terça-feira, 22 de dezembro de 2015

OCUPAÇÕES DE ESCOLAS EM SP E A REVOLTA DOS PINGUINS DO CHILE

Estudantes que ocuparam escolas em SP são entrevistados do Brasilianas.org

http://jornalggn.com.br/noticia/os-estudantes-paulistas-em-um-aula-inesquecivel-de-brasilidade





Os estudantes paulistas, em um aula inesquecível de brasilidade

seg, 21/12/2015 - Luis Nassif




Hoje à noite, às 23 horas na TV Brasil, será exibido o programa entrevistando três estudantes que participaram das ocupações das escolas paulistas.
Recomendo assistir, especialmente os que estão em crise com o país. É um vendaval de cidadania.
Mostra a eficiência da chamada pedagogia da participação, a maneira como, sentindo-se protagonistas, a rapaziada se abriu para o mundo. A explicitação da pedagogia da participação foi uma explosão inesperada, o produto mais relevante de uma movimentação que visou, em um primeiro instante, apenas evitar que alunos fossem remanejados para outras escolas, sem consultá-los.
Nicole, 17 anos, aluna do terceiro ano médio da Escola Estadual José Lins do Rego, na Estrada do M’Boi-mirim, no Jardim Ângela, contou que os mais ligados na ocupação foram vários alunos com baixa produtividade na sala de aula.  Muitos deles estavam entre os mais dinâmicos, curiosos, interessados em temas contemporâneos,  em música, cultura, mas não se adequavam ao modelo linha de montagem das aulas, o mesmo conteúdo entregue empacotado em 50 minutos de aula. Com o movimento, saíram da toca, mobilizaram-se, assumiram compromissos, colocaram em prática seus interesses e foram os que melhor cuidaram da sua escola.
Mais que isso.
Nicole e suas colegas sempre se incomodaram com as brincadeiras machistas dos rapazes. Mas nunca conseguiram que a direção da encarasse a questão, com um debate aberto. Com a ocupação, definiram o machismo como um dos temas de discussão, abriram as discussões e conseguiram abrir a cabeça dos colegas machistas mais renitentes.
O mesmo ocorreu na escola estadual Fernão Dias, de Pinheiros, conforme relato da aluna Luana, 16 anos. Alunos desinteressados por um método de ensino anacrônico, de ouvir a aula sem participar e limitar-se a fazer a lição sem questionar, de repente viram o mundo se abrir para eles, podendo escolher o tema para as aulas especiais ministradas durante a ocupação.
A crítica à reorganização estava fundamentada, com argumentos em relação aos erros de análise e às questões legais. Como explicou Guilherme, 16 anos, aluno do segundo ano médio da Escola Estadual Professor Oscavo de Paula e Silva, na cidade de Santo André
Na cidade existem duas favelas, focos de enormes tensões entre os moradores de uma e outra. Fechar uma das escolas e transferir os alunos de uma favela para outra poderia resultar até em mortes, explicou Guilherme.
Mas os técnicos da Secretaria da Educação não tinham a menor ideia porque limitaram-se a tratar os números sem considerar que, por trás deles, havia pessoas, ambientes.
Indagado se haviam analisado com isenção a reforma, Guilherme responde com uma lógica definitiva: se hoje as classes já são superlotadas, há filas e a reforma iria diminuir mais ainda a quantidade de classes, é fácil entender sua lógica, que não é definitivamente a lógica pedagógica.A ocupação também expôs de forma grave o despreparo de alguns diretores.
Na escola José Lins do Rego a diretora chamou a PM e autorizou a invasão da escola. Professores que tentaram defender os alunos terminaram agredidos, alguns hospitalizados.
Lembro-me da velha PUC de Campinas, dirigida por dois clérigos extremamente conservadores, dom Amaury Castanho e outro que não me recordo o nome agora. Quando o Exército tentou invadir o campus, ambos se colocaram na frente do portão e impediram, em defesa dos seus alunos.
Ao final do programa, indaguei se tinham medo. Tinham. Um, o medo de estudantes com as represálias que poderiam sofrer dos diretores. Outro, o medo de jovens de periferia com o que poderia acontecer se a PM viesse atrás deles.
Para muitos dos meninos, a rebelião não foi apenas uma aposta de vida, mas um desafio de morte.


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http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2015-12/estudantes-que-ocuparam-escolas-em-sp-sao-entrevistados-do-brasilianasorg

Estudantes que ocuparam escolas em SP são entrevistados do Brasilianas.org

21 12 2015



Fernanda Cruz
 
Alunos que ocuparam as escolas contra a reorganização escolar são os entrevistados desta segunda-feira (21), às 23h, do programa Brasilianas.org, na TV Brasil. O projeto do governo estadual levaria ao fechamento de 94 escolas no estado de São Paulo, mas foi revogado após protestos e ocupações dos estudantes.
Segundo os adolescentes, as ocupações foram inspiradas na Revolta dos Pinguins do Chile. Os alunos traduziram uma cartilha chilena com orientações sobre como ocupar e manter as unidades e também sobre como se deve dividir as atividades internas em comissões.
Luana Narde, aluna do 1º  ano da Escola Estadual Fernão Dias, segunda escola a ser ocupada, lembrou que o ato teve início durante uma aula. “Chegamos lá, fechamos e permitimos apenas a entrada de alunos. Era dia de aula comum”, disse Luana. “Eu não tinha conhecimento de que Diadema [São Paulo] estava ocupada, fui saber muito depois. Acabou que começou esse movimento muito massivo, que foram mais de 300 escolas ocupadas.”
Guilherme Botelho, estudante do 2º ano da Escola Estadual Oscavo de Paula e Silva, disse que enfrentou grande revolta de alguns pais que eram contra as ocupações. No entanto, acrescentou Guilherme, esses mesmos pais, quando conheciam as reivindicações e os ideais do movimento estudantil, mudavam de opinião. “Mostramos para os pais que não queremos, em nenhum momento, prejudicar os filhos deles. Estamos lutando por uma educação de qualidade.”
Além da resistência inicial de pais e mães, Nicole dos Santos Oliveira, aluna do 3º ano da Escola Estadual José Lins do Rego, disse que enfrentou problemas com a polícia. “Sábado ocorreu um conflito dentro da escola, e eu liguei para a minha mãe”, disse. “Os policias queriam fechar o portão com os alunos dentro”, lembrou. Os estudantes tiveram a preocupação de registrar que as escolas estavam sendo bem cuidadas, por receio de serem responsabilizados por eventuais danos provocados de forma intencional por terceiros.
De acordo com Nicole, a reorganização escolar poderia elevar o número de alunos por sala, mesmo com a superlotação que já existe na instituição que frequenta, a José Lins do Rego. “Com a reorganização, ia dificultar ainda mais. Sem a reorganização, já tem uma lista de espera [para novas matrículas], imagina fechando essas escolas”, disse ela.
Para Luana, a pauta inicial do movimento, a reorganização escolar, foi ampliada. Os alunos reivindicam, agora, melhoria no ensino e redução do número de alunos em sala de aula. Além disso, Luana espera conseguir aumentar o diálogo com a direção da unidade onde estuda, a Fernão Dias. “É uma escola muito rígida, é quase uma ditadura entre as paredes da escola. Nós não tínhamos voz para fazer alguma mudança, éramos reprimidos”, afirmou.

Edição: Nádia Franco
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https://vimeo.com/147965063

A REVOLTA DOS PINGUINS - Doc de Carlos Pronzato sobre o movimento estudantil chileno

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(...)Da revolta dos pingüins ao inverno de 2011

A revolta dos pinguins em 2006 começou com módicas reivindicações para usar o passe estudantil nos 365 dias do ano sem restrição de horário, ampliação da merenda escolar, reformas nas instalações das escolas e gratuidade do exame para ingresso na Universidade. Mas logo, com o dinamisno da organização juvenil, das greves, das ocupações e das assembléias democráticas o movimento foi ganhando a dimensão política para a mudança do modelo educacional com o a reivindicação da revogação da LOCE (Lei Orgânica Constitucional de Ensino). A força da mobilização secundarista sacudiu o primeiro ano do governo de Michelle Blachelet, derrubou o ministro da educação e apesar de também ter sido reprimida garantiu a questão do passe estudantil, as promessas de mudança da LOCE e a constituição de um Conselho Assessor Presidencial composto majoritariamente por governo e empresários da educação. O movimento foi traído, mas plantou as sementes para a grande mobilização de 2011. Forjou uma geração de ex-secundaristas formado nas práticas do movimento estudantil de luta que agora estão nas Universidades ou são jovens trabalhadores, criou uma expectativa de vitória contra o lucro na educação que agora está mais forte, começou a pautar a desmunicipalização para garantir que as escolas sejam vinculadas ao Estado e forjou um exemplo de luta para os novos secundaristas.
Além disso, as consignas democráticas que pipocam em várias partes do mundo associado ao apoio dos mineiros permite que se postule um programa mais profundo de mudança para o Chile.
Em 2011, o estopim foi novamente os secundaristas que começaram as ocupações das escolas contra as retiradas dos passes estudantis, uma conquista do pinguinazo de 2006, e incluíram na pauta a educação estatal e gratuita e o passe livre para todos os estudantes no programa. Chegaram a ser 700 colégios ocupados no Chile. Agora, mesmo depois de 2 meses de ocupação e das ameaças do governo de suspender o ano letivo, se estima que permaneçam 400 colégios sob o controle dos estudantes. Paralelo ao processo deles, o CONFECH (Confederação dos estudantes do Chile, que reúne os 24 federações de estudantes de universidade públicas) fez uma carta de reivindicações: mais vagas, mais crédito solidariedade (conquista de 2006 que também estava sendo atacada), mais financiamento nas universidades públicas. No transcurso das mobilizações as reivindicações foram indo a esquerda no sentido de defender a educação pública para todos e o fim do lucro da educação.
Outra diferença do pinguinazo (2006) para 2011 é o apoio dos trabalhadores através do colégio de professores e, sobretudo, os mineiros da CODELCO que no dia 11 de julho fizeram a maior paralisação em 20 anos, depois que o governo apresentou um projeto de privatização branca da estatal. Os trabalhadores também apóiam e participam desta luta na figura da família: pais e mães apoiando a luta dos seus filhos. Com a consigna de educação pública subsidiada com a verba do cobre nacionalizado agitada pelo movimento estudantil a unidade esta se gestando.


*para ler mais acessar:
http://juntos.org.br/2011/08/da-revolta-dos-pinguins-ao-inverno-quente-de-2011/

Inspirado no Chile, manual orientou ocupação de escolas por alunos em SP
*para ler na íntegra, acessar:
http://ihu.unisinos.br/noticias/549479-inspirado-no-chile-manual-orientou-ocupacao-de-escolas-por-alunos-em-sp






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