com todas as forças o sol e a lua se entrechocam
as estrelas caem como testemunhas maduríssimas
e como um carregamento de ratos acinzentados
não tema nada apronta as tuas grossas águas
que tão bem carregam a berma dos espelhos
puseram barro nos meus olhos
e veja eu vejo terrivelmente eu vejo
de todas as montanhas de todas as ilhas
não resta mais nada a não ser alguns tocos ruins
da impenitente saliva do mar
**********************************
(ORIGINAL EM FRANCÊS)
entre autres massacres
de toutes leurs forces le soleil et la lune s’entrechoquent/les étoiles tombent comme des témoins trop mûrs/et comme une portée de souris grises//ne crains rien apprête tes grosses eaux/qui si bien emportent la berge des miroirs//ils ont mis de la boue sur mes yeux/et vois je vois terriblement je vois/de toutes les montagnes de toutes les îles/il ne reste plus rien que les quelques mauvais chicots/de l’impenitente salive de la mer
este poema foi publicado por aimé césaire no livro “soleil cou coupé”, 1948
http://www.salamalandro.redezero.org/um-poema-de-aime-cesaire/
proposta de traduçao alternativa (Aimé Césaire merece muitas, cada uma trazendo um pouco da carga poética que transborda do original)
ResponderExcluircom toda força sol e lua se entrechocam
estrelas caem
como testemunhas por demais maduras
como uma ninhadada de ratos cinzentos.
nada temas,
apronta tuas grandes aguas,
que tao bem carregam a ribanceira dos espelhos.
puseram lama nos meus olhos
e eu vejo, eu vejo, terrivelmente vejo:
de todas as montanhas, de todas as ilhas
nada resta além dos poucos tocos rotos
da impenitente saliva do mar.
aguardando outras contribuiçoes, sugiro verificar se foi traduzido no Brasil o "Discurso contra o colonialismo", magnifica indignaçao em forma textual, ainda e sempre de Aimé Césaire.
abraço,
Regina