domingo, 31 de janeiro de 2010

(VÍDEO) Primera plana - Billy Wilder (THE FRONT PAGE)

Escena de la genial película de Billy Wilder en la que destroza a la clase periodística norteamericana. Divertida conversación a tres bandas entre el convicto Earl, el sheriff Hartman y el médico alemán Eggelhofer

Salinger e a invenção da adolescência

Postado por Luciano Trigo em 28 de janeiro de 2010 às 16:36
O apanhador no campo de centeio’ influenciou rebeldia de várias gerações
capaSalingerTalvez seja difícil para os adolescentes de hoje imaginar o grau da influência exercida pelo romance O apanhador no campo de centeio (The catcher in the rye) sobre o imaginário de mais de uma geração de leitores, desde a públicação do romance, em 1951. Mais de quatro décadas da mais absoluta reclusão do escritor, que fugia da imprensa e da fama como da peste, não impediram que o livro se transformasse num verdadeiro objeto de culto, nem que seu protagonista, Holden Caulfield, servisse de espelho e inspiração para milhões de adolescentes em todo o mundo. Num sentido profundo, Salinger inventou a idéia de adolescência que vigorou da segunda metade do século 20.
Com Salinger, que morreu ontem aos 91 anos, talvez desapareça também um protótipo de adolescente, alienado mas autêntico, rebelde mas carente, desajustado mas buscando secretamente a aceitação, em suma, vivendo todos os conflitos típicos dos anos de formação – e, também, as frutrações do início da vida adulta – de uma classe média que também mudou muito.
O enredo do livro é aparentemente banal: narra, em primeira pessoa, alguns dias na vida de Holden, 16 anos, expulso da escola pela terceira vez às vésperas do Natal, e as encrencas em que ele se mete. Jovem sensível, incomodado com a falsidade dos adultos, Holden não tem nada de especial, nem seus encontos e conversas com um professor, uma antiga namorada ou sua irmã caçula, Phoepe, têm qualquer coisa de particularmente notável. Talvez por isso mesmo o livro tenha encantado tantos jovens leitores, pela despretensão e pela falta absoluta de mensagens edificantes. Crônica sem retoques de tudo que constuma passar pela cabeça de de um adolescente comum, O apanhador no campo de centeio mostrou para uma sociedade de adultos alheios o que é ser jovem – e confrontou essa sociedade com sua própria hipocrisia.
Nascido em 1919, Salinger publicou um único romance e 36 contos, os melhores deles reunidos em três volumes – Franny e Zooey (reunindo duas novelas publicadas pela revista The New Yorker em 1955 e 1957), Nove Estórias e Pra cima com a viga, moçada/Seymor, uma introdução (também traduzido como Carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira), todos escritos entre 1940 e 1965. Sozinho, O apanhador no campo de centeio vendeu mais de 60 milhões de exemplares no mundo inteiro. No Brasil, o romance foi lançado pela Editora do Autor, numa excelente tradução de Jorio Dauster, Alvaro Alencar e Antonio Rocha.
Trecho de O apanhador no campo de centeio:
“Nem parecia que tinha nevado, as calçadas já estavam quase limpas. Mas fazia um frio de rachar e tratei de tirar do bolso meu chapéu vermelho e botei na cabeça – estava pouco ligando para minha aparência. Cheguei até a baixar os protetores de orelha. Bem que gostaria de saber qual o safado que tinha roubado minhas luvas no Pencey, porque minhas mãos estavam geladas. Não que eu fosse fazer muita coisa se soubesse. Sou um desses sujeitos covardes pra chuchu. Procuro não demonstrar, mas sou.
Por exemplo, se tivesse descoberto quem roubou minhas luvas no Pencey, provavelmente teria ido até o quarto do vigarista e diria: “Muito bem. Que tal ir me passando as luvas?”. Aí, o vigarista que as tinha roubado provavelmente responderia, com a voz mais inocente do mundo: “Que luvas?”. Aí eu provavelmente ia até o armário dele e encontrava as luvas num canto qualquer, escondida na porcaria das galochas ou coisa que o valha. Apanhava as luvas, mostrava a ele e perguntava: “Quer dizer que essas luvas são tuas, não é?”. Aí o filho da mãe provavelmente olharia para mim, com a maior cara de anjinho, e diria: “Nunca vi essas luvas em toda a minha vida. Se são tuas, pode levar. Não quero mesmo essa droga pra nada”.
Aí eu provavelmente teria ficado uns cinco minutos de pé, no mesmo lugar, com as luvas na mão e tudo. Ia me sentir na obrigação de dar um soco no queixo do sujeito, quebrar a cara dele. Só que não iria ter coragem de fazer nada. Ia só ficar ali, de pé, tentando fazer cara de mau. Talvez dissesse alguma coisa bem cortante e sarcástica, para aporrinhar o sujeito – em vez de lhe dar um soco no queixo. Seja lá como for, se eu dissesse alguma coisa bem cortante e sarcástica, ele provavelmente se levantaria, chegaria mais perto de mim e perguntaria: “Escuta, Caulfield. Você tá me chamando de ladrão?”. Aí, em vez de dizer que era isso mesmo, que ele era um filho da mãe dum ladrão, eu provavelmente só teria dito: “Só sei que a droga das minhas luvas estavam na droga das tuas galochas”. A essa altura o sujeito já saberia com certeza que eu não ia mesmo dar um soco nele e diria: “Olha, vamos deixar esse negócio bem claro. Você tá me chamando de ladrão?”. Eu então provavelmente responderia: “Ninguém está chamando ninguém de ladrão. Só sei que as minhas luvas estavam na porcaria das tuas galochas”. O negócio podia continuar assim durante horas.
Finalmente eu iria embora sem ter dado um sopapo nele. Provavelmente ia para o banheiro, acendia um cigarro e ficava me olhando no espelho, fazendo cara de valente. De qualquer maneira, era nisso que eu estava pensando enquanto voltava para o hotel. Não é nada engraçado ser covarde. Talvez eu não seja totalmente covarde. Sei lá. Acho que talvez eu seja apenas em parte covarde, e em parte o tipo de sujeito que está pouco ligando se perder as luvas. Um de meus problemas é que nunca me importo muito quando perco alguma coisa – quando eu era pequeno minha mãe ficava danada comigo por causa disso. Tem gente que passa dias procurando alguma coisa que perdeu. Eu acho que nunca tive nada que me importaria muito de perder. Talvez por isso eu seja em parte covarde.
Mas isso não é desculpa. Sei que não é. O negócio é não ser nem um pouquinho covarde. Se é hora de dar um soco na cara de alguém, e dá vontade mesmo de fazer isso, a gente não devia nem conversar. Mas não consigo ser assim. Eu preferia empurrar um sujeito pela janela, ou cortar a cabeça dele com um machado, do que dar um soco no queixo dele. Odeio briga de soco. Não que me importe muito de apanhar – embora, naturalmente, não seja fanático por pancada – mas o que me apavora mais na briga é a cara do outro sujeito. Não consigo ficar olhando a cara do outro sujeito, esse é que é o meu problema. Não seria tão ruim se a gente estivesse com os olhos vendados, ou coisa que o valha. Pensando bem, é um tipo gozado de covardia, mas não deixa de ser covardia. E eu não procuro me iludir.”

FONTE : http://colunas.g1.com.br/maquinadeescrever

A MISSÃO DE "MÃES DA SÉ"

Nós somos a Associação Brasileira de Busca e Defesa a Crianças Desaparecidas (ABCD), uma entidade sem fins lucrativos, que congrega familiares e amigos de pessoas desaparecidas.

Popularmente conhecida como Mães da Sé, a ABCD tem como principal objetivo atuar em cooperação com as autoridades do país, auxiliando na busca de pessoas desaparecidas.

Nosso trabalho está focado no apoio às famílias, na sua luta na procura de seus entes desaparecidos.

Nossa força vem da esperança em que essas pessoas possam ser reencontradas, dando a essas histórias o fim que todos desejam.

Conheça mais o que fazemos, e ajude-nos nessa causa.

O que fazemos

Colaboramos para a elucidação de casos de desaparecimento de pessoas, fiscalizando e apoiando a atuação das autoridades governamentais competentes

Mantemos intercâmbio com os mais de 2 mil conselhos tutelares do país na busca de informações oriundas em outros estados da Federação

Atuamos em parceria com agências de investigação particulares visando a obtenção de informações sobre desaparecidos

Oferecemos apoio e orientação jurídica aos nossos associados

Oferecemos apoio psicológico e assistência social às famílias de desaparecidos, inclusive para os casos já resolvidos

Contato
Para contactar-nos você pode nos procurar pelos seguintes meios de comunicação:
Telefone: (11) 3337-3331
Endereço: Rua São Bento, 370 - 9º andar conjunto 91 sala 02.-São Paulo


SAIBA MAIS EM : http://www.maesdase.org.br/

MetaReciclagem - PPT

Alfabetização Ecológica - Educação para uma vida sustentável / Fritjof Capra e outros



Segundo os pensadores e educadores que escreveram este livro revolucionário, reorientar o modo como os seres humanos vivem e educar as crianças para que atinjam seus potenciais mais elevados são tarefas com aspectos bem semelhantes. Ambas têm de ser vistas e abordadas no contexto dos sistemas: familiar, geográfico ecológico e político. Nosso empenho para criar comunidades sustentáveis será em vão caso as futuras gerações não aprendam a estabelecer uma parceria com os sistemas naturais, em benefício de ambas as partes. Em outras palavras, elas terão que ser “ecologicamente alfabetizadas”.
O conceito de “alfabetização ecológica”, inspirado nas teorias de Fritjof Capra e de outros líderes do Centro de Eco-Alfabetização, localizado em Berkeley, na Califórnia, vai além de educação ambiental como disciplina escolar. Ele visa, como escreveu David W. Orr em seu Prólogo, “uma transformação mais profunda no conteúdo, no processo e no alcance da educação em todos os níveis”.

Os artigos e ensaios reunidos neste livro – primeira publicação oficial em língua portuguesa do Centro de Eco-Alfabetização – revelam o trabalho notável que está sendo realizado pela vasta rede de parcerias desse Centro. Numa escola de nível médio, por exemplo, Alice Waters, um ícone no mundo da culinária, criou um programa que não apenas oferece aos estudantes saudáveis, mas também os ensina a cultivar uma horta – e nela estudar os ciclos da vida e os fluxos de energia – como parte do currículo.

Entre os projetos estudantis apoiados pelo Centro de Eco-Alfabetização e descritos neste livro estão a recuperação e exploração de baias hidrográficas, parcerias entre fazendas e escolas, e programas de educação ecológica voltados para a justiça ambiental.

Com contribuições de renomados escritores e educadores, como Fritjof Capra, Wendell Berry e Michael Ableman, Alfabetização Ecológica reúne teoria e prática com base no que existe de mais avançado em termos de pensamento sistêmico, ecologia e educação. Pais e educadores de todas as partes do mundo interessados no desenvolvimento de novas formas de ensino e na ampliação dos conhecimentos ecológicos das crianças vão encontrar neste livro uma fonte inestimável de idéias.

