quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Novo Lançamento Literário de Cesare Battisti



Novo Lançamento de Cesare Battisti
Battisti, C.: O Cargueiro Sentimental

Bienal do Livro do Rio de Janeiro,
12 de setembro de 2015 as 19h00
Avenida Salvador Allende, 6555
Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ
Martins Fontes - Selo Martins - estande J13/I16

Battisti: 36 Anos de Perseguição
Nos anos recentes, Cesare Battisti foi um dos estrangeiros mais mencionados pela mídia, e o mais caluniado e provocado pela direita brasileira. Entretanto, sua história real é pouco conhecida.
Nos anos 70 uniu-se aos que combatiam os restos do velho fascismo na Europa e o novo fascismo em outros lugares. Ele entrou num movimento cujo objetivo era defender trabalhadores, detentos e ativistas perseguidos, torturados e maltratados pela polícia, o judiciário e os mercenários fascistas e mafiosos.
Em 1982, estando Battisti refugiado no México, um detento italiano, beneficiado com a redução de mais de 70% da sua condenação, teceu uma história na qual acusava Battisti por várias mortes cometidas por ele próprio e outros colegas. Battisti começou a preocupar seriamente ao estado Italiano, quando seus romances, que continham denúncias contra os abusos que aconteciam na Itália, foram aplaudidos e venderam milhares de cópias na França.
A legião de fãs e amigos pessoais de Battisti foi integrada por milhares, incluindo famosos escritores, estrelas de cinema, e políticos importantes como o então prefeito de Paris, e o atual presidente da França, François Hollande. O movimento em sua defensa foi corajosamente dirigido pela escritora Fred Vargas e sua irmã, a artista plástica Jo Vargas.
Apesar disso, a forte pressão da Itália sobre o governo francês para entregar Battisti, o forçou a fugir para o Brasil.
Refugiado no Brasil em 2008, por uma decisão valorosa do ministro Tarso Genro, Battisti foi defendido pelos mais importantes juristas brasileiros, pelos movimentos sindicais de direitos humanos, e por partidos e movimentos de esquerda. Foi mantido preso até junho de 2011.
O Supremo Tribunal Federal anulou o refúgio de Battisti, sendo que a concessão de refúgio é discricionária d@ Chef@ do Estado, mas, também reconheceu o direito do presidente Lula de tomar a decisão final.
Finalmente, o chefe de estado decidiu manter Battisti no País. Ele possui, desde 2011, documentos de imigrante definitivo, permissão para trabalhar e esposa brasileira.
Battisti fez numerosos amigos no Brasil, e continuou com sua atividade intelectual e familiar, apesar dos numerosos percalços, das diversas provocações e das ameaças.
O livro que agora apresenta é a tradução ao português de um romance escrito na França, que foi aclamado pela exigente crítica literária europeia.
Battisti: Escritor e Cidadão
A mídia, a oposição política de direita e os numerosos grupos fascistas do Brasil tocaram uma pesada campanha contra ele, cujo maior volume arrefeceu, mas que, de vez em quando, aparece esporadicamente.
Todavia, desde 1980, ninguém pode relatar nenhuma infração de Battisti nos países pelos quais passou. Trabalhou como garçom, zelador e escritor no México e na França, e fez amigos em todas as partes. Suas filhas, seus irmãos e amigos franceses e italianos atravessam com frequência o Atlântico para visita-lo. Ao sair da prisão retomou seu namoro e atualmente vive com sua companheira e a filha adotiva, esforçