"Alexandria" ou Ágora com Rachel Weisz.
Ágora (Alexandria (título no Brasil) ou Ágora (título em Portugal)) é o título de um filme espanhol dirigido por Alejandro Amenábar, lançado na Espanha, em 9 de outubro de 2009. O filme é estrelado por Rachel Weisz e Max Minghella e relata a história da filósofa Hipátia, que viveu em Alexandria, no Egito, entre os anos 355 e 415, época da dominação romana.
Durante o relato, a história apresenta uma licença romântica, incluindo uma ligação entre Hipátia e um de seus escravos.
Sinopse
O filme relata a história de Hipátia, filósofa e professora em Alexandria, no Egito entre os anos 355 e 415 d.C. Única personagem feminina do filme, Hipátia ensina filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria, junto à Biblioteca. Resultante de uma cultura iniciada com Alexandre Magno, passando depois pela dominação romana, Alexandria é agitada por ideais religiosos diversos: o cristianismo, convive de forma tensa com o judaísmo e a cultura greco-romana.
Hipátia tem entre seus alunos Orestes, que a ama, sem ser correspondido, e Sinésio, adepto do cristianismo. Seu escravo Davus também a ama, secretamente. Hipátia não deseja casar-se, mas se dedica unicamente ao estudo, à filosofia, matemática, astronomia, e sua principal preocupação, no relato do filme, é com o movimento da terra em torno do sol.
Mediante os vários enfrentamentos entre cristãos, judeus e a cultura greco-romana, os cristãos se apoderam, aos poucos, da situação, e enquanto Orestes se torna prefeito e se mantém fiel ao seu amor, o ex-escravo Davus (que recebeu a alforria de Hipátia) se debate entre a fé cristã e a paixão. O líder cristão Cirilo domina a cidade e encontra na ligação entre Orestes e Hipátia o ponto de fragilidade do poder romano, iniciando uma campanha de enfraquecimento da influência de Hipátia sobre o prefeito, usando as escrituras sagradas para acusá-la de bruxaria.
Por ter se recusado a se converter ao cristianismo, foi acusada de bruxaria. Uma multidão se reune para mata-la, a esfolando viva. Mas Davus os convence a apedreja-la. Quando a multidão sai para procurar as pedras, Davus sufoca Hipátia, para poupa-la do apedrejamento e diz a multidão que ela desmaiou. Davus se retira quando começam a apedrejar o corpo de Hipátia. A história real da filósofa está no artigo Hipátia. (...) ler mais em : https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gora_(filme)
Alexandria (Agora) Trailer Official Legendado HD
https://www.youtube.com/watch?v=FXLS8WP0gi0https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%A1tia
Hipátia ou Hipácia (em grego: Υπατία; transl. Ypatía) (Alexandria, c. 351/70 – Alexandria, 8 de março de 415[1]) foi uma neoplatonista grega e filósofa do Egito Romano, a primeira mulher documentada como sendo matemática.[2] Como chefe da escola platônica em Alexandria, também lecionou filosofia e astronomia.[3][4][5][6]
Como neoplatonista, pertencia à tradição matemática da Academia de Atenas, representada por Eudoxo de Cnido e [7] era da escola intelectual do pensador Plotino que a incentivou a estudar Lógica e Matemática no lugar de investigação empírica, e a estudar Direito em vez de ciências da natureza.[2]
De acordo com a única fonte contemporânea, Hipátia foi assassinada por uma multidão de cristãos depois de ser acusada de exacerbar um conflito entre duas figuras proeminentes em Alexandria: o governador Orestes e o bispo de Alexandria, Cirilo de Alexandria. [8]
Kathleen Wider propõe que o assassinato de Hipátia marcou o fim da Antiguidade Clássica,[9] e Stephen Greenblatt observa que o assassinato "efetivamente marcou a queda da vida intelectual em Alexandria"[10] Por outro lado, Maria Dzielska e Christian Wildberg notam que a filosofia helenística continuou a florescer nos séculos V e VI, e, talvez, até a era de Justiniano.[11]
Biografia
Hipátia era filha de Téon de Alexandria, um renomado filósofo, astrônomo, matemático, autor de diversas obras e professor em Alexandria. Criada em um ambiente de ideias e filosofia, tinha uma forte ligação com o pai, que lhe transmitiu, além de conhecimentos, a forte paixão pela busca de respostas para o desconhecido. Diz-se que ela, sob tutela e orientação paternas, submetia-se a uma rigorosa disciplina física, para atingir o ideal helênico de ter a mente sã em um corpo são.Hipátia estudou na Academia de Alexandria, onde devorava conhecimento: matemática, astronomia, filosofia, religião, poesia e artes. A oratória e a retórica também não foram descuidadas.
Alguns autores pensam que, quando adolescente, viajou para Atenas, para completar a educação na Academia Neoplatônica, onde não demorou a se destacar pelos esforços para unificar a matemática de Diofanto com o neoplatonismo de Amónio Sacas e Plotino, isto é, aplicando o raciocínio matemático ao conceito neoplatônico do Uno (mônada das mônadas).[12] Ao retornar, já havia um emprego esperando por ela em Alexandria: seria professora na Academia onde fizera a maior parte dos estudos, ocupando a cadeira que fora de Plotino. Aos 30 anos já era diretora da Academia, sendo muitas as obras que escreveu nesse período.
Um dos seus alunos foi o notável filósofo e bispo Sinésio de Cirene (370 - 413), que lhe escrevia freqüentemente, pedindo-lhe conselhos. Através destas cartas, sabemos que Hipátia desenvolveu alguns instrumentos usados na Física e na Astronomia, entre os quais o hidrômetro.[13]
Sabemos também que desenvolveu estudos sobre a Álgebra de Diofanto ("Sobre o Cânon Astronômico de Diofanto"), tendo escrito um tratado sobre o assunto, além de comentários sobre os matemáticos clássicos, incluindo Ptolomeu. Em parceria com o pai, escreveu um tratado sobre Euclides.
Ficou famosa por ser uma grande solucionadora de problemas. Matemáticos confusos, com algum problema em especial, escreviam-lhe pedindo uma solução. E ela raramente os desapontava. Obcecada pelo processo de demonstração lógica, quando lhe perguntavam porque jamais se casara, respondia que já era casada com a verdade. [a]
O seu fim trágico se desenhou a partir de 412, quando Cirilo foi nomeado Patriarca de Alexandria, título de dignidade eclesiástica, usado em Constantinopla, Jerusalém e Alexandria. Ele era um cristão fervoroso, que lutou toda a vida defendendo a ortodoxia da Igreja e combatendo as heresias, sobretudo o Nestorianismo, que negava a Divindade de Jesus Cristo e a Maternidade Divina de Maria.
Mudança do paradigma pagão para o cristão
O reinado de Teodósio I (379-392) marca o auge de um processo de transformação do Cristianismo, que efetivamente se torna a religião oficial do Estado.[14] Em 391, atendendo pedido do então Patriarca de Alexandria, Teófilo, ele autorizou a destruição do Templo de Serápis (não confundir com o Museu e a Biblioteca existentes em Alexandria, que não tinham nenhuma relação física com este templo), um vasto santuário pagão onde eram oferecidos sacrifícios de sangue, segundo os relatos dos historiadores contemporâneos Sozomeno e Tirânio Rufino.[15]Embora a legislação de 393 procurasse coibir distúrbios, surtos de violência popular entre cristãos e pagãos tornaram-se cada vez mais frequentes em Alexandria, principalmente após a ascensão de Cirilo ao Patriarcado.
Morte
Segundo o mesmo historiador, tudo isto aconteceu pouco tempo depois de Orestes, prefeito da cidade, ter ordenado a execução de um monge cristão chamado Amónio, ato que enfureceu o bispo Cirilo e seus correligionários.[17] Devido à influência política que Hipátia exercia sobre o prefeito, é bastante provável que os fiéis de Cirilo a tivessem escolhido como uma espécie de alvo de retaliação para vingar a morte do monge. Neste período em que a população de Alexandria era conhecida pelo seu caráter extremamente violento, Jorge de Laodiceia (m. 361) e Protério (m. 457), dois bispos cristãos, sofreram uma morte muito similar à de Hipátia: o primeiro foi atado a um camelo, esquartejado e os seus restos queimados; o segundo arrastado pelas ruas e atirado ao fogo.[18]
Dito isto, a eventual relação de Cirilo com o ocorrido continua a ser motivo de alguma controvérsia entre os historiadores. Embora Sócrates e Edward Gibbon afirmem que o episódio trouxe opróbrio para a Igreja de Alexandria, não mencionam qualquer envolvimento direto do patriarca.[19] O filósofo pagão Damáscio, por sua vez, atribui explicitamente o assassinato ao patriarca, que invejaria Hipátia.[20] Contudo, a Enciclopédia Católica lembra que Damáscio escreveu cerca de um século depois dos fatos e que os seus escritos manifestam um certo pendor anticristão.[21] As últimas pesquisas crêem que o homicído de Hipátia resultou do conflito de duas facções cristãs: uma mais moderada, ao lado de Orestes, e outra mais rígida, seguidora de Cirilo, responsável pelo ataque.[22]
Presença de outras mulheres na filosofia
Também na Escola Pitagórica “ora integrada na sua vida particular (de Pitágoras), como esposa, ora simplesmente na vida da Escola, a presença marcante de uma mulher, Theano, que ocupou certamente um lugar de destaque nos primórdios do pitagorismo. É também interessante destacar que Jâmblico, no seu catálogo de pitagóricos ilustres, elenca não uma, mas dezessete mulheres, e isso dentre as mais célebres que aderiram à sua doutrina”[23].Igualmente na escola cínica houve a figura de Hiparquia, esposa de Crates, citada por Diógenes Laércio em sua Vida dos Filósofos Ilustres[24].
Obras
Nenhum trabalho escrito, amplamente reconhecido pelos estudiosos como da própria Hipátia, sobreviveu até o presente momento. Muitas das obras comumente atribuídas a ela acredita-se terem sido obra de colaboração com o seu pai, Téon de Alexandria. Esse tipo de incerteza autoral é típico dos filósofos do sexo feminino na Antiguidade[25].Uma lista parcial das obras de Hipátia, como mencionado por outros autores antigos e medievais ou como postulado por autores modernos:
- Um comentário sobre o volume 13 Arithmetica de Diophantus.[26]
- Um comentário sobre Cônicos de Apolônio de Pérgamo.[26]
- Editou a versão existente da obra Almagesto de Ptolomeu.[27]
- Editou o comentário de seu pai sobre a obra Os Elementos de Euclides[28]
- Escreveu um texto "O Cânone Astronômico".[26][29][30]
Seu aluno Sinésio, bispo de Cirene, escreveu-lhe uma carta descrevendo a construção de um astrolábio[34]. A existência do astrolábio antecede Sinésio em pelo menos um século[35][36],e o pai de Hipátia ganhou fama por seu tratado sobre o assunto[37]. No entanto, Sinésio afirmou que se tratava de um modelo melhorado[34].
Ver também
Notas
- [a] ^ Segundo a enciclopédia bizantina "Suda", ela foi esposa de "Isidoro, o Filósofo" (aparentemente Isidoro de Alexandria);[26], porém, Isidoro só nasceu muito depois da morte de Hipátia e não se conhece nenhum outro filósofo com este nome que seja contemporâneo dela[38]. A "Suda" também afirmou que "ela permaneceu virgem" e que rejeitou o candidato mostrando lençóis manchados de sangue afirmando que eles demonstravam que não havia "nada de belo" no desejo carnal - um exemplo de fonte cristã fazendo uso de Hipátia como símbolo de virtude[26][39][40].
INÍCIO
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