quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Veneno de vespa brasileira ataca células cancerígenas

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2015/09/02/interna_ciencia_saude,496891/pesquisa-revela-que-veneno-de-vespa-brasileira-ataca-celulas-cancerigenas.shtml


Pesquisa revela que veneno de vespa brasileira ataca células cancerígenas

Pesquisa feita pela Unesp, em parceria com universidade inglesa, identifica substância produzida pelo inseto que pode levar a novos tratamentos contra tumores

por Paloma Oliveto

02 09 2015



Na pele, ele causa dor, coceira, queimação e inchaço. Mas, para a medicina, o veneno nem sempre é vilão: Hipócrates receitava arsênico contra úlcera; Plínio, o Velho, apostava no líquido extraído de serpentes para curar a catarata. Hoje, com maior sofisticação técnica, a ciência também se volta à investigação de substâncias tóxicas que levem ao desenvolvimento de novos remédios. Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), um grupo de pesquisadores encontrou no veneno de uma vespa brasileira o potencial de combater células cancerosas. O resultado do estudo foi publicado na edição de ontem da revista Biophysical Journal, do grupo Cell.


A descoberta está em fase embrionária, ressaltam os cientistas. Mas, se confirmada nas próximas etapas, poderá fazer do veneno da Polybia paulista forte candidato para compor uma nova classe de medicamentos oncológicos, que visam à camada de lipídeos da membrana celular. “Isso poderia ser útil no desenvolvimento de novas terapias combinadas, em que múltiplas drogas são usadas simultaneamente para tratar um câncer ao atacar diferentes partes das células cancerígenas ao mesmo tempo”, destacou, em um comunicado, o pesquisador da Universidade de Leeds Paul Beales, coautor do estudo. Nos testes da Unesp, realizados com células cancerígenas de tumores sólidos, cultivadas em laboratório, o veneno evitou o crescimento das estruturas doentes, mas poupou as saudáveis.


De acordo com João Ruggiero Neto, pesquisador do Instituto de Biociências da Unesp e também autor do artigo, em 2009, os cientistas da universidade brasileira detectaram, pela primeira vez, a presença de um peptídeo chamado MP1 no veneno da Polybia paulista. A substância começou a ser explorada por sua atividade antibacteriana.

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