Sobre o autor:

Fritjof Capra
, físico e teórico de sistemas, é um dos diretores-fundadores do Centro de Eco-Alfabetização de Berkeley, Califórnia, que promove a divulgação do pensamento ecológico e sistêmico nas redes de educação primária e secundária.

Ele faz parte do corpo docente do Schumacher College, centro internacional de estudos ecológicos localizado na Inglaterra, e dá freqüentes seminários de administração para executivos de primeiro escalão. Capra é autor de diversos best-sellers internacionais, como O Tao da Física, O Ponto de Mutação, A Teia da Vida e As Conexões Ocultas, publicados pela Editora Cultrix.
SERVIÇO:

Alfabetização EcológicaA Educação das Crianças para um Mundo Sustentável
Fritjof Capra e outros
312 pgs - 16 x 23 cm - R$ 45,00Assunto: Educação/ Ecologia

http://www.amigosdolivro.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=4318

ZENAIDE SILVA - FOI ENTREVISTADA POR ANTONIO ABUJAMRA,NO DIA 29/01/10 ,NO "PROVOCAÇÕES" DA TV CULTURA

Programa número 448

Zenaide Silva, negra, ex-favelada, atriz e ex-apresentadora da Rede Globo, graduada em Artes Cênicas numa Universidade americana, vem ao Provocações e revela: quer disseminar no Brasil o que aprendeu num curso de Afrocentricidade, numa outra Universidade americana: aprendeu, por exemplo, que Ísis, a deusa suprema dos antigos egípcios, era negra. Mais ainda, era uma divindade da vizinha Etiópia, onde se registram os primeiros vestígios da vida humana. Zenaide aborda a cultura grega como algo “roubado” aos egípcios (e, portanto, aos etíopes e à raça negra) e adaptado às necessidades brancas.

Desconstrói palavras (como História, Filosofia, etc.), que teriam sido criadas para relatar os fatos e os pensamentos de uma sociedade paternalista, em prejuízo de sua origem na “grande mãe”, Ísis, africana.

Atualmente envolvida com projetos educacionais de formação contínua de professores, Zenaide espera ter a oportunidade de atuar no Brasil em centros comunitários na periferia para introduzir os conhecimentos de afrocentricidade que traz dos Estados Unidos.
Saiba mais curiosidades dessa negra espetacular assistindo o próximo Provocações.

FONTE : http://www2.tvcultura.com.br/provocacoes/arquivo.asp

*ver:  http://sarauxyz.blogspot.com.br/2016/02/legado-roubado-george-g-m-james.html



Zenaide Silva quer introduzir conhecimentos de afrocentricidade

Bloco 1

https://www.youtube.com/watch?v=VPoAfUN0Gk0

Bloco 2
https://www.youtube.com/watch?v=PbzM9ldQfjs

 Bloco 3
https://www.youtube.com/watch?v=_Eb1mCBL30E
 

O BLOG DAS PERGUNTAS !

Não foi por acaso que Nadia chamou o Sarau como o blog das perguntas !



"Muitas vezes, a melhor resposta para uma pergunta, é uma outra pergunta"



"Não sinta vergonha por não ter as respostas, envergonhe-se, por não ter as perguntas"



"Não tenho resposta pra nada, nem pr'aquilo que já sei"



"O mérito de uma descoberta, não está na exatidão da resposta, mas sim, na elaboração

da pergunta"



"Preocupe-se mais com a pergunta, a resposta, é apenas um detalhe"

Marcelo Roque

FRASE - HOMEM

"Com exceção do homem, ninguém se maravilha com a própria existência."


Arthur Schopenhauer, filósofo alemão, 1788-1860

Carmen Miranda - Taí (COMPOSITOR ?)

Taí, eu fiz tudo p'rá você gostar de mim

Oh! meu bem, não faz assim comigo não! (est.)

Você tem, você tem que me dar seu coração!



Meu amor não posso esquecer

Se dá alegria faz também sofrer

A minha vida foi sempre assim

Só chorando as mágoas que não têm fim



Essa história de gostar de alguém

já é mania que as pessoas têm

Se me ajudasse Nosso Senhor

eu não pensaria mais no amor

Video - A Busca - Poesia de Marcelo Roque

Vivia eu a procurar por ti
e no então silêncio de meu amor,
imaginar as distâncias que nos separavam
E foram muitas as casas que conheci,
e por onde dias, talvez anos, vaguei,
simplesmente,
em busca de algo que me lembrasse teus olhos
Fortalezas construi
onde protegia com a própria vida
quaisquer vestígios que entendia como teus
E quando perdido em ruas estranhas, ou,
consumido pelo cansaço dos desencontros,
eis que n'algum horizonte, levantava-se tua voz,
recitando-me versos,
que eu haveria de te escrever um dia
E assim, muitos séculos atravessei,
cavando esperanças em cada tempo,
repetindo teu nome sem ao menos sabê-lo,
e buscando-te ainda mais,
quando menos te buscava
E quando teu corpo, em carne,
finalmente postou-se a minha frente,
decretando o que seria o fim, de tão incansável procura;
foi então que pude olhar em teus olhos, e perceber,
que em meio a tantos mares,
montanhas e terras distantes;
era em meu peito que moravas, todo o tempo;
adormecida,
vivendo, pacientemente à espera,
do próprio beijo teu ...

VaniaGondim

Vai e vem

Você nunca decide
vive no vai e vem
parece vinil arranhado
que no melhor da música
não deixa ouvir a canção

Meu amor,
você diz que ainda me quer
que nunca vai me esquecer
vai ficar velho ao meu lado
mas você vai e vem

Meu amor,
você nunca resolve
não sabe o que quer
sei que amor não acaba assim
você confirma com seu vai e vem

Eu quero lhe dizer
sim, é preciso decidir
não posso mais esperar
esse seu vai e vem

Se pretendentes desejam
dançar comigo um bolero
meu pezinho fica um leque
e você só vai e não vem?

VaniaGondim

CIÊNCIA E COMUNICAÇÃO, MAIS UNIDOS DO QUE NUNCA; GLÓRIA KREINZ


PARA ROLAND BARTHES, PORQUE NÃO EXISTE O GRAU ZERO DA ESCRITURA

Ciência e comunicação andam lado a lado e de mãos dadas, faz muito tempo...Gertrudre Stein é um dos melhores exemplos deste maravilhoso casamento, que adoro celebrar. Segundo o artigo que diz que “a primeira publicação de Stein aconteceu em 1898, na Psychological Review” e que o artigo resumia uma pesquisa sua, realizada no Laboratório de Psicologia de William James, em Harvard, onde Stein explorava a escrita automática, afirmando ainda que as experiências nesta área geraram páginas e páginas de frases inescrutáveis” e todo este material mostrou a subordinação a uma regra de padrão sintático, o que mais queremos? Nos libertar, é lógico.
Depois,dar vivas a Psicologia, como fez um lingüista chamado Noam Chomsky, quando anunciou que Stein tinha razão: as nossas palavras estão presas a uma gramática invisível que está incrustada no cérebro. Este lingüista é o pai da chamada gramática gerativa , que nos dá forma de nos libertar da sintaxe. Estuda a forma particular que cada autor faz da língua em uma situação particular de comunicação. Então tudo depende da performance de indivíduos que falam uma língua, isto é, a sua competência lingüística, ou de como a utilizam. Somos livres para usarmos a língua como quisermos...Livres, e livres...
Quando Roland Barthes diz que a língua é fascista, está alertando para o uso que fazemos dela...Se usamos como instrumento de poder, e decretamos que todo mundo tem que usar como achamos certo, então é fascismo...Permito aos meus alunos, amigos, e a quem conheço e leio que escrevam como queiram...Jean Baudrillard era um dos escritores que mais criou palavras desconhecidas...Mário e Oswald de Andrade desde a Semana de Arte Moderna lutaram por isso no Brasil...Eu me permito erros...Cometo desvios culturais, sejam psicológicos ou gramaticais...Só éticos tento não cometer...Mas sou humana...Agora, a língua não me pega...Contra o fascismo da linguagem, e jogos elitistas de poder...A cientista Gertrude Stein tinha razão...Ciência e Comunicação, aqui estamos nós...Mais unidos do que nunca...E para terminar, ciência, só se justifica, quando usada para afirmar a dignidade.Assim como a comunicação...

sábado, 30 de janeiro de 2010

ColeçãO DivulgaçãO CientíFica - NJR - ECA/USP

MST (Origen, Educación e Identidad - Romina Soledad Bada)

Arte De Xul Solar (Romina Soledad Bada)

Europa Encerrada - (AMIGA REGINA ENVIA)



Nadia, veja essas fotos, essas acusaçoes, a grandeza épica dessa série de fotos.

REGINA

A ciência da cognição, segundo Dascal (ABRIL DE 2003 ) JORNAL DA UNICAMP

Filósofo, que participará de colóquio na Unicamp,
avalia papel da ciência cognitiva e as mudanças causadas pela cultura digital



Dascal: "Sacrificamos algumas de nossas capacidades 
cognitivas" Chegou o momento de atuarmos como mestres e não como servos, e de fazer com que os computadores se comuniquem conosco em nossa língua”. A frase, do filósofo Marcelo Dascal, professor das universidades de Leipizig e de Tel-Aviv, é uma amostra dos temas que serão tratados no VII Colóquio Internacional Michel Debrun: Novas Tendências das Ciências Cognitivas no Século XXI, evento que reunirá entre outros nomes na Unicamp (dias 22 e 23, no auditório do IFCH) e na Unesp de Marília (dia 24), além de Dascal, os professores Scott Kelso (Universidade Atlântica da Flórida), um dos maiores especialistas mundiais em auto-organização, e Pim Haselager, da Universidade de Nijmegen (Holanda), estudioso da inteligência artificial.
Na entrevista que segue, formulada pelo professor Michael B. Wrigley (leia texto nesta página) e pelo estudante José Cláudio R. Silva*, Dascal –ex-professor da Unicamp e conhecido mundialmente por seus estudos nas áreas de filosofia da linguagem e da teoria da controvérsia – destaca o caráter plural das ciências cognitivas, cuja principal tarefa , segundo ele, seria “criar modelos rigorosos da complexidade das atividades mentais humanas”. Ao ser indagado sobre as mudanças provocadas pelo surgimento da Internet, Dascal avalia que a revolução causada pelo advento da nova mídia exigirá uma reflexão sobre o novo modo de vida e conseqüente visão de mundo. “Ocorre hoje algo semelhante ao que ocorreu no século 17 com a revolução científica que provocou uma revolução filosófica correspondente, que Kant não hesitou em chamar de Revolução Copernicana”, comparou. “Temos que refazer a antropologia filosófica de Kant”.
*Colaborou Álvaro Kassab
JU – Como o senhor definiria a ciência cognitiva e como sua pesquisa se encaixa dentro desta ciência?
Dascal –
É melhor usar o plural, “ciências cognitivas”, pois tem a vantagem de indicar algo essencial: o caráter não unitário mas plural desta nova configuração do saber. Plural em vários sentidos: por ser uma “disciplina” interdisciplinar ou “federativa”; por ser uma disciplina indisciplinada, em que novas idéias, por mais heterodoxas que sejam, não são reprimidas ou suprimidas simplesmente por se oporem a algum “paradigma dominante”; e por ser uma disciplina cujo próprio nome não impõe sua semântica de forma absoluta e exclusiva. Tenho em mente o fato de que, semanticamente, o termo “cognição” se opõe a um termo como “emoção”, por exemplo.
JU – O senhor poderia explicar?
Dascal –
Ora, as emoções têm sido, especialmente nos últimos anos, objeto de estudos intensivos por parte dos “cientistas cognitivos”. Pense-se, por exemplo, no livro (já não tão recente) de Antonio Damasio, O Erro de Descartes e em seus trabalhos mais recentes em que procura mostrar que não se pode separar cognição de emoção. Ou pense-se no número especial (2001) da revista que dirijo, Pragmatics & Cognition, dedicado inteiramente à questão da “localização” das emoções no corpo, segundo diferentes línguas e culturas.
Essa pluralidade não significa, porém, bagunça generalizada. As ciências cognitivas têm por tarefa fundamental, justamente, criar modelos rigorosos da complexidade das atividades mentais humanas (e animais), fazendo uso do input variado e rico oferecido pelas disciplinas que as constituíram historicamente (filosofia, linguística, psicologia, informática, neurociência) e das que se vão unindo a essa federação, com o passar do tempo, como a antropologia, a sociologia da ciência, e outros.
Sendo eu mesmo um sujeito interdisciplinar, situo-me muito bem dentro de uma disciplina plural e aberta como são (ou devem ser) as ciências cognitivas. Especificamente, estou interessado principalmente na relação (íntima, a meu ver) entre nosso comportamento semiótico (do qual o principal, mas não único exemplo é o uso das linguagens naturais) e os processos mentais (não só “cognitivos”). Esse é também o fulcro da revista que fundei e dirijo.

