Carlos A. Lungarzo
Há uma frase que o
candidato pela aliança de ultradireita liderada pelo PSDB usa quase tanto como
“é mentira”. É esta: “vamos acabar com a inflação”.
Tão forte como essa, é
sua preocupação com o aumento da produção e, eventualmente, como atitude
cerimonial, está sua promessa de que manterá o valor de salário e o índice de
emprego.
Num dos programas de TV,
ele disse que pensa diminuir a inflação para 3% mensal.
O que ele provavelmente
no apreendeu em seu curso de Economia, é que estas variáveis não são
independentes. Inclusive, algumas estão relacionadas com outras de maneira não
unívoca, e, por sua vez, dependem da estrutura geral da economia de um país moderno.
Ou seja, as variáveis
1. Inflação
2. Juros de empréstimos
3. Produção
4. Desemprego
5. Nível de salário
...não apenas mantêm relações entre si (que são, além disso,
objeto de debate entre os especialistas), mas dependem, geralmente de
maneira indireta, de outros fatores:
Nível de poupança dos atores econômicos
Expectativas de inflação
Hábitos da cidadania quanto a economia (poupar, investir,
gastar, etc.)
Tamanho da economia (em unidades de PIB)
Interações externas.
Dívida, déficit, superavit, etc;
Dívida, déficit, superavit, etc;
Para diminuir a inflação sem afetar o desemprego, é
necessário fixar limites pré-testados. Não basta propor ao acaso um número.
Vejamos dois exemplos:
JAPÂO
Em agosto deste ano, a inflação em Japão estava a 3,29 %
A taxa de desemprego mensal por enquanto, se manteve entre
3,5 e 3,7%.
SUÍÇA
Em setembro, o desemprego era 3% e a inflação 0,1
Observe que ambos são países muito desenvolvidos, com
economias historicamente muito estáveis, onde parece possível manter a demanda
e a oferta aproximadamente equacionadas.
Mas se você olhas os casos da União Européia, que aparecem
nos jornais, e às vezes por rádio ou TV, verá que os índices de desemprego são
bem maiores que os do Brasil.
É verdade que a inflação é menor que no Brasil, mas, o que
aconteceu:
Você consegue uma taxa de inflação muito baixa, cortando
emprego. Isto acontece aliás no curto prazo. No longo prazo (segundo as
interpretações dos próprios neo-liberais da curva de Phillips) pode acontecer
que você tenha inflação e desempregos juntos.
A redução da
inflação a 3% pode significar, no Brasil atual, aumentar o desemprego, que
agora é aproximadamente de 5%. Ele pode passar a um valor entre 12 e
16%.
Ao votar, este domingo, peço que se faça a si mesmo esta
pergunta.
“O que é
melhor para mim e a minha família:
Conservar meu
emprego e agüentar uma inflação de 4 a 7% por mês,
Ou ter uma
inflação entre 2% e 4%, mas ESTANDO DESEMPREGADO ”
Se você não tiver outras razões para negar seu voto aos coronéis abutres,
pense, pelo menos QUE ESTA PODE SER UMA RAZÃO.
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