sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Porque é que não chove na Guiné-Bissau como antigamente?

https://pt.globalvoices.org/2015/12/05/porque-que-nao-chove-na-guine-bissau-como-antigamente/

 

Porque é que não chove na Guiné-Bissau como antigamente?

"Zé wants to know why"
“O Zé quer saber porquê”, curta-metragem por Bagabaga Studios
A falta de chuva e a subida do nível do mar está a ameaçar a fertilidade dos solos e a subsistência da população na Guiné-Bissau, mostra um filme recentemente lançado pela produtora Bagabaga.
Em finais de Agosto, uma pequena comunidade de 435 habitantes, situada numa zona remota da costa norte da Guiné-Bissau chamada Elalab, viu grande parte das suas culturas de arroz destruídas pela água do mar. “Para os Felupes – habitantes de Elalab – o arroz representa riqueza e autonomia”, explica a sinopse do filme.
Uma reportagem publicada no site O Democrata acrescenta que “a inundação foi provocada pela corrente das águas que partiu os diques de proteção que impediam a entrada de água salgada para as zonas de água doce, onde era cultivado o produto base da dieta alimentar dos guineenses e que já estava crescido.”
A Bagabaga, produtora de conteúdos multimédia, visitou a região e conversou com Zé, um dos residentes da aldeia de Elalab que apesar de nunca ter “ouvido falar do aquecimento global consegue facilmente identificar as alterações climáticas e como isso está a afectar o seu dia-a-dia.” A pesca e a produção de arroz é o seu principal meio de subsistência e “não percebe a razão destas mudanças.” Zé pergunta:
Quando éramos mais novos, o calor chegava apenas na época seca. Agora está tudo mudado. Os campos de arroz estão salgados. O peixe já não tem o mesmo tamanho. Mesmo a árvore de acaju, que abençoava todos com a sua sombra, morreu. No tempo dos nossos pais a água do mar não chegava perto da aldeia. Depois de arar a terra, todo o arroz estava morto. Está tudo arruinado, tudo. É assim que a vida está a transformar-se. É deste modo que lutamos pela sobrevivência. Este é o castigo que enfrentamos por cá, nas nossas casas. Em Agosto, o nível do mar atingiu o seu ponto mas alto da história. Esta é uma das aldeias da Guiné-Bissau em vias de extinção. As pessoas questionam-se: Porque chovia tanto antigamente e agora não?
*PARA VER O CURTA METRAGEM ACESSAR UM DOS LINKS A SEGUIR:
https://vimeo.com/147454300

https://pt.globalvoices.org/2015/12/05/porque-que-nao-chove-na-guine-bissau-como-antigamente/
A curta-metragem foi lançada na mesma semana da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP21), onde os líderes de 195 países se reúnem – durante 12 dias – para chegarem a um acordo na redução da emissão dos gases de carbono para a atmosfera.
O presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, dirigiu-se à cúpula apelando que “a sua pequena nação, do oeste Africano, «é um dos países mais vulneráveis à subida do nível dos mares.” Um mapa referente ao impacto das alterações climáticas elaborado pelo Centro de Desenvolvimento Global coloca a Guiné-Bissau em terceiro, no ranking de países mais vulneráveis à subida do nível do mar e oitavo em relação à perda de produtividade agrícola. Esta listagem “cobre todos os países do mundo (233) mais jurisdições políticas.”
“Por toda a África, o impacto das alterações climáticas repercute-se nas populações”, um artigo publicado em Agosto (28), pela organização parceira do Global Voices, 350.org, refere que “este facto, demonstra que a mudança da temperatura afecta a saúde, os meios de subsistência, produção alimentar, disponibilidade de água potável e, em geral, a segurança do povo africano.”

Leia mais em: 8 Ways Climate Change Is Already Affecting Africa.

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