Nobel de Física para descoberta de que neutrinos 'mudam de identidade'
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Prêmio Nobel de Física de 2015 vai para a Pesquisa sobre Neutrinos
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Prêmio Nobel de Física de 2015 vai para a Pesquisa sobre Neutrinos
Postado em: 09/10/2015
Takaaki Kajida (Universidade de Tóquio) e Arthur B. McDonald (Queen’s Universidade)
ganhadores do Nobel em Física em 2015
Anunciado em 6 de outubro, o Prêmio Nobel de Física de 2015 foi concedido a Arthur B. McDonald, 72, da Queen's University,
do Canadá, e Takaaki Kajida, 56, da Universidade de Tóquio, Japão pela
descoberta de que os neutrinos, um tipo de partícula elementar, mudam de
classe e possuem massa.
Neutrinos são partículas subatômicas sem
carga elétrica – daí o seu nome. Segunda partícula mais abundante do
Universo, perdendo apenas para o fóton, as partículas de luz, bilhões
delas cruzam o corpo humano a todo momento.
Se os neutrinos têm massa, isso
significa que há uma significativa interação gravitacional entre eles e o
resto do Universo. Foi o que Kajita e McDonald, trabalhando em
diferentes detectores de partículas, mostraram no fim da década de 1990 e
começo dos anos 2000.
Os pesquisadores descobriram que o
neutrino tem massa a partir de um problema: as teorias da física previam
que uma determinada quantidade de neutrinos deveria chegar à Terra a
partir do Sol, mas os nossos detectores só recebiam um terço desse
valor. O que acontecia com a partícula no caminho até a terra?
Elaborando experimentos sofisticados com
detectores ultrassensíveis em cavernas profundas para evitar
interferências externas, Kajida e McDonald levaram à detecção “das
partículas desaparecidas”. Os neutrinos estavam, na verdade, se
transformando de um tipo para outro, o que dificultava a investigação. O
problema é que os neutrinos produzidos no Sol, por exemplo, são de uma
classe específica, associada aos elétrons, as partículas de carga
negativa nos átomos.
Os experimentos dos dois físicos
ganhadores do Nobel de 2015 mostraram que os neutrinos do elétron também
poderiam se transformar em "neutrinos do tau" ou "neutrinos do múon",
associados a outras partículas elementares. Uma implicação disso era que
essas partículas possuem massa, algo que não era esperado.
Ambos trabalharam em experimentos
importantes para o estudo de neutrinos. Kajida integra a equipe do
projeto Super-Kamiokande, um conjunto de detectores de 40 metros de
altura construído numa mina de zinco a 1 km de profundidade, perto de
Tóquio. Esse experimento pesquisava neutrinos produzidos por raios
cósmicos na atmosfera terrestre.
McDonald trabalhou no Observatório de
Neutrinos de Sudbury, no estado canadense de Ontario, que estudava
neutrinos produzidos pelo Sol. O projeto consistia em detectores
instalados dentro de uma caverna aberta por uma mina de níquel a 2 km de
profundidade.
A confirmação de que neutrinos têm massa
contrariava aquilo que era sugerido pelo “Modelo Padrão”, a teoria
vigente da física de partículas, indicando que ele talvez não seja uma
descrição completa da física fundamental. Antes disso, acreditava-se que
os neutrinos fossem entidades sem massa, como os fótons.
Os físicos dividirão um prêmio de 8
milhões de coroas suecas, que equivalem a R$3,8 milhões. O dinheiro
provém de um fundo deixado pelo patrono do prêmio, Alfred Nobel
(1833-1896), inventor da dinamite. Os prêmios são distribuídos desde
1901.
O CBPF e a Física de Neutrinos
Com longa tradição em Física de
Partículas, área em que o estudo de neutrinos se insere, o CBPF integra
atualmente três colaborações internacionais relacionadas à pesquisa
sobre neutrinos: Double Chooz, França; CONNIE e MINERVA, FERMILAB,
Estados Unidos.
Além disso, é sede do Projeto Angra
Neutrinos, uma colaboração que reúne pesquisadores de diversas
instituições de ensino e pesquisa do Brasil e conta com o apoio da
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU que
congrega os países signatários do Tratado de não proliferação nuclear.
O projeto desenvolve técnicas para
monitorar reatores nucleares através da medida do fluxo de neutrinos
emitido utilizando o reator nuclear Angra II. Estas técnicas, além de
oferecerem um método alternativo para medir a potência térmica do
reator, podem também ser usadas para determinar a composição isotópica
do combustível nuclear, constituindo-se em um método alternativo para
controle de reatores e verificação de salvaguardas nucleares.
Fonte: O Globo e Folha de São Paulo.
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Núcleo de Comunicação Social - NCS/CBPF
E-mail: ncs_cbpf@cbpf.br
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