Eleições: O Que há por
Trás.
Carlos A. Lungarzo
Estas
eleições mostram uma tensão intensa, maior que em quaisquer outras das três
(2002, 2006, 2010) nas que o PT foi vitorioso contra a aliança de ultradireita.
Há um monte de coisas esquisitas, mais que
antes:
1.
O cerco da mídia está mais fechado que nos
outros anos. Sua parcialidade não consiste em omitir apenas, ou deformar; a
mídia sai abertamente para denegrir a candidata do PT e elogiar o candidato do
grande capital.
2.
A parcialidade do judiciário não é coisa
nova. Os togados são herdeiros das sociedades teocráticas, classistas, piramidais,
inimigos da “ralé” pobre e negra, mas desta vez perderam o controle. Não houve
nenhuma reprimenda legal, nem quando Aécio Neves da Cunha injuriou sujamente a
Luciana Genro e Dilma Rousseff.
3.
Um fato quase único, incluindo crime de
fraude e de semear notícias falsas para criar confusão social, foi a aparição
de pesquisas de duas agências fantasmas do estado de Paraná, e outra de Minas,
onde o jovem coronel recebia uma vantagem de 17%. (Impossível até pela
contradição imediata com IBOPE e DATA-FOLHA)
4.
Mas, nada se compara ao cinismo do juiz que
violou abertamente o sigilo da delação premiada, no caso da Petrobrás. Aliás,
confirmou seu direito a essa violação e deu de ombros ante as críticas. Aliás, sim,
há algo que se compara com isso: o servilismo de um monte de outros togados que
o apoiaram.
O
acúmulo de golpes brancos escalados tem sido surpreendente, mesmo sem tomar em
conta algumas teorias de conspiração, sobre as quais não há provas (embora
reconheça que é difícil refutá-las).
O PT
sempre foi considerado pela direita brasileira como um grande inimigo, e os
esforços da direita para criar armadilhas legais, com a leniência dos que
deveriam cuidar da justiça dos processamentos criminais, se manifestaram desde
o primeiro ano de governo de Lula.
Entretanto,
neste momento parece haver um esforço desesperado. A direita mostra que, se
perder esta eleição, seria uma tragédia. Por que? Um sistema neofascista de
sociedade se está montando a nível mundial, como prova a volta do partido
neonazista na Ucrania, e os numerosos massacres em meio oriente. Os
adestradores de abutres (me recuso a chamar esses seres com o nome desse
belíssimo e nobre pássaro que é o tucano) nos EUA e na UE não querem permitir
que Brasil fique de fora. Os piores elementos racistas, violentos e
psicopáticos que já houve entre os congressistas, têm conseguido desta vez uma
boa representação.
Que Há de
Novo?
O
cenário desde 2010 mudou alguma coisa:
a. O pré-sal, que se mostrou fecundo
desde 2008, passou a ser, em 2011, uma fonte não já promissora, mas
absolutamente real de hidrocarbonetos, talvez situada entre as 10 maiores do
mundo.
b. Dilma foi uma surpresa: uma pessoa
muito mais difícil de confrontar, para a direita, que qualquer outra pessoa no
PT. Durante seu governo, eclodiram os avanços econômicos, sociais, energéticos,
etc., que já estavam incubados não governo Lula.
c. Dilma enfrentou a espionagem
americana, o terrorismo de estado israelense, negou colaboração aos projetos
bélicos da Nato, e assim em diante. A repulsa ao massacre de civis iraquianos
(que morrem por dúzias por cada terrorista abatido) e a serena atitude no caso
de libertação do povo de Crimeia, enfureceu aos milhares de serviçais do
Pentágono no Brasil.
d. Aceitou a renúncia do chanceler responsável
pelo “resgate” no estilo 007, do senador boliviano culpado de democídio.
e. Merece especial ênfase a coragem de
confrontar um dos lobbies mais poderosos do Brasil: o da saúde, especialmente porque o corajoso
grupo de médicos que defendeu Mais Médicos era uma minoria pequena dentro do
poderoso supermercado dos jalecos.
Mas, além desses
fatos mais pessoais e políticos, há aspectos estruturais. As oligarquias
brasileiras brancas, europeizadas, racistas e, frequentemente, supersticiosas,
não aguentam mais olhar que pobres e negros progridam, que o país que FCH
deixou em frangalhos seja capaz de sediar uma Copa de Mundo, uma das melhores
organizadas segundo a FIFA Um assunto da maior importância, assim mesmo, é que
os Estados Unidos têm presa.
Em
2010, o pré-sal já inspirava grandes esperanças, mas ainda não era uma
realidade tão palpável. Após 2011, com o experimento de absorção de CO2 e seu
armazenamento em águas profundas, a importância do pré-sal cresceu rapidamente.
Os
brasileiros nem sempre tem idéia de como é visto o Brasil no exterior: país
bihemisférico, com enormes riquezas naturais, com uma única língua principal,
sem guerras regionais nem religiosas (embora haja os que querem cria-las). É
coproprietário com o Canadá das únicas jazidas conhecidas de nióbio, e o maior
reservatório aquífero do planeta. Em fim, é a mais importante joia de uma nova
etapa do processo de hegemonia do capital monopólico.
Mas,
quem está detrás desta rapina???
A
Armadilha Ambiental
Há
duas grandes fontes de poder internacional alavancando a candidatura de
direita. A menos percebida, inclusive até pelos próprios partidos de esquerda,
é a originada nos sustentabilistas (assim
se fala?) e ambientalistas americanos.
A
ecologia é uma coisa bastante nova, e às vezes é difícil diferenciar um setor
da ecologia europeia, que têm um claro projeto de esquerda (os chamados ecomarxistas), dos que fazem do
ambientalismo um negócio que têm vários objetivos: (1) Vender licenças de
sustentabilidade a empresas (2) fomentar o aspecto publicitário do
ambientalismo para enriquecer bilionários negócios “naturais”. (3) Legalizar formas
alternativas de exploração ecológica, sob o disfarce de defender a ecologia,
naquele estilo “pega ladrão” (4) Retrasar o desenvolvimento do Brasil, com
acusações de violações à sustentabilidade, mesmo que ventiladores e sensores
solares não possam substituir a energia cinética obtida através do petróleo
(Qualquer garoto da 6ª série sabe isto).
Mas,
este é um assunto complicado, e publicarei um artigo sobre a “cilada
sustentável” após as eleições.
A
Armadilha Financeira
Há um
grupo de bilionários americanos e Europeus, que vêm a possibilidade de comprar
a preço de banana toda a produção de um país que, além das outras vantagens,
têm uma das mais grandes reservas do petróleo do planeta.
Uma
das estratégias (como disse, quero falar disto por extenso em outro artigo),
sobretudo propagandística, é desprestigiar a relevância do pré-sal, como fez
uma das candidatas. Se a direita triunfasse, o pré-sal poderia ser abandonado
até que se encontrasse um motivo para vende-lo. Por exemplo, desprestigiar a
qualidade do petróleo do pré-sal, poderia fazer cair o preço do cru por baixo
dos 45 usd. Já vender a Petrobrás seria mais fácil. É só falar de corrupção, e
o povo vítima do brain-polluting (quem
disse “brain-washing”) acenará para que vendam de uma vez. Se, pelo contrário,
a Petrobrás segue progredindo e os setores fascistas e chauvinistas são acalmados, será possível criar uma
comunidade petroleira dos países do Sul. Isso é grave para os EUA, que pode
seguir dependendo de Oriente por muito tempo. Portanto, há uma complexa
operação para completar o desmantelamento do Brasil, executado em parte pelo
governo FHC. Mas o que FHC fez não foi tudo.
É por isso que a situação agora é mais perigosa que antes.
Nessa
operação estão metidas algumas figuras famosas, mas ninguém de nós conhece
ainda os detalhes. Se as analogias são válidas, poderíamos comparar a forma que
atuou uma dessas figuras famosas no caso da Massacre da Ucrania: o especulador
mais interessado no Brasil, durante o golpe e o massacre da Ucránia pelos
fascistas anti-russos.
Este
senhor é um especulador internacional de 84 anos, chamado George Schwartz, cidadão americano nascido em Budapeste, cujos
ancestrais acrescentaram a seu nome a palavra Soros, para evitar a
persecução anti-semita. O especulador passou a figurar oficialmente como Soros György, que foi traduzido nos EUA
a George Soros.
Não é ele só, certamente, que irá investir no Brasil. Há algo
assim como 200 bilionários que esperam contar um bom pedaço do bolo amarelo e verde.
Ele teve uma relação de índole não bem conhecida (talvez como assessor) com o
governo FHC, responsável pela famosa estagnação entre 1997-2002.
Soros disse uma frase muito interessante:
Quem vota no Brasil, não são os brasileiros. São os americanos.
Ele costuma ser publicamente crítico
contra a tirania que os Estados Unidos exerce no mundo. Talvez queira aliviar
sua consciência. Todavia, sabemos que os especuladores lavam sua consciência
fazendo doações, não deixando seus negócios. Um bilhão em doações é suficiente
para se sentir “bom”, o que vale a pena: sua fortuna pessoal ronda os 26 bi.
Mas lembre:
Este senhor e algumas centenas
mais estarão de olho em você quando aperte um número na urna. O capital
financeiro é como um deus: está em todas as partes.
Pense bem em quem vai
votar.
Em
2002, votar pela capital financeiro seria um retrocesso. Mas hoje é algo
mais grave. Não é um retrocesso: em dar um salto para uma sociedade onde,
como em Honduras, Paraguai, Eritréia, Sudão e muitos outros, uma ínfima parte
da população recebe os direitos de ser cidadão.
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