A MULHER QUE DESAFIOU A DITADURA BRASILEIRA
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70 anos de Leila Diniz: 7 frases revolucionárias da atriz que desafiaram o machismo no Brasil
Leila Diniz morreu cedo, mas o tempo que viveu foi suficiente para deixar sua marca e fazer a diferença na história. Revolucionária, ela marcou época não só como atriz, mas como mulher que enfrentou e subverteu conceitos de uma sociedade extremamente machista.
Por Larissa Baltazar, do Brasil Post
Em seus brilhantes 27 anos de vida, a atriz ficou conhecida por ser desbocada e por fazer declarações polêmicas em plena época da ditadura militar. Em anos em que tudo era motivo de repressão, Leila foi intransigente e posicionou a mulher de um jeito inédito: como um ser livre, com seus próprios sonhos, vontades e desejos.
Leila Roque Diniz (Niterói, 25 de março de 1945 — Nova Délhi, Índia, 14 de junho de 1972) foi uma atriz brasileira.
Índice
Biografia
Formou-se em magistério e foi ser professora do jardim de infância no subúrbio carioca. Aos dezessete anos, conheceu seu primeiro marido, o cineasta Domingos de Oliveira e casou-se com ele. O relacionamento durou apenas três anos. Foi nesse momento que surgiu a oportunidade de trabalhar como atriz. Primeiro estreou no teatro e logo depois passou a trabalhar na TV Globo, atuando em telenovelas. Mais tarde, casou-se com o cineasta moçambicano Ruy Guerra, com quem teve uma filha, Janaína. Participou, ao todo, de quatorze filmes, doze telenovelas e várias peças teatrais.Leila Diniz quebrou tabus de uma época em que a repressão dominava o Brasil, escandalizou ao exibir a sua gravidez de biquini[1] na praia, e chocou o país inteiro ao proferir a frase: Transo de manhã, de tarde e de noite. Considerada uma mulher à frente de seu tempo, ousada e que detestava convenções.[2] Foi invejada e criticada pela sociedade conservadora das décadas de 1960 e 1970 e pelas feministas pois consideravam que ela estava a serviço dos homens [3] .
Leila falava de sua vida pessoal sem nenhum tipo de vergonha ou constrangimento. Concedeu diversas entrevistas marcantes à imprensa, mas a que causou um grande furor no país foi a entrevista que deu ao jornal O Pasquim em 1969. Nessa entrevista, ela, a cada trecho, falava palavrões que eram substituídos por asteriscos, e ainda disse: Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo.
O exemplar mais vendido do jornal foi justamente esse no qual foi publicada a entrevista da atriz fluminense. E foi também depois dessa publicação que foi instaurada a censura prévia à imprensa, mais conhecida como Decreto Leila Diniz. Perseguida pela polícia política, Leila se esconde no sítio do colega de trabalho Flávio Cavalcanti, tornando-se em seguida jurada do programa do apresentador, no momento em que é acusada de ter ajudado militantes de esquerda. Alegando razões morais, a TV Globo do Rio de Janeiro não renova o contrato de atriz. De acordo com Janete Clair, não haveria papel de prostituta nas próximas telenovelas da emissora.[2]
Meses depois, Leila reabilita o teatro de revista, e começa uma curta e bem sucedida carreira de vedete. Estrelando a peça tropicalista Tem banana na banda, improvisando a partir dos textos escritos por Millôr Fernandes, Luiz Carlos Maciel, José Wilker e Oduvaldo Viana Filho. Recebe de Virgínia Lane o título de Rainha das Vedetes. No carnaval de 1971, é eleita Rainha da Banda de Ipanema por Albino Pinheiro e seus companheiros.
Morreu num acidente aéreo, voo JAL471, da Japan Airlines, no dia 14 de junho de 1972, aos 27 anos, no auge da fama, quando voltava de uma viagem à Austrália.
A atriz Marieta Severo e o compositor e cantor Chico Buarque de Holanda, seus amigos, cuidaram da filha de Leila Diniz e Ruy Guerra, durante muito tempo, até o pai ter condições de assumir a filha, Janaína Diniz Guerra.
Um cunhado advogado se dirigiu a Nova Délhi, na Índia, local do desastre, para tratar dos restos mortais da atriz. Acabou encontrando um diário que continha diversas anotações e uma última frase, que provavelmente estava se referindo ao acidente: Está acontecendo alguma coisa muito es....
Leila Diniz, A Mulher de Ipanema, defensora do amor livre e do prazer sexual, é sempre lembrada como símbolo da revolução feminina, que rompeu conceitos e tabus por meio de suas ideias e atitudes.
"Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão." |
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Carreira
Na televisão
- 1965 - Ilusões Perdidas - (Rede Globo)
- 1965 - Paixão de Outono - Maria Luísa - (TV Paulista)
- 1965 - Um Rosto de Mulher - (TV Paulista)
- 1966 - Eu Compro Esta Mulher - Úrsula (Rede Globo)
- 1966/67 - O Sheik de Agadir - Madelon (Rede Globo)
- 1967 - A Rainha Louca - Lorenza - (Rede Globo)
- 1967 - Anastácia, a Mulher sem Destino - Anastácia - (Rede Globo)
- 1968 - O Direito dos Filhos - Ana Lúcia - (TV Excelsior)
- 1969 - Acorrentados - Irmã Amparo - (TV Rio)
- 1969 - Vidas em Conflito - Débora - (TV Excelsior)
- 1969/70 - Dez Vidas - Pompom - (TV Excelsior)
- 1970 - E Nós, Aonde Vamos? - Beth - (TV Tupi)
No cinema
- 1967 - Mineirinho, Vivo ou Morto [4]
- 1967 - Todas as Mulheres do Mundo [5]
- 1967 - Juego peligroso
- 1968 - Edu, Coração de Ouro - Tatiana
- 1968 - O Homem Nu - Mariana
- 1968 - A Madona de Cedro - Marta
- 1968 - Fome de Amor - Ulla
- 1969 - Corisco, o Diabo Loiro - Dadá
- 1969 - Os Paqueras - ela mesma
- 1970 - Azyllo Muito Louco - Eudóxia
- 1970 - O Donzelo - participação especial como ela mesma
- 1971 - Mãos Vazias
- 1972 - Amor, Carnaval e Sonhos
- 1977 - O Dia Marcado (póstumo)
Na música
- 1980 - Um Cafuné na Cabeça, Malandro, Eu Quero Até de Macaco - Parceria com Milton Nascimento - Álbum Sentinela
Referências
- Cinemateca Brasileira Todas as Mulheres do Mundo [em linha]
Ligações externas
*JBlog Hoje na HIstoria: 14 de junho de 1972 - Morre Leila Diniz- Leila Diniz (em inglês) no Internet Movie Database
- Adoro Cinema Brasileiro
- JB Online - Hoje na História - 1972: Morre Leila Diniz
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