*ler na íntegra em:
*ver os vídeos em:
https://www.youtube.com/user/VideoNasAldeias
http://observatoriodadiversidade.org.br/site/cineastas-indigenas-para-jovens-e-criancas/
Cineastas Indígenas para Jovens e Crianças
A Ong Vídeo nas Aldeias lançou, recentemente, o guia Cineastas
Indígenas para Jovens e Crianças. O coordenador da Ong Vincent Carelli
conversou com o ODC sobre os objetivos da iniciativa, o papel das novas
tecnologias e a produção cinematográfica indígena promovida pela
organização não governamental desde a década de 60. A coleção Cineastas
Indígenas para Jovens e Criancas apresenta filmes realizados pelos povos
Kisêdje, Ashaninka, Panará, Ikpeng e Mbya Guarani, exceto o filme
Waiãpi, assinado pelo coordenador do Vídeo nas Aldeias. A versão digital
interativa do guia dá acesso aos filmes da coleção Cineastas Indígenas
para Jovens e Crianças, outros filmes citados no livro e fontes de
pesquisa, como a Enciclopédia dos Povos no Brasil Mirim, elaborado pelo
Instituto Socioambiental.
ODC – Por que lançar um livro de cineastas indígenas para jovens e crianças? Quais as principais problemáticas levantadas? Qual são os conteudos e a forma como foram tratados no livro? VC – Porque acreditamos que os jovens e crianças ainda não estão totalmente impregnados de preconceitos e ideias equivocadas sobre os povos indígenas tão disseminadas no nosso país. Nosso desejo é poder ajudar a suprir a falta de informação sobre esses povos a partir de uma visão de dentro das comunidades. Assim as novas gerações poderão ter uma relação de mais respeito e compressão com essas populações. Essa coleção aborda seis povos índigenas: os Kisêdje, os Ashaninka, os Panará, os Ikpeng, os Waiãpi, e os Mbya Guarani. Cada um deles apresenta um filme realizado por cineastas indígenas, a exceção do filme Waiãpi, assinado pelo coordenador do Video nas Aldeias. Os filmes, todos com temática infanto-juvenil, abordam diferentes temas: lendas, histórias, brincadeiras, pescaria. A ideia e fazer um pequeno panorama sobre a infância em diferentes comunidades indígenas do Brasil, tudo isso apresentado numa linguagem “jovem”. O livro completa a coleção trazendo mais informações sobre cada um desses povos, como são feitos os filmes, sugestões de atividades e alguns jogos interativos.
ODC – Foi avaliado o impacto ou realizado monitoramento do livro lançado e distribuído em 2010: “Cineastas indígenas – um outro olhar – Guia para professores e alunos (2010), em escolas que o receberam? Como foi feito e quais conclusões apontou? VC – Obtivemos uma resposta de 10% dos professores que receberam o kit. De uma maneira geral muitos ficaram surpresos pelo interesse mostrado pelos alunos, mesmo aqueles que estão acostumados a usar audiovisuais em sala de aula, e que acham os documentários chatos. Outra coisa interessante foi a surpresa dos alunos ao ouvirem os índios falarem numa língua incompreensível para eles. ”Isso é Brasil?” perguntavam. Descobrir que sim, isso é Brasil, é sem dúvida uma boa descoberta. A nossa avaliação é que faltam indicações para o trabalho do professor, em diversas áreas do conhecimento, e não só uma atividade extracurricular uma vez ao ano na semana do índio. Para os alunos, talvez menos informações e mais paralelos e comparações entre a vida dos índios e suas próprias.
ODC – Qual o papel das tecnologias de comunicação, como câmeras digitais, editores de vídeo e internet, para difundir as culturas indígenas como expressão da diversidade cultural brasileira? Como o Vídeo nas Aldeias desenvolve seu trabalho e qual a sua abrangência atualmente? VC – A produção cinematográfica indígena revelou um novo olhar sobre a realidade capaz de seduzir novas plateias. Mas temos que admitir que ainda são poucos aqueles interessados pelo tema. A presença desta produção na TV Pública seria estratégica para ampliar o alcance desta produção, mas não tem sido fácil conquistar este espaço. Da mesma forma, o material didático produzido a partir dos filmes de autoria indígena ainda não foi assumida pelos órgãos oficiais de ensino, para alcançar uma distribuição numa escala que o país merece. As novas tecnologias são, antes de mais nada, novas ferramentas para a juventude indígena criar suas redes de relacionamento on-line com outros índios e seus parceiros não índios. A página do Facebook do Vídeo nas Aldeias tem cerca de 3.500 amigos, uma boa parte deles são índios.
ODC – Como avalia a política de cotas para afrodescendentes indígenas nas universidades? Em que sentido esta questão pode dialogar com as iniciativas do Vídeo nas Aldeias? VC – O acesso das novas gerações à universidade abre sem dúvida uma nova era na condição dos povos indígenas no Brasil. O caso da Universidade da Grande Dourados, por exemplo, no Mato Grosso do Sul, onde foi criada uma faculdade Guarani, é um marco na afirmação dos Guarani Kaiowa num ambiente social e politicamente de discriminação opressiva. Aqueles que ingressam em faculdades normais, ao se verem confrontados com a diversidade, passam por um processo de redescoberta e revalorização da sua identidade que o distanciamento do olhar lhes proporciona. Os filmes produzidos e distribuídos pelo Vídeo nas Aldeias são motivo de orgulho não só para aqueles que ali estão retratados ou que os realizaram, mas para todos os “parentes” indígenas, que se sentem de alguma maneira representados pelos mesmos.
Assista entrevista concedida por Vincent Carelli ao ODC, durante o VI Seminário da Diversidade Cultural.
ODC – Por que lançar um livro de cineastas indígenas para jovens e crianças? Quais as principais problemáticas levantadas? Qual são os conteudos e a forma como foram tratados no livro? VC – Porque acreditamos que os jovens e crianças ainda não estão totalmente impregnados de preconceitos e ideias equivocadas sobre os povos indígenas tão disseminadas no nosso país. Nosso desejo é poder ajudar a suprir a falta de informação sobre esses povos a partir de uma visão de dentro das comunidades. Assim as novas gerações poderão ter uma relação de mais respeito e compressão com essas populações. Essa coleção aborda seis povos índigenas: os Kisêdje, os Ashaninka, os Panará, os Ikpeng, os Waiãpi, e os Mbya Guarani. Cada um deles apresenta um filme realizado por cineastas indígenas, a exceção do filme Waiãpi, assinado pelo coordenador do Video nas Aldeias. Os filmes, todos com temática infanto-juvenil, abordam diferentes temas: lendas, histórias, brincadeiras, pescaria. A ideia e fazer um pequeno panorama sobre a infância em diferentes comunidades indígenas do Brasil, tudo isso apresentado numa linguagem “jovem”. O livro completa a coleção trazendo mais informações sobre cada um desses povos, como são feitos os filmes, sugestões de atividades e alguns jogos interativos.
ODC – Foi avaliado o impacto ou realizado monitoramento do livro lançado e distribuído em 2010: “Cineastas indígenas – um outro olhar – Guia para professores e alunos (2010), em escolas que o receberam? Como foi feito e quais conclusões apontou? VC – Obtivemos uma resposta de 10% dos professores que receberam o kit. De uma maneira geral muitos ficaram surpresos pelo interesse mostrado pelos alunos, mesmo aqueles que estão acostumados a usar audiovisuais em sala de aula, e que acham os documentários chatos. Outra coisa interessante foi a surpresa dos alunos ao ouvirem os índios falarem numa língua incompreensível para eles. ”Isso é Brasil?” perguntavam. Descobrir que sim, isso é Brasil, é sem dúvida uma boa descoberta. A nossa avaliação é que faltam indicações para o trabalho do professor, em diversas áreas do conhecimento, e não só uma atividade extracurricular uma vez ao ano na semana do índio. Para os alunos, talvez menos informações e mais paralelos e comparações entre a vida dos índios e suas próprias.
“Acreditamos que os jovens e
crianças ainda não estão totalmente impregnados de preconceitos e ideias
equivocadas sobre os povos indígenas tão disseminadas no nosso país.
Nosso desejo é poder ajudar a suprir a falta de informação sobre esses
povos a partir de uma visão de dentro das comunidades. Assim as novas
gerações poderão ter uma relação de mais respeito e compressão com essas
populações”
ODC – Quais as principais demandas envolvendo
processos de aprendizado sobre as culturas indígenas, seja para crianças
e ou para a atuação de professores?
VC – Uma das grandes demandas dos professores foi ter
acesso a material sobre os índios de seus respectivos estados, “seus
índios”. E ainda há muito que se fazer neste campo, muitas regiões e
etnias não documentadas e com pouco material educativo produzido, mas a
demanda procede. É preciso entender aqueles índios que estão próximos
aos alunos.ODC – Qual o papel das tecnologias de comunicação, como câmeras digitais, editores de vídeo e internet, para difundir as culturas indígenas como expressão da diversidade cultural brasileira? Como o Vídeo nas Aldeias desenvolve seu trabalho e qual a sua abrangência atualmente? VC – A produção cinematográfica indígena revelou um novo olhar sobre a realidade capaz de seduzir novas plateias. Mas temos que admitir que ainda são poucos aqueles interessados pelo tema. A presença desta produção na TV Pública seria estratégica para ampliar o alcance desta produção, mas não tem sido fácil conquistar este espaço. Da mesma forma, o material didático produzido a partir dos filmes de autoria indígena ainda não foi assumida pelos órgãos oficiais de ensino, para alcançar uma distribuição numa escala que o país merece. As novas tecnologias são, antes de mais nada, novas ferramentas para a juventude indígena criar suas redes de relacionamento on-line com outros índios e seus parceiros não índios. A página do Facebook do Vídeo nas Aldeias tem cerca de 3.500 amigos, uma boa parte deles são índios.
ODC – Como avalia a política de cotas para afrodescendentes indígenas nas universidades? Em que sentido esta questão pode dialogar com as iniciativas do Vídeo nas Aldeias? VC – O acesso das novas gerações à universidade abre sem dúvida uma nova era na condição dos povos indígenas no Brasil. O caso da Universidade da Grande Dourados, por exemplo, no Mato Grosso do Sul, onde foi criada uma faculdade Guarani, é um marco na afirmação dos Guarani Kaiowa num ambiente social e politicamente de discriminação opressiva. Aqueles que ingressam em faculdades normais, ao se verem confrontados com a diversidade, passam por um processo de redescoberta e revalorização da sua identidade que o distanciamento do olhar lhes proporciona. Os filmes produzidos e distribuídos pelo Vídeo nas Aldeias são motivo de orgulho não só para aqueles que ali estão retratados ou que os realizaram, mas para todos os “parentes” indígenas, que se sentem de alguma maneira representados pelos mesmos.
“A produção cinematográfica
indígena revelou um novo olhar sobre a realidade capaz de seduzir novas
plateias. Mas temos que admitir que ainda são poucos aqueles
interessados pelo tema. A presença desta produção na TV Pública seria
estratégica para ampliar o alcance desta produção, mas não tem sido
fácil conquistar este espaço. Da mesma forma, o material didático
produzido a partir dos filmes de autoria indígena ainda não foi assumida
pelos órgãos oficiais de ensino, para alcançar distribuição numa escala
que o país merece”
ODC – Outras informações que queira acrescentar sobre o assunto.
VC – A coleção Cineastas Indígenas para Jovens e
Crianças está disponível na internet aguardando o interesse do MEC, ou
das Secretarias Estaduais ou Municipais de Educação que queiram
publicá-la e distribuí-la nas suas redes escolares. Uma coleção de
livros-vídeos para crianças de 3 a 6 anos também está sendo produzida
com os mesmos filmes e será publicada pela Cosac Naify, com patrocínio
da Petrobras Cultural.Assista entrevista concedida por Vincent Carelli ao ODC, durante o VI Seminário da Diversidade Cultural.
INÍCIO
Nenhum comentário:
Postar um comentário