos do Estado, incluindo escritórios de seu sistema prisional, no período da ditadura militar de 64, até ser devolvido à mesma universidade, expulsa dali naquele período. Que finalmente o destinou, passando por mais outros usos, a abrigar as exposições de artes do Centro Universitário Maria Antonia.
A Física moderna permite imaginar que a torções no espaço correspondem outras no tempo, variando vis-à-vis conforme a referência. Empregando livremente essa ideia, seria possível considerar, lado a lado, o projeto arquitetônico de restauro e reforma desenvolvido para essa instituição – que deixa à mostra partes antigas no que foi recém-construído e cria vazios (retirada de muros, extensão da calçada numa laje que, por sua vez, leva a uma praça aberta no miolo da quadra, ligando seus dois edifícios), no esforço de reavaliar na prática uma tradição de lugar público – e a instalação de Cildo Meireles, com sua intervenção radical no histórico do espaço expositivo, que mantém ainda em suspenso o desaparecimento da arte nos fluxos do mundo.
João Bandeira · curador
Mas se ao nos movermos por esse espaço detectamos alterações meio estranhas, em nós mesmos como na sua arquitetura? Ainda que oco, o espaço agora é um lugar – revela qualidades mais específicas. Lugar inventado por Cildo Meireles, onde alguma coisa discretamente acontece, chama e recua. É difícil dar nome certo a isso que desde dentro, sem sair do aqui-agora, cede também no tempo (pouco a ver com o vácuo mítico de Yves Klein; quem sabe uma volta a mais no parafuso daqueles Cantos, do próprio Cildo), como um golpe por subtração, uma esquiva às palavras rodando na consciência.
Pouco vaza, em direção ao vértice de algum futuro, pelos quatro cantos dessa instalação, que se rebatem cruzados, costurando de modo inusitado piso e paredes, dentro e fora. E, paralelamente, não muito mais do que um sinal parece ser captado ali, vindo de mais longe, do mais básico que nos toca como instabilidade de todo abrigo. Num caso e no outro, tudo agora se adensa se lembrarmos que 4/4 está precisamente no mesmo local que desde a terceira década do séc. XX, guardada quase a mesma volumetria, foi parte de uma residência, de uma escola privada, de uma universidade pública, dependência de órgãos do Estado, incluindo escritórios de seu sistema prisional, no período da ditadura militar de 64, até ser devolvido à mesma universidade, expulsa dali naquele período. Que finalmente o destinou, passando por mais outros usos, a abrigar as exposições de artes do Centro Universitário Maria Antonia.
A Física moderna permite imaginar que a torções no espaço correspondem outras no tempo, variando vis-à-vis conforme a referência. Empregando livremente essa ideia, seria possível considerar, lado a lado, o projeto arquitetônico de restauro e reforma desenvolvido para essa instituição – que deixa à mostra partes antigas no que foi recém-construído e cria vazios (retirada de muros, extensão da calçada numa laje que, por sua vez, leva a uma praça aberta no miolo da quadra, ligando seus dois edifícios), no esforço de reavaliar na prática uma tradição de lugar público – e a instalação de Cildo Meireles, com sua intervenção radical no histórico do espaço expositivo, que mantém ainda em suspenso o desaparecimento da arte nos fluxos do mundo.
João Bandeira · curador
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