JU – A ciência cognitiva é vista como um exemplo paradigmático de interdisciplinaridade. Como o senhor vê a inserção da filosofia e da história da filosofia dentro desta nova área da ciência?
Dascal –
Essa inserção é absolutamente fundamental. Sem ela as ciências cognitivas são – para usar uma expressão de Platão – como um barco navegando sem timoneiro. Deixando de lado a arrogância de Platão, que pretendia atribuir ao filósofo o papel de guia supremo, podemos adotar a visão mais modesta de Habermas, que atribui à filosofia justamente a tarefa de ocupar-se dos interstícios entre as diferentes ciências, dos quais nenhuma delas se ocupa, até que se constitua a ciência que tome efetivamente esses interstícios como tema central. Seja como for, é ao filósofo que cabe, na federação cognitiva, servir de ponte entre as matrizes disciplinares rígidas, mostrando a um e a outro as relações ocultas entre elas, as eventuais contradições entre elas, e os meios de estabelecer um verdadeiro diálogo.
A história da filosofia ou das idéias é particularmente importante, pois muitas vezes ao ler textos de cientistas cognitivos e mesmo de filósofos da mente ou da linguagem contemporâneos, tem-se a clara impressão de que estão “inventando a roda” e, ao fazê-lo, ignoram as objeções já feitas no passado a suas invenções, e os refinamentos, também já feitos no passado, introduzidos para superar essas objeções. O passado das idéias filosóficas e outras não é um museu, mas sim um repositório ativo e riquíssimo, que – como fazemos com os computadores – só foi usado por nós em uns 10%. O resto está lá, esperando a oportunidade para ser resgatado da escuridão e usado hoje, aqui, e agora!

JU - A Internet mudou significativamente a vida das pessoas. Será que o surgimento dessa nova mídia tem conseqüências importantes para a filosofia?
Dascal –
Absolutamente sim. Em primeiro lugar permite acesso a uma multiplicidade de informações filosóficas, incluindo textos clássicos, que de outra forma ficaria inacessível, sobretudo em países relativamente periféricos (desculpe dizer a verdade triste) como o Brasil. Em segundo lugar, permite a formação de equipes de pesquisa internacionais, trabalhando em cooperação e complementarmente em lugares distantes. E finalmente o mais importante: a nova cultura, simbolizada pela Internet, que poderíamos chamar cybercultura ou cultura digital, produziu na verdade uma revolução que exige uma reflexão ontológica, ética e epistemológica sobre o nosso novo modo de vida e de mundo.

JU – O senhor poderia exemplificar?
Dascal –
Ocorre hoje algo semelhante ao que ocorreu no século XVII com a revolução científica que provocou uma revolução filosófica correspondente, que Kant não hesitou em chamar de Revolução Copernicana. O mesmo Kant inventou o conceito de antropologia filosófica, para responder às perguntas fundamentais sobre o homem, o que é, o que pode saber, o que deve fazer, e o que pode esperar – perguntas que a revolução científica levantava sob nova luz e permitia responder sob as novas condições. Agora, à luz das condições atuais, e sobretudo da revolução digital, temos que refazer a antropologia filosófica de Kant, que nos serviu de fundamento até hoje. A meu ver ao invés de simplesmente falar em pós-modernidade, cuja essência é uma crítica à modernidade, devemos passar do estágio crítico (JUstificado) ao estágio de construção desta nova antropologia filosófica – tarefa fundamental da filosofia atual, a meu ver.

JU – Como o senhor analisaria a produção filosófica brasileira dentro do contexto internacional?
Dascal –
Não tenho acompanhado com suficiente profundidade a produção filosófica brasileira nos últimos anos para poder dizer. Quero somente dizer que não há produção filosófica séria a não ser se ela se insere no contexto internacional, discutindo com as demais produções filosóficas no mundo, e propondo alternativas às teorias e abordagens vigentes. Há quase 20 anos fundamos em Campinas a revista Manuscrito, que dirigi durante boa parte desse tempo, e que agora é dirigida pelo professor Michael Wrigley. Esta revista se constituiu desde o início em revista internacional de filosofia, e publicou (e publica) artigos em 4 línguas (português, espanhol, francês, inglês). Tornou-se um fórum para a projeção internacional do pensamento filosófico brasileiro e, em parte para nossa surpresa no início, atraiu contribuições de todo o mundo. Acho que teve bastante influência no Brasil e não só no Brasil. Trata-se de um modelo que, a meu ver, deve ser incentivado, e que garantira a inserção automática do pensamento brasileiro no mundo, de modo que daqui a alguns anos sua pergunta nem merecerá ser perguntada.

JU – Como o senhor discute a atitude dos filósofos brasileiros frente às ciências cognitivas?
Dascal –
Isso poderei responder melhor depois do Colóquio Michel Debrun em Campinas. Posso dizer pelo menos que a atitude de quem foi meu antigo mestre na rua Maria Antonia, o professor Michel Debrun, foi sempre de um interesse muito profundo pelas ciências cognitivas, e graças a isso também chegou a fazer contribuições de importância.

JU – Quais as tendências das ciências cognitivas que o senhor vê como mais promissoras no século 21?
Dascal –
Acho que parte de minha resposta transparece nas respostas anteriores. Pessoalmente, acho que uma das linhas de pesquisa mais importantes é a relativa a um estudo mais aprofundado da contribuição das linguagens naturais à cognição, e de seu uso em “tecnologias cognitivas”, como recurso cognitivo de fundamental importância. Falarei sobre isto no Colóquio. Posso antecipar simplesmente o seguinte: até agora, os seres humanos que somos, usuários dos computadores, tivemos que deixar de lado nosso meio de comunicação e pensamento principal – a linguagem natural – e submeter-nos às limitações comunicativas de nossos novos partners – os computadores e similares. Com isso sacrificamos de forma significativa algumas de nossas capacidades cognitivas fundamentais.

JU – O que pode ser feito para reverter esse quadro?
Dascal –
Chegou o momento de atuarmos como mestres e não como servos, e de fazer com que os computadores se comuniquem conosco em nossa língua, não na deles. E pouco a pouco a possibilidade de realizar isso começa a não parecer já tão utópica. Para isso –voltando ao tema da interdisciplinaridade – é preciso uma cooperação estreita entre informáticos, lingüistas e filósofos da linguagem e da mente, verdadeiramente interdisciplinar. Mas, como disse, falarei mais sobre isso em minha palestra no colóquio.



A Ciência Cognitiva no século 21
Michael B. Wrigley
O VII Colóquio Internacional Michel Debrun: Novas Tendências das Ciências Cognitivas no Século 21, que a Unicamp sedia nos dias 22 e 23 de abril, pretende fornecer um panorama das novas tendências na ciência cognitiva. A ciência cognitiva tenta fornecer uma resposta à pergunta: “como funciona a mente (humana e animal)?”, por meio da postulação de estruturas internas. A ciência cognitiva “clássica” trabalhou com o pressuposto de que estas estruturas são de natureza computacional e representacional. O modelo correto para entender como a mente funciona, tal como cognição, ação, memória, linguagem etc., é pensar em termos de um nível (em geral implícito e não consciente) de manipulação computacional de representações. Numa frase, a mente é um computador.

Este modelo “clássico” não é mais hegemônico na ciência cognitiva. Muitos de seus aspectos vêm sendo questionados. Trata-se não necessariamente de uma rejeição total, mas de um reconhecimento dos limites da sua aplicabilidade, e a necessidade de novas abordagens e novos modelos. Uma dessas novas abordagens é a chamada “cognição incorporada e situada” que toma como ponto de partida o fato de que a cognição é um processo de um organismo que tem um corpo, que por sua vez é um objeto físico num determinado contexto no ambiente. Segundo esta abordagem, o papel de processos computacionais-representacionais na atividade cognitiva é bastante limitado, e é possível explicar muitos aspectos de comportamento inteligente sem postular tais processos internos. Pim Haselager, da Universidade de Nijmegen, Holanda, que vai participar do evento, é um pesquisador internacionalmente reconhecido, que atualmente trabalha com esta abordagem de cognição incorporada e situada.

J. A. Scott Kelso, da Florida Atlantic University, é um dos pioneiros dos estudos de auto-organização. A sua pesquisa trata do funcionamento do cérebro e de movimento. É uma das áreas mais recentes e promissoras da ciência cognitiva. Há grupos no Brasil estudando auto-organização, mas às vezes entendem este conceito de uma maneira um pouco metafórica ou até mística. Kelso deixa muito claro nas suas obras que não há nada de místico no conceito de auto-organização. Trata-se, na verdade, de um conceito matematicamente preciso da ciência "hard". Vai ser muito interessante o debate sobre esta questão.

O surgimento da ciência cognitiva é uma das mudanças mais importantes dos últimos 50 anos em nossa vida intelectual. Trata-se de um campo que desafia muitas teorias filosóficas tradicionais, e que cujas formulações não podem ser desconsideradas pelos filósofos. Também a reflexão filosófica tem muito a contribuir à própria ciência cognitiva. A filosofia brasileira ainda continua, em geral, dentro de um paradigma muito tradicional da filosofia "pura", que invariavelmente despreza a interação com outras disciplinas. A minha impressão é de que os jovens estudantes de filosofia são muito mais abertos a este tipo de diálogo, e talvez, a filosofia brasileira no futuro possa deixar de ter esta orientação exclusivamente histórica e "pura".

As obras de Marcelo Dascal, provavelmente o filósofo brasileiro mais conhecido no exterior, são um exemplo perfeito de como a filosofia, a história da filosofia, e a ciência cognitiva podem, através de um diálogo constante, levar a novos resultados profundos na nossa reflexão sobre as questões fundamentais de mente, linguagem, comunicação, cognição etc. Dascal é um grande especialista em filosofia do século 18, especificamente a de Leibniz mas, para ele, estudar estes grandes pensadores do passado não é ser um antiquário intelectual, mas sim uma maneira de tratar dos problemas fundamentais da filosofia, e da nossa vida intelectual, hoje e aqui, no começo do século 21. Espero que o colóquio contribua para este processo.

Michael B. Wrigley é professor do Departamento de Filosofia da Unicamp e Membro do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência da Unicamp. Ph.D. em Filosofia pela Universidade de Califórnia, Berkeley, e B. Phil. em Filosofia pela Universidade de Oxford. Suas áreas de pesquisa são a filosofia da lógica e matemática, filosofia da mente e ciência cognitiva. Prepara duas coletâneas de traduções de artigos clássicos sobre filosofia da mente e ciência cognitiva.


FONTE : http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/abril2003/ju210pg11.html

Jornalismo científico e mudanças conjunturais da comunicação


Trabalho elaborado para o I Simpósio Nacional de Jornalismo Científico,
Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos de Goytacazes, RJ,
26 de novembro de 2009.
Maurício Tuffani
(Assessoria de Comunicação e Imprensa, UNESP – Univ Estadual Paulista)
Resumo: A questão crucial do jornalismo na área de C&T acabou por se
tornar a mesma do jornalismo em geral neste neste início de milênio: o
essencial não é saber se os jornais vão desaparecer, nem se os
profissionais de imprensa serão todos terceirizados, mas se a função do
jornalista deixará de ser a produção da informação para se restringir
ao mero gerenciamento dela.
1. O modelo deficitário da divulgação científica
Em seu livro Conhecimento Público, de 1968, o físico britânico John Ziman (1925-2005) destacou que a ciência moderna teve início pouco depois do surgimento da imprensa.1 Não a imprensa no sentido mais estrito e hoje predominante do jornalismo, mas no sentido da impressão, da invenção gutemberguiana que no século XV rompeu definitivamente o círculo fechado em torno do conhecimento escrito. A partir desse novo e revolucionário recurso, a recém-nascida ciência moderna não poderia ter deixado de se estruturar em função dele. Muito mais do que ser registrado, o conhecimento científico tinha de ser comunicado. Centenas de anos depois, já no final do século XIX, os cientistas já haviam consolidado entre si a comunicação por meio de publicações destinadas a especialistas, ao passo que o jornalismo já se tornara uma atividade empresarial voltada para o público em geral.
Em meio aos profissionais das diversas especialidades jornalísticas, os repórteres de ciência consolidam sua imagem, já no início do século XX, de tradutores da linguagem especializada dos cientistas, cada vez mais inacessível para os leigos. “Verdadeiros descendentes de Prometeu, os escritores de ciência pegam o fogo do Olimpo científico — os laboratórios e as universidades — e de lá o trazem para baixo, para o povo”, disse William Laurance, jornalista do The New York Times.2 Essa criativa metáfora ressalta no imaginário da sociedade não só a distância entre o discurso científico e a linguagem comum, mas também a posição dos cientistas como deuses, acima dos “mortais”.
Essa visão “prometéica” do jornalismo na área de ciência e tecnologia (C&T) passou a ser amplamente criticada por estudiosos da divulgação científica a partir dos anos 80. Rotulada como “modelo difusionista linear” ou “modelo do déficit”, essa concepção tem as seguintes características, como bem resumiu Yurij Castelfranchi:
  • a ciência é pensada (conscientemente ou não) como em certa medida autônoma em relação ao resto da sociedade, e “impermeável”;
  • o público é visto como massa homogênea e passiva de pessoas caracterizadas por déficits, falhas, buracos cognitivos e informativos que devem ser preenchidos por uma espécie de transmissão de tipo “inoculador”; e
  • o processo comunicativo é tratado como substancialmente unidirecional, linear, “top-down”: do complexo para o simples, de quem sabe para quem ignora, de quem produz conteúdos para quem é uma tabula rasa científica. A comunicação de C&T para o “público leigo” é, então, uma operação de simplificação em que, no caminho entre a ciência e a cabeça das pessoas, muita informação é sacrificada ou perdida, por causa da banalização operada pelo comunicador ou por uma parcial incompreensão devido às falhas culturais do receptor. 3
É consenso entre vários estudos que essa é uma concepção ultrapassada de divulgação da ciência, e para ela foram propostos modelos alternativos, como o contextual, o do conhecimento leigo e o democrático ou da participação pública.4 De um modo geral, no plano do ensino de graduação do jornalismo, prevalece o objetivo pedagógico de substituí-la por meio de uma prática jornalística ancorada na contextualização das atividades científicas, destacando seus problemas, seus métodos e seus aspectos históricos, sociológicos e filosóficos.(...)

LEIA NA ÍNTEGRA EM :    http://laudascriticas.wordpress.com/2009/11/26/simposio-uenf-2/

Hackear a educação

é este que você ainda está buscando?
é este que você ainda está buscando?

Tudo bem, o verbo hackear não está no Houaiss, mas já está sendo aplicado às mais diversas situações e negócios. É um modo novo  que coloca a liberdade acima da autoria individual e agora mexe cada vez mais com a área de educação.
O artigo “How web-Savvy Edupunks are Transforming American Higher Education” publicado hoje na Fast Company mostra novas tendências encontradas nessa área. Boa chacoalhada na árvore dos educadores e boa inspiração para inovadores em geral. Entre essas tendências, algumas são inquietantes.
Para o professor David Wiley da Brigham Young University, “as universidades serão irrelevantes em 2020″. Ele faz parte do movimento de conteúdo aberto ou “open content”, que segue a linha do software livre e do creative commons e reune diversos sites que oferecem conteúdo acadêmico online.
Mas não basta disponibilizar recursos de aprendizagem produzidos em lugares como o MIT, por exemplo. Agora a proposta é viabilizar sites onde eles possam ser combinados até formar um curso inteiro. Um passo apenas para a obtenção de uma gradução a um preço inimaginavelmente barato.
Peer2Peer, University of the People, Academic Earth e o pioneiro MIT’s OpenCourseWare são todos recursos que seguem essa tendência. Cada um tem seu foco. O Peer2Peer, por exemplo, promove trocas de experiências e conteúdos entre professores enquanto o Academic Earth é uma coleção de conteúdos disponíveis online em vídeos, textos e afins.
Para ser mais disruptivo ainda, há o  caso da Western Governors University, que baseia seus serviços somente em assessments progressivos de competências, visando uma determinada linha de formação. Seu foco não é formar, mas provar que a competência está presente. Só testar!
Estranho? Faz parte se você foi educado numa sala com a velha lousa verde. Que venham os edupunks!
~  
por luziata em 11 11UTC Agosto 11UTC 2009.

APENAS DRUMMOND, DE MÃOS DADAS COM A GENTE;GLÓRIA KREINZ




Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade

Por Amor - RICARDO SANT'ANNA REIS

Sou um ser constituído
pelos amores
que me explicam.

Amores que não tive
aqueles aos quais deixei
os que eu mal intui
e já se ausentaram
e os que ainda eu terei.

Há uns pelos quais morri
e outros que me mataram.

Se for de amar que se vive
se amar é um dia sim
e o outro não
vivamos então
com ardor no peito
aquilo que nos dá sentido
mas também consumição.

Ricardo S. Reis

ANT'ECLESIAS (Haiti) - RICARDO SANT'ANNA REIS

Os sinais do Apocalipse, o fim do mundo
Juan de La Cruz e a prognose pantagruélica
as vãs profecias de Nostradamus
as visões de mistério e a alta Stela
dos princípios Alfa ou Ômega.
Morte e a vida, érebo de serralhas
o anjo primeiro a ditar finda ecógla
candelabros da Eclésia de Éfeso
alumiando a glória de Deus nas alturas...
Pois que é a luz que do chão alumeia
das profundas.
Dão-se glórias excelsas às trevas
ao Rei das Fornalhas
ou das grandes águas, Satã, Balaão, Pai da Sinagoga
que, dos tempos, vaticina solidões amargas
neste mar de dracmas
de misérias, cevada e lagrimas.

Ricardo S. Reis

Quintessência - RICARDO SANT'ANNA REIS

tempo de vapor
e eternidade
espaço tempo
silogismo banal
escorre eterno
e sem temor
voa o tempo
éter contratempo
éter contra o tempo
vento industrial
a inércia do pensamento
a saudade
do tempo pretérito
do rio caudaloso
do leite quente com broa
da relva para amar
nos confins da tarde

tempo que recobre-se da urgência
de ser–não–ser como se mais não fosse
tempo que cavalga paisagens
tempo da demência
e do encontro

se o corpo sofre o seu passar
a alma arde um contraponto

Ricardo Sant'Anna Reis

ENTRE OUTROS MASSACRES - AIMÉ CÉSAIRE

com todas as forças o sol e a lua se entrechocam
as estrelas caem como testemunhas maduríssimas
e como um carregamento de ratos acinzentados

não tema nada apronta as tuas grossas águas
que tão bem carregam a berma dos espelhos

puseram barro nos meus olhos
e veja eu vejo terrivelmente eu vejo
de todas as montanhas de todas as ilhas
não resta mais nada a não ser alguns tocos ruins
da impenitente saliva do mar

**********************************

(ORIGINAL EM FRANCÊS)

entre autres massacres

de toutes leurs forces le soleil et la lune s’entrechoquent/les étoiles tombent comme des témoins trop mûrs/et comme une portée de souris grises//ne crains rien apprête tes grosses eaux/qui si bien emportent la berge des miroirs//ils ont mis de la boue sur mes yeux/et vois je vois terriblement je vois/de toutes les montagnes de toutes les îles/il ne reste plus rien que les quelques mauvais chicots/de l’impenitente salive de la mer

este poema foi publicado por aimé césaire no livro “soleil cou coupé”, 1948

http://www.salamalandro.redezero.org/um-poema-de-aime-cesaire/

AIMÉ CÉSAIRE - ENTREVISTA EM QUE O POETA FALA SOBRE O HAITI (AMIGA REGINA INDICA)

Aimé Fernand David Césaire (Basse-Pointe, Martinica, 26 de junho de 1913 — Fort-de-France, 17 de abril de 2008) foi um poeta e político francês. Foi, juntamente ao Presidente do Senegal Léopold Sédar Senghor, o ideólogo do conceito de negritude e sua obra é marcada pela defesa de suas raízes africanas.
Foi presidente da câmara (prefeito) de Fort-de-France durante 56 anos, entre 1945 e 2001.

Aimé Césaire: "a cultura é tudo o que o homem inventou para tornar o mundo vivível e a morte afrontável"

Maryse Condé (entrevista)

(...)MC Começarei por uma questão de atualidade. O Haiti ocupou um lugar considerável em sua obra. O que você pensa dos acontecimentos que se passam nele?

AC E patético! A história do Haiti é gloriosa. Jamais esqueci que essa ilha conquistou a liberdade há duzentos anos: a liberdade não lhe foi dada. Os haitianos combateram para tê-la. Mas é preciso insistir no fato de que eles a conquistaram não somente para si mesmos mas para todos nós. Nós devemos lhes ser gratos por isso. No entanto, devo dizer que, esse episódio à parte, houve realmente momentos extremamente penosos, ao ponto que, apesar dessa liberdade conquistada, a desgraça quer que jamais os haitianos tenham podido achar uma organização razoável capaz de assegurar uma espécie de equilíbrio. Eles criaram uma péssima herança. É claro, eles conquistaram a liberdade, mas a sociedade não mudou de maneira tão profunda quanto se teria desejado. Primeiro, houve os brancos, os mestres escravagistas, e depois o povo… nós. Encontra-se agora a situação em que a classe intermediária que substituiu os brancos conservou muitos hábitos, e péssimos hábitos. Eles pegaram um pouco seu lugar e não desempenharam o papel que aguardávamos e esperávamos. O Haiti procura seu equilíbrio e nem sempre o achou.

MC Você pensa que se pode escrever La tragédie de Jean-Bertrand Aristide como você escreveu La tragédie du roi Christophe?

AC Conheço muito pouco Aristide. Fui ao Haiti em 1945. O presidente Lescaut estava então no poder. Isso me permitiu ver naquele momento Léon Lalo, Camille Broussan - Depestre era ainda muito jovem. Conheci essa geração. Eu estava lá justamente no momento em que André Breton passava e dava essa conferência sobre o surrealismo que teve muita influência. “Parece-me evidente que o destino desse país é inseparável de suas crenças e de seus ideais seculares, desde o instante em que estes aqui se mostrem ainda tão vivazes. O que lhe deu a força para suportar primeiro, e depois para sacudir todos os jugos, o que foi a alma da resistência, é o patrimônio africano que ele conseguiu transplantar aqui e fazer frutificar apesar de suas correntes.” (André Breton, 1945).

Após, segui a situação com atenção, mas não quis retornar ao Haiti no período de Duvalier. Lembro-me de que, durante minha estada, um tipo realmente muito interessante que conhecia todos os pavimentos do Cabo-Haitiano – esqueço seu nome, estou velho e perco a memória – me apresentou um senhor de ar reservado, um pouco tímido… Era o doutor Duvalier! Eu estava longe de pensar que um dia Duvalier ia se tornar o tirano que foi. E um pouco a mesma coisa para Aristide: eu o vi quando ele voltava dos Estados Unidos. Ele passou aqui, na Martinica. Até mesmo organizamos uma conferência em sua homenagem! Ele falou. Era um intelectual, um católico, antigo padre, cheio de reservas. Mas não senti nele uma doutrina. Vi sobretudo um homem muito reservado, talvez (não estou certo disso) um pouco voltado sobre si mesmo. Qual era sua doutrina? Não sei. O que ele queria fazer? Não sei. Qual era seu caráter e tinha ele a energia necessária para conduzir esse país que não é fácil? Não me dei bem conta disso, na época, mas estava lá para eu ver. E depois, rumores circulavam. Fiquei totalmente espantado quando me disseram que ele empregava métodos que acreditávamos desaparecidos para sempre. O que quer que seja, não me parece que Aristide tenha realizado grande coisa para o povo do Haiti. Se o progresso consistiu em substituir simplesmente os “tontons macoutes” pelas “quimeras”…

MC O escritor haitiano Jean Métellus fala muito da maldição do Haiti. Você acredita nessa maldição?

AC Não, mas há o peso da História. No fundo, Haiti – como as outras Antilhas, aliás, mas lá é muito mais trágico – não está inteiramente curado dos males herdados da época colonial, que era infelizmente uma época colonialista. O povo haitiano é inteligente, as elites são numerosas, mas o que há de notável, é que os espíritos mais brilhantes dessa elite emigraram. Eles estão no exterior e jamais encontraram seu lugar no Haiti. Lembro-me de ter conhecido vários deles quando eu estava no Liceu Louis-le-Grand, em Paris - os nomes me escapam às vezes e às vezes não tenho tanta vontade de pronunciá-los -, e quando os revi no Haiti, eles tinham o ar infeliz e davam a impressão de estar um pouco marginalizados.

MC Ao olhar o estado do mundo, você pensa sempre que a poesia é “arma miraculosa” que pulveriza as barreiras que entravam as liberdades?

Luis López GabúAC Não sei se ela é miraculosa…

MC Foi você quem disse.

AC Para mim, a poesia é muito importante, ela é até mesmo fundamental. Com ou sem razão, sempre pensei que a arma para nós - não acreditávamos nisso suficientemente - é a cultura. Não digo a civilização, que é uma palavra muito do século XIX. Opunha-se então a civilização e a selvageria. Mas os etnólogos e a experiência nos ensinaram que há a cultura. Defino a cultura assim: é tudo o que os homens imaginaram para moldar o mundo, para se acomodar no mundo e para torná-lo digno do homem. E isso, a cultura: é tudo o que o homem inventou para tornar a vida vivível e a morte afrontável. Enquanto martiniquense, sempre pensei que havia alguma coisa que não era apreciada em sua justa medida na Martinica e nas Antilhas. Oh, isso não é uma crítica! Há a História, há os Estados. Fomos dominados pela idéia do escravagismo e era preciso lutar contra. Pertencemos à nossa época e é preciso admitir que a terceira República inventou uma doutrina que tínhamos adotado totalmente. Era a doutrina dita da assimilação, que consistia, para ser civilizado e não ser mais um selvagem, em renunciar a um certo número de coisas e em adotar um outro modo de vida. Tudo isso é completamente respeitável mas é muito século XIX e muito rápido, já no liceu - com teu irmão Auguste[1] - eu sabia então que isso era respeitável mas insuficiente. Essa doutrina não respondia mais às necessidades do século XX! Era o século XIX, era o romantismo, eram as ilusões do passado. Não é preciso ser ingrato: é evidente que isso rendeu enormes serviços, mas no mundo moderno, era necessária uma outra coisa. Eis porque fui muito rapidamente conquistado por uma idéia que não tinha então ainda todo seu lugar - mesmo se ela não era desconhecida – em nossos comportamentos e em nossas filosofias: a identidade. Quando os martiniquenses diziam “assimilação”, quando fui eleito deputado, eles me pediam para voltar da França com a Martinica departamento francês. Confesso que fiquei perturbado. Hesitei. E estou convencido, cara Maryse Condé, que aquela que está diante de mim, que revejo ainda sentada, refletindo, em seu escritório da Rua des Ecoles, com Alioune e Christiane Diop, me compreenderá. Hesitei. Finalmente - e isso foi um drama para mim - compreendi. A assimilação, isso significa a alienação, a recusa de si mesmo. E terrível…(...)

LEIA NA ÍNTEGRA EM :  
http://www.revista.agulha.nom.br/ag53cesaire.htm

Plano MTV - SUSTENTABILIDADE- EDUCAÇÃO - GLOBALIZAÇÃO,- REDES,




Plano MTV - Educação I

Qual a relação entre educação e sustentabilidade? Se a maioria de nossos problemas passa pela educação, qual o modelo? A educação pode ser transformadora? Como? E qual o nosso papel, meros cidadãos nisso tudo, o que pedir, como botar a boca no trombone? Partindo dessa ideia, o PLANO MTV – Educação, conversou com jovens, especialistas e ativistas. Em 15 minutos, o programa traz questionamentos de jovens de todo o país, além da opinião de pessoas envolvidas com o assunto, como o educador Moacir Gadotti (Instituto Paulo Freire), Fellipe Redó e Alexandre Santini da CUCA-UNE, Sebastião Rocha (coordenador do Arassussa) e Luli Radfahrer (professor da ECA-USP). Pelo depoimento das diversas vozes apresentadas no programa, uma pergunta acabou por permear todo o debate: qual a educação que queremos para um mundo mais sustentável? Fica-se algumas conclusões, como o aumento da interatividade através da inclusão digital, a necessidade de uma escola que estimule a criatividade e a ligação imediata com o cotidiano dos estudantes.

Plano MTV - Globalização II

. Como botar a mão na massa e ajudar a criar um país que sirva de referência para o mundo do século 21 para lidar com o meio ambiente e as consequências da globalização. Partindo dessa ideia, o PLANO MTV – Globalização, conversou com jovens, especialistas e ativistas. Em 15 minutos, o programa traz questionamentos de jovens de todo o país, além da opinião de pessoas envolvidas com o assunto, como o fundador do Campus Party, Marcelo Branco, Fellipe Redó (CUCA-UNE), e o jornalista Xico Sá. Quais os prós e contras do processo irreversível de globalização no que diz respeito a sustentabilidade do planeta. O programa apresenta algumas respostas e levanta novas dúvidas.


ASSISTA OS VÍDEOS AQUI :
http://mais.uol.com.br/view/d52rltzih2do/plano-mtv--educacao-i-04021C336CE0912326?types=A


(*POSTAGEM ATUALIZADA EM 28 05 2014)

A língua é pura e simplesmente fascista? (ou «Como a Arte antecipa a Ciência II»...)

«Antes de Gertrude Stein ser uma artista de vanguarda, foi cientista. A primeira publicação de Stein aconteceu em 1898, na Psychological Review. O artigo resumia uma pesquisa sua, realizada no Laboratório de Psicologia de William James, em Harvard, onde Stein explorava a escrita automática. As experiências nesta área geraram páginas e páginas de frases inescrutáveis.
O fracasso experimental de Stein pô-la a cismar... Mesmo que tivesse escrito acerca de rigorosamente nada, o que acontecia, na maior parte das vezes, era que o tal "nada" continuava a ser gramatical: as frases não tinham sentido e, no entanto, continuavam a obedecer às regras-padrão da sintaxe.
Stein tinha tido a esperança de que a experiência libertasse a linguagem de constrangimentos. Todavia, o que acabou por descobrir foi o constrangimento que não se pode evitar: a nossa linguagem tem uma estrutura e essa estrutura está cauterizada no cérebro. A investigação de Stein recorda-nos que os nossos substantivos, adjectivos e verbos não são reais. São apenas significantes, conglomerações aleatórias de sílabas e de som. Porque investimos, então, tanto significado nas palavras? O que Stein intuiu, pela primeira vez foi que tudo o que dizemos está encerrado numa disposição dentro de um sistema.
A Psicologia iria precisar de cerca de 50 anos para descobrir as estruturas linguísticas que os escritos de Stein expuseram com tanto zelo. Em 1956, um linguista tímido chamado Noam Chomsky anunciou que Stein tinha razão: as nossas palavras estão presas a uma gramática invisível que está incrustada no cérebro. ».
Imagem: Google Images
Excerto adaptado
Cf. Jonah Lehrer (2009): 171-5.
Mais uma vez, as regras abstractas impõem uma ordem (também) a tudo o que dizemos [Cf. Hannah B. Higgins. The Grid Book] .

P.S. Há dias, um post no blogue «marcas d'água» lembrou-me a demanda de Louis Wolfson em Le Schizo et les Langues, e trouxe-me à memória o entendimento de Roland Barthes sobre o sentido assertivo da língua: " [L]a langue (...) est tout simplement: fasciste. » (Barthes, 1989: 14). Os comentários de C. e da Ana Paula, em «Como a Arte antecipa a Ciência», voltaram a abordar a questão. A mensagem «A língua é pura e simplesmente fascista?» adveio desta troca de ideias.
Agradeço a todos!
 
 
FONTE : http://clarices-bichocarpinteiro.blogspot.com/2009/07/lingua-e-pura-e-simplesmente-fascista.html

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Polícia catarinense prende líderes do MST em “ação preventiva” (AMIGO CASSIO BRANCALEONE ENVIA)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
POR ELAINE TAVARES 

Com mais de 30 policiais militares, a prisão foi efetuada no momento em que se realizava uma reunião pública

Florianópolis, SC
eteia.blogspot.com

Um dos coordenadores estaduais do MST em Santa Catarina, Altair Lavratti, foi preso na noite desta quinta-feira (28) em Imbituba numa ação que lembra os piores momentos de um estado de exceção. Com uma força de mais de 30 policiais militares, a prisão foi efetuada no momento em que ele realizava uma reunião pública, num galpão de reciclagem de lixo da cidade. A acusação é de que Lavratti, junto com outros sindicalistas e militantes sociais preparava uma ocupação de terras na região. Foi levado sob a alegação de “formação de quadrilha”.

Segundo informações divulgadas no jornal Diário Catarinense, que estava magicamente” no ato da prisão ao lado da polícia, os integrantes do MST estavam sendo monitorados desde novembro depois que um integrante do Conselho de Segurança Comunitária de Imbituba passou informações sobre a organização de uma suposta ocupação em terras do estado. Outras duas pessoas também foram presas, sendo que uma delas, Marlene Borges, presidente da Associação Comunitária Rural, está grávida. Ela teve a casa cercada na madrugada de sexta-feira e foi levada para Criciúma. Outro militante, Rui Fernando da Silva Junior, foi levado para a cidade de Laguna.

Integrantes do MST, advogados e um deputado estadual estiveram procurando por Lavratti durante a noite toda, mas não haviam conseguido contato até a manhã de sexta-feira, quando souberam que de Imbituba ele havia sido levado para Tubarão.

Ainda segundo informações da polícia, o juiz Fernando Seara Hinckel autorizou gravações telefônicas e determinou a intervenção do Ministério Público. Também teria havido a participação de P-2 (policiais a paisana, disfarçados) infiltrados nas reuniões dos militantes sociais da região de Imbituba.

Usando de um artifício já usado contra o Movimento dos Atingidos das Barragens, que foi o de prender “preventivamente” integrantes do movimento alegando “suspeita de invasão”, o poder repressivo de Santa Catarina repete a dose agora contra o MST. Para a polícia e para o poder público, reuniões que envolvam sindicalistas e lutadores sociais passam a ser “suspeitas” e sendo assim, passíveis de serem interrompidas com prisão. Só para lembrar, este é um tipo de ação agora muito usado nos Estados Unidos, depois de 11 de setembro, quando o presidente George Bush acabou com todas as garantias individuais dos cidadãos. Lá, e agora também aqui, o estado pode considerar suspeita qualquer tipo de reunião que envolva movimentos sociais. Conversar e organizar a luta por uma vida melhor passa a ser coisa de “bandido”.

A acusação de formação de quadrilha não encontra respaldo uma vez que é pública e notória a preocupação do MST com a situação das famílias daquela região, que vem sistematicamente tendo que abandonar a zona rural em função da falta de apoio à agricultura familiar, enquanto o agronegócio recebe generosa ajuda governamental. A reunião na qual estava Lavratti justamente discutia esta situação e levava a solidariedade do movimento às famílias que seguem sendo despejadas de suas terras, ações que fazem parte do cotidiano do MST. A ação do governo se deve ao fato de em Imbituba ter sido criada uma Zona de Processamento e Exportações que tem engolido fatias consideráveis de dinheiro público sendo, portanto, considerada estratégica para os empresários da região.

Para o MST, as prisões foram descabidas, e só reflete a forma autoritária como o governo de Santa Catarina tem conduzido a relação com os movimentos sociais, criminalizando as tentativas dos catarinenses de realizar a luta por uma vida digna. Já para dar respostas aos atingidos pelo desastre em Blumenau, ou aos desabrigados pelas chuvas que tem caído torrencialmente este ano em Santa Catarina, não há a mesma agilidade estatal. Como bem já analisava o sociólogo Manoel Bomfim, no início do século vinte, ao refletir sobre a formação do estado brasileiro: “desde o princípio o Estado foi um aparelho de espoliação e tirania, feroz na opressão, implacável na extorsão. É um parasita”. Sempre aliado aos donos do poder e da riqueza, o Estado abandona as gentes e só existe para o mal do povo. É por conta disso, que, conforme Bomfim, “a revolta contra as autoridades públicas é o processo normal de reclamar justiça” já que as populações são sistematicamente abandonadas pelo Estado e pela Justiça enquanto a minoria predadora dos ricos e poderosos tem seus interesses defendidos, inclusive com o uso do dinheiro e do patrimônio que é de todos.

Como exemplo disso, basta trazer à memória o escândalo da Moeda Verde, quando ricos empresários locais fraudaram laudos ambientais para a construção de grandes empreendimentos na cidade de Florianópolis. Presos sob a luz dos holofotes, não ficaram um dia sequer na cadeia e o governador do Estado segue frequentando suas festas e dizendo ao país inteiro, através da televisão, que os empreendimentos construídos a partir da fraude são os mais bonitos da cidade e necessitam ser conhecidos e consumidos. Outro caso emblemático e atual, que não recebe a mão pesada do poder público, é o que envolve o vice-governador Leonel Pavan, enredado em escândalo de corrupção, e que também muito pouco interesse provoca na mídia. Não precisa ir muito longe para observar que Manoel Bomfim está coberto de razão: “os estadistas devem inquirir das condições sociais, indagar se as populações se sentem mais felizes e as causas dos males que ainda as atormentam, para combatê-las eficazmente”. Mas, em vez disso, lutadores do povo são presos e os direitos coletivos se perdem diante do interesse privado de uma minoria.

http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/policia-catarinense-prende-lideres-do-mst-em-201cacao-preventiva201d
FONTE : http://eteia.blogspot.com/2010/01/policia-catarinense-prende-lideres-do.html

(VÍDEO) África na Escola


Vídeo institucional sobre o site África na Escola www.africanaescola.com.br
Projetos culturais para alunos e professores.
Categoria: Educação
Palavras-chave:
escola áfrica professor professores alunos estudantes negros africanos continente bahia samba capoeira boneca site educa

MARIO DE ANDRADE;MUITO PARA SE DIZER; GLÓRIA KREINZ


POEMAS DA AMIGA
II

Se acaso a gente se beijasse uma vez só...
Ontem você estava tão linda
Que o meu corpo chegou.

Sei que era um riacho e duas horas de sede,
Me debrucei, não bebi,
Mas estoura até agora desse jeito
Olhando quatro ou cinco borboletas amarelas
Dessas comuns brincabrincando no ar.
Sinto um rumor...
Mário de Andrade

O coração do poeta paulista perdido entre borboletas amarelas, o quase deixar, o quase acontecer... Sempre muito para se dizer, como diz Marcelo Roque, sempre muito para conhecermos e ler de Mário de Andrade... O coração batendo paulistamente...

O Inferno e a Prova de Química (AMIGA REGINA ENVIA)

Pergunta feita pelo Professor Fernando, da matéria Termodinâmica, no curso de Engenharia Química da FATEC em sua prova final.

Este Professor é conhecido por fazer perguntas do tipo "Por que os aviões voam?" Nos últimos exames, sua única questão nesta prova para a turma foi:

"O inferno é exotérmico ou endotérmico? Justifique sua resposta"

Vários alunos justificaram suas opiniões baseados na Lei de Boyle ou em alguma variante da mesma. Um aluno, entretanto, escreveu o seguinte:

"Primeiramente, postulemos que o inferno exista e que esse é o lugar para onde vão algumas almas.

Agora postulemos que as almas existem; assim elas devem ter alguma massa e ocupam algum volume. Então um conjunto de almas também tem massa e também ocupa um certo volume. Então, a que taxa as almas estão se movendo para fora e a que taxa elas estão se movendo para dentro do inferno?

Podemos assumir seguramente que, uma vez que certa alma entra no inferno, ela nunca mais sai de lá. Logo, não há almas saindo.

Para as almas que entram no inferno, vamos dar uma olhada nas diferentes religiões que existem no mundo e no que pregam algumas delas hoje em dia.

Algumas dessas religiões pregam que se você não pertencer a ela, você vai para o inferno...

Se você descumprir algum dos 10 mandamentos ou se desagradar a Deus, você vai para o inferno.

Como há mais de uma religião desse tipo e as pessoas não possuem duas religiões, podemos projetar que todas as almas vão para o inferno.

A experiência mostra que poucos acatam os mandamentos.

Com as taxas de natalidade e mortalidade do jeito que estão, podemos esperar um crescimento exponencial das almas no inferno.

Agora vamos olhar a taxa de mudança de volume no inferno.

A Lei de Boyle diz que para a temperatura e a pressão no inferno serem as mesmas, a relação entre a massa das almas e o volume do inferno deve ser constante. Existem, então, duas opções:

1) Se o inferno se expandir numa taxa menor do que a taxa com que as almas entram, então a temperatura e a pressão no inferno vão aumentar até ele explodir, portanto EXOTÉRMICO.

2) Se o inferno estiver se expandindo numa taxa maior do que a entrada de almas, então a temperatura e a pressão irão baixar até que o inferno se congele, portanto ENDOTÉRMICO.

Se nós aceitarmos o que a menina mais gostosa da FATEC me disse no primeiro ano: "Só irei pra cama com você no dia que o inferno congelar" e, levando-se em conta que AINDA NÃO obtive sucesso na tentativa de ter relações amorosas com ela, então a opção 2 não é verdadeira.

Por isso, o inferno é exotérmico."

O aluno Thiago Faria Lima tirou o único 10 da turma.

Leia a íntegra da palestra que Zilda Arns preparou para apresentar no Haiti (AMIGA REGINA ENVIA)

14/01/2010 - 03h37

da Folha Online

Leia abaixo a íntegra da palestra que Zilda Arns, médica e fundadora da Pastoral da Criança que morreu no terremoto no Haiti, preparou para apresentar no país. Segundo o filho Nelson Arns Neumann, Zilda fazia seu discurso quando as paredes da igreja em que estava desabaram.

Agradeço o honroso convite que me foi feito. Quero manifestar minha grande alegria por estar aqui com todos vocês em Porto Príncipe, Haiti, para participar da assembleia de religiosos.

Como irmã de dois franciscanos e de três irmãs da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora, estou muito feliz entre todos vocês. Dou graças a Deus por este momento.

Na realidade, todos nós estamos aqui, neste encontro, porque sentimos dentro de nós um forte chamado para difundir ao mundo a boa notícia de Jesus. A boa notícia, transformada em ações concretas, é luz e esperança na conquista da Paz nas famílias e nas nações. A construção da paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raízes na gestação e na primeira infância, e se transforma em fraternidade e responsabilidade social.

A paz é uma conquista coletiva. Tem lugar quando encorajamos as pessoas, quando promovemos os valores culturais e éticos, as atitudes e práticas da busca do bem comum, que aprendemos com nosso mestre Jesus: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenha em abundância" (Jo 10.10).

Espera-se que os agentes sociais continuem, além das referências éticas e morais de nossa Igreja, ser como ela, mestres em orientar as famílias e comunidades, especialmente na área da saúde, educação e direitos humanos. Deste modo, podemos formar a massa crítica das comunidades cristãs e de outras religiões, em favor da proteção da criança desde a concepção, e mais excepcionalmente até os seis anos, e do adolescente. Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta.

O povo seguiu Jesus porque ele tinha palavras de esperança. Assim, nós somos chamados para anunciar as experiências positivas e os caminhos que levam as comunidades, famílias e pais a serem mais justos e fraternos.

Como discípulos e missionários, convidados a evangelizar, sabemos que força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade. Todo esse caminho necessita de comunicação constante para iluminar, animar, fortalecer e democratizar nossa missão de fé e vida. Cremos que esta transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento começa quanto a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças.

Não é por nada que disse Jesus: "... se vocês não ficarem iguais a estas crianças, não entrará no Reino dos Céus" (MT 18,3). E "deixem que as crianças venham a mim, pois deles é o Reino dos Céus" (Lc 18, 16).

Hoje vou compartilhar com vocês uma verdadeira história de amor e inspiração divina, um sonho que se fez realidade. Como ocorreu com os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35), "Jesus caminhava todo o tempo com eles. Ele foi reconhecido a partir do pão, símbolo da vida." Em outra passagem, quando o barco no Mar da Galileia estava prestes a afundar sob violentas ondas, ali estava Jesus com eles, para acalmar a tormenta. (Mc 4, 35-41).

Com alegria vou contar o que "eu vi e o que tenho testemunhado" a mais de 26 anos desde a fundação da Pastoral da Criança, em setembro de 1983.

Aquilo que era uma semente, que começou na cidade de Florestópolis, Estado do Paraná, no Brasil, se converteu no Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente em 42 mil comunidades pobres e nas 7.000 paróquias de todas as Dioceses da Brasil.

Por força da solidariedade fraterna, uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres, 92% são mulheres, e participam permanentemente da construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno, em serviço da vida e da esperança. Cada voluntário dedica em média 24 horas ao mês a esta missão transformadora de educar as mães e famílias pobres, compartilhar o pão da fraternidade e gerar conhecimentos para a transformação social.

O objetivo da Pastoral da Criança é reduzir as causas da desnutrição e a mortalidade infantil, promover o desenvolvimento integral das crianças, desde sua concepção até o seis anos de idade. A primeira infância é uma etapa decisiva para a saúde, a educação, a consolidação dos valores culturais, o cultivo da fé e da cidadania com profundas repercussões por toda a vida.

Um pouco de história:

Sou a 12ª de 13 irmãos, cinco deles são religiosos. Três irmãs religiosas e dois sacerdotes franciscanos. Um deles é D. Paulo Evaristo, o Cardel Arns, Arcebispo emérito de São Paulo, conhecido por sua luta em favor dos direitos humanos, principalmente durante os vinte anos da ditadura militar do Brasil.

Em maio de 1982, ao voltar de uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, D. Paulo me chamou pelo telefone a noite. Naquela reunião, James Grant, então diretor executivo da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), falou com insistência sobre o soro oral. Considerado como o maior avanço da medicina no século passado, esse soro era capaz de salvar da morte milhões de crianças que poderiam morrer por desidratação devido a diarreia, uma das principais causas da mortalidade infantil no Brasil e no mundo. James Grant conseguiu convencer a D. Paulo para que motivasse a Igreja Católica a ensinar as mães a preparar e administrar o soro oral. Isto podia salvar milhares de vidas.

Viúva fazia cinco anos, eu estava, naquela noite história, reunida com os cinco filhos, entre os nove e dezenove anos, quando recebi a chamada telefônica do meu irmão D. Paulo. Ele me contou o que havia passado e me pediu para refletir sobre ele. Como tornar realidade a proposta da Igreja de ajudar a reduzir a morte das crianças? Eu me senti feliz diante deste novo desafio. Era o que mais desejava: educar as mães e famílias para que soubessem cuidar melhor de seus filhos!

Creio que Deus, de certo modo, havia me preparado para esta missão. Baseada na minha experiência como médica pediatra e especialista em saúde pública e nos muitos anos de direção dos serviços públicos de saúde materna-infantil, compreendi que, além de melhorar a qualidade dos serviços públicos e facilitar às mães e crianças o acesso a eles, o que mais falta fazia às mães pobres era o conhecimento e a solidariedade fraterna, para que pudessem colocar em prática algumas medidas básicas simples e capazes de salvar seus filhos da desnutrição e da morte, como por exemplo a educação alimentar e nutricional para as grávidas e seus filhos, a amamentação materna, as vacinas, o soro caseiro, o controle nutricional, além dos conhecimentos sobre sinais e sintomas de algumas doenças respiratórias e como as prevenir.

Me vem a mente então a metodologia que utilizou Jesus para saciar a fome de 5.000 homens, sem contar as mulheres e as crianças. Era noite e tinham fome. Os discípulos disseram a Jesus que o melhor era que deixassem suas casa, mas Jesus ordenou: "Dai-lhes vós de comer". O apóstolo Felipe disse a Jesus que não tinham dinheiro para comprar comida para tanta gente. André, irmão de Simão, sinalou a uma criança que tinha dois peixes e cinco pães. E Jesus mandou que se sentassem em grupos de cinquenta a cem pessoas (em pequenas comunidades). Então pensei: Por que morrem milhões de crianças por motivos que podem facilmente ser prevenidos? O que faz com que eles se tornem criminosos e violentos na adolescência?

Recordei o inicio da minha carreira, quando me desafiei a querer diminuir a mortalidade infantil e a desnutrição. Vieram a minha mente milhares de mães que trocaram o leite materno pela mamadeira diluída em água suja. Outras mães que não vacinam seus filhos, quando não havia ainda cesta básica no Centro de Saúde. Outras mães que limpavam o nariz de todos os seus filhos com o mesmo pano, ou pegavam seus filhos e os humilhavam quando faziam xixi na cama. E ainda mais triste, quando o pai chegava em casa bêbado. Ao ouvir o grito de fome e carinho de seus filhos, os venciam mesmo quando eram muito pequenos. Sabe-se, segundo resultados de pesquisas da OMS (Organização Mundial da Saúde), cuja publicação acompanhei em 1994, que as crianças maltratadas antes de um ano de idade têm uma tendência significativa para violência, e com frequência fazem crimes antes dos 25 anos.

A Igreja, que somos todos nós, que devíamos fazer?

Tive a seguridade de seguir a metodologia de Jesus: organizara as pessoas em pequenas comunidades; identificar líderes, famílias com grávidas e crianças menores de seis anos. Os líderes que se dispusessem a trabalhar voluntariamente nessa missão de salvar vidas, seriam capacitados, no espírito da fé e vida, e preparados técnica e cientificamente, em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania. Seriam acompanhados em seu trabalho para que não se desanimassem. Teriam a missão de compartilhar com as famílias a solidariedade fraterna, o amor, os conhecimentos sobre os cuidados com as grávidas e as crianças, para que estes sejam saudáveis e felizes. Assim como Jesus ordenou que considerassem se todos estavam saciados, tínhamos que implantar um sistema de informações, com alguns indicadores de fácil compreensão, inclusive para líderes analfabetos ou de baixa escolaridade. E vi diante de mim muitos gestos de sabedoria e amor apreendidos com o povo.

Senti que ali estava a metodologia comunitária, pois podia se desenvolver em grande escala pelas dioceses, paróquias e comunidades. Não somente para salvar vidas de crianças, mas também para construir um mundo mais justo e fraterno. Seria a missão do "Bom Pastor", que estão atentos a todas as ovelhas, mas dando prioridade àquelas que mais necessitam. Os pobres e os excluídos.

Naquela maravilhosa noite, desenhei no papel uma comunidade pobre, onde identifique famílias com grávidas e filhos menores de seis anos e lideres comunitários, tanto católicos como de outras confissões e culturas, para levar adiante ações de maneira ecumênica, pois Jesus veio par que "todos tenham Vida e Vida em abundância" (João 10,10). Isto é o que precisa ser feito aqui no Haiti: fazer um mapa das comunidades pobres, identificar as crianças menores de 6 anos e suas famílias e lideres comunitários que desejam trabalhar voluntariamente.

Desde a primeira experiência, a Pastoral da Criança cultivou a metodologia de Jesus, que é aplicada em grande escala. No Brasil, em mais de 40 mil comunidades, de 7.000 paróquias de todas as 272 diocese e preladias. Está se estendendo a 20 países. Estes são, na América Latina e no Caribe: Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Peru, Venezuela, Guatemala, Panamá, República Dominicana, Haiti, Honduras, Costa Rica e México; na África: Angola, Guiné-Bissau, Guiné Conakry e Moçambique e na Ásia: Filipinas e Timor Leste.

Para organizar melhor e compartilhar as informações e a solidariedade fraterna entre as mães e famílias vizinhas, as ações se baseiam em três estratégias de educação e comunicação: individual, de grupo e de massas. A Pastoral da Criança utiliza simultaneamente as três formas de comunicação para reforçar a mensagem, motivar e promover mudanças de conduta, fortalecendo as famílias com informações sobre como cuidar dos filhos, promovendo a solidariedade fraterna.

A educação e comunicação individual se fazem através da 'Visita Domiciliar Mensal nas famílias' com grávidas e filhos. Os líderes acompanham as famílias vizinhas nas comunidades mais pobres, nas áreas urbanas e rurais, nas aldeias indígenas e nos quilombos, e nas áreas ribeirinhas do Amazonas. Atravessam rios e mares, sobem e descem montes de encostas íngremes, caminham léguas, para ouvir os clamores das mães e famílias, para educar e fortalecer a paz, a fé e os conhecimentos. Trocam ideias sobre saúde e educação das crianças e das grávidas; ensinam e aprendem.

Com muita confiança e ternura, fortalecem o tecido social das comunidade, o que leva a inclusão social.

Motivados pela Campanha Mundial patrocinadas pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1999, com o tema "Uma vida sem violência é um direito nosso", a Pastoral da Criança incorporou uma ação permanente de prevenção da violência com o lema "A Paz começa em casa". Utilizou como uma das estratégias de comunicação a distribuição de seis milhões de folhetos com "10 Mandamentos para alcançar a paz na família", debatíamos nas comunidades e nas escolas, do norte ao sul do país.

As visitas, entre tantas outras ações, servem para promover a amamentação materna, uma escola de dialogo e compartilhar, principalmente quando se dá como alimento exclusivo até os seis meses e se continua dando como alimento preferencial além do um ano, inclusive além dos dois anos, complementarmente com outros alimentos saudáveis. A sucção adapta os músculos e ossos para uma boa dicção, uma melhor respiração e uma arcada dentária mais saudável. O carinho da mãe acariciando a cabeça do bebe melhora a conexão dos neurônios. A psicomotricidade da criança que mama no peito é mais avançada. Tanto é assim que se senta, anda e fala mais rápido, aprende melhor na escola. É fator essencial para o desenvolvimento afetivo e proteção da saúde dos bebês, para toda a vida. A solidariedade desponta, promovida pelas horas de contato direto com a mãe. Durante a visita domiciliar, a educação das mulheres e de seus familiares eleva a autoestima, estimula os cuidados pessoais e os cuidados com as crianças. Com esta educação das famílias se promove a inclusão social.

A educação e a comunicação grupal têm lugar cada em cada mês em milhares de comunidades. Esse é o Dia da Celebração da Vida. Momento dedicado ao fortalecimento da fé e da amizade entre famílias. Além do controle nutricional, estão os brinquedos e as brincadeiras com as crianças e a orientação sobre a cidadania. Neste dia as mães compartilham práticas de aproveitamento adequado de alimentos da região de baixo custo e alto valor nutritivo. As frutas, folhas verdes, sementes e talos, que muitas vezes não são valorizados pelas famílias.

Outra oportunidade de formação de grupo é a Reunião Mensal de Reflexão e Evolução dos líderes da comunidade. O objetivo principal desta reunião é discutir e estabelecer soluções para os problemas encontrados.

Essas ações integram o sistema de informação da Pastoral da Criança para poder acompanhar os esforços realizados e seus resultados através de Indicadores. A desnutrição foi controlada. De mais de 50% de desnutridos no começo, hoje está em 3,1%. A mortalidade infantil foi drasticamente reduzida e hoje está em 13 mortos por mil nascidos vivos nas comunidades com Pastoral da Criança. O índice nacional é 2,33, mas se sabe que as mortes em comunidades pobres, onde estão a Pastoral da Criança, é maior que é na média geral. Em 1982, a mortalidade infantil no Brasil foi 82,8 mil nascidos vivos. Estes resultados têm servido de base para conquistar entidades, como o Ministério da Saúde, Unicef, Banco HSBC, e outras empresas. Elas nos apoiam nas capacitações e em todas as atividades básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania. O custo criança/mês é de menos de US$ 1.

Em relação à educação e à comunicação de massas apresentará três experiências concretas de como a comunicação é um instrumento de defesa dos direitos da infância.

Materiais impressos

O material impresso foi concebido especificamente para ajudar a formação do líder da Pastoral da Criança. Os instrutores e os multiplicadores servem como ferramenta de trabalho na tarefa de guiar as famílias e comunidades sobre questões de saúde, nutrição, educação e cidadania. Além do Guia da Pastoral da Criança, se colocou em marcha publicações como o Manual do Facilitador, Brinquedos e Jogos, Comida e as Hortas Familiares, alfabetização de jovens e adultos e mobilização social.

O jornal da Pastoral da Criança, com tiragem mensal de cerca de 280 mil, ou seja 3 milhões e 300 mil exemplares por ano, chega a todos os líderes da Pastoral da Criança. É uma ferramenta para a formação continua.

O Boletim Dicas abarca questões relacionadas com a saúde e a educação para cidadania. Este especialmente concebido para os coordenadores e capacitadores da Pastoral da Criança. Cada publicação chega a 7.000 coordenadores.

Para ajudar na vigilância das mulheres grávidas, a Pastoral da Criança criou os laços de amor, cartões com conselhos sobre a gravidez e um partos saudável.

Outros materiais impressos de grande impacto social é o folheto com os 10 mandamentos para a Paz na Família, 12 milhões de folhetos foram distribuídos nos últimos anos.

Além desses materiais impressos, se envia para as comunidades da Pastoral da Criança material para o trabalho de pesagem das crianças, objetos como balanças e também colheres de medir para a reidratarão oral e sacos de brinquedos para as crianças brincarem no dia da celebração da vida.

Material de som e vídeo

Outra área em que a Pastoral da Criança produz materiais é de som e a produção de filmes educativos. O Show ao vivo da Rádio da Vida, produzido e gravado no estúdio da Pastoral da Criança, chega a milhões de ouvintes em todo Brasil. Com os temas de saúde, de educação na primeira infância e a transformação social, o programa de rádio Viva a Vida se transmite semanalmente 3.740 vezes. Estamos "no ar", de 2.310 horas semanais em todo Brasil. Além disso, o Programa Viva a Vida também se executa em vários tipos de sistemas de som de CD e aparados nas reuniões de grupo.

A Pastoral da Criança também produz filmes educativos para melhorar e dar conhecimento de seu trabalho nas bases. Atualmente há 12 títulos produzidos que sem ocupam na prevenção da violência contra as crianças, comida saudável, na gravidez, e na participação dos Conselhos Municipais de Saúde, na preservação da AIDS e outros.

Campanhas

A Pastoral da Infância realiza e colabora em várias campanhas para melhorar a qualidade de vida das mulheres grávidas, famílias e crianças. Estes são alguns exemplos:

a. Campanhas de sais de reidratação oral

b. Campanha de Certidão de Nascimento: a falta de informação, a distância dos cartórios e a burocracia fazem com que as pessoas fiquem sem certidões de nascimentos.

c. Campanha de Certidão de Nascimento: a falta de informação, a distância dos escritórios e a burocracia fazem com que as pessoas fiquem sem uma certidão de nascimento. A mobilização nacional para o registro civil de nascimento, que une o Estado brasileiro e a sociedade, [busca] garantir a cada cidadão de pleno direito o nome e os direitos.

d. Campanha para promover o aleitamento materno: o leite materno é um alimento perfeito que Deus colocou à disposição nos primeiros anos de vida.
Permanentemente, a Pastoral da Criança promove o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e, em seguida, continuar, com outros alimentos. Isso protege contra doenças, desenvolve melhor e fortalece a criança.

e. Campanha de prevenção da tuberculose, pneumonia e hanseníase: as três doenças continuam a afetar muitas crianças e adultos em nosso país. A Pastoral da Criança prepara materiais específicos de comunicação para educar o público sobre sintomas, tratamento e meios de prevenção destas doenças.

f. Campanha de Saneamento: o acesso à água potável e o tratamento de águas residuais contribuem para a redução da mortalidade infantil. A Pastoral da Criança, em colaboração com outros organismos, mobiliza a comunidade para a demanda por tais serviços a governos locais e usa os meios ao seu dispor para divulgar informações relacionadas ao saneamento.

g. Campanha de HIV/Aids e Sífilis: o teste do HIV/Aids e sífilis durante o pré-natal permite a redução de 25% para 1% do risco de transmissão para o bebê. A Pastoral da Criança apoia a campanha nacional para o diagnóstico precoce destas doenças.

h. Campanha para a Prevenção da morte súbita de bebês "Dormir de barriga para cima é mais seguro": Com a finalidade de alertar sobre os riscos e evitar até 70% das mortes súbitas na infância, a Pastoral da Criança lançou esta grande campanha dirigida às famílias para que coloquem seus bebês para dormir de barriga para cima.

i. Campanha de Prevenção do Abuso Infantil: Com esta campanha, a Pastoral da Criança esclarece as famílias e a sociedade sobre a importância da prevenção da violência, espancamentos e abuso sexual. Esta campanha inclui a distribuição de folheto com os dez mandamentos para a paz na família, como um incentivo para manter as crianças em uma atmosfera de paz e harmonia.

j. Campanha - 20 de novembro, dia de oração e de ação para as crianças: A Pastoral da Criança participa dos esforços globais para a assistência integral e proteção a crianças e adolescentes, em colaboração com a Rede Mundial de Religiões para a Infância (GNRC).

Em dezembro de 2009, completei 50 anos como médica e, antes de 2002, confesso que nunca tinha ouvido falar em qualquer programa da Unicef ou da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou de outra agência da Organização das Nações Unidas (ONU), que estimulasse a espiritualidade como um componente do desenvolvimento pessoal. Como um dos membros da delegação do Brasil na Assembleia das Nações Unidas em 2002, que reuniu 186 países, em favor da infância, tive a satisfação de ouvir a definição final sobre o desenvolvimento da criança, que inclui o seu "desenvolvimento físico, social, mental, espiritual e cognitivo". Este foi um avanço, e vem ao encontro do processo de formação e comunicação que fazemos na Pastoral da Criança. Neste processo, vê-se a pessoa de maneira completa e integrada em sua relação pessoal com o próximo, com o ambiente e com Deus.

Estou convencida de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, com a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente. Como destaca o recente documento do papa Bento 16, "Caritas in veritate" (Caridade na verdade), "a natureza é um dom de Deus, e precisa ser usada com responsabilidade." O mundo está despertando para os sinais do aquecimento global, que se manifesta nos desastres naturais, mais intensos e frequentes. A grande crise econômica demonstrou a inter-relação entre os países.

Para não sucumbir, exige-se uma solidariedade entre as nações. É a solidariedade e a fraternidade aquilo de que o mundo precisa mais para sobreviver e encontrar o caminho da paz.

Final

Desde a sua fundação, a Pastoral da Criança investe na formação dos voluntários e no acompanhamento de crianças e mulheres grávidas, na família e na comunidade.
Atualmente, existem 1.985.347 crianças, 108.342 mulheres grávidas de 1.553.717 famílias. Sua metodologia comunitária e seus resultados, assim como sua participação na promoção de políticas públicas com a presença em Conselhos de Saúde, Direitos da Criança e do Adolescente e em outros conselhos levaram a mudanças profundas no país, melhorando os indicadores sociais e econômicos. Os resultados do trabalho voluntário, com a mística do amor a Deus e ao próximo, em linha com nossa mãe terra, que a todos deve alimentar, nossos irmãos, os frutos e as flores, nossos rios, lagos, mares, florestas e animais. Tudo isso nos mostra como a sociedade organizada pode ser protagonista de sua transformação. Neste espírito, ao fortalecer os laços que ligam a comunidade, podemos encontrar as soluções para os graves problemas sociais que afetam as famílias pobres.

Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los.

Muito Obrigada!
Que Deus esteja convosco!
Dra. Zilda Arns Neumann
Médica pediatra e especialista em Saúde Pública
Fundadora e Coordenadora da Pastoral da Criança Internacional
Coordenadora Nacional da Pastoral da Pessoa Idosa

Tradução de DANIEL RONCAGLIA, colaboração para a Folha Online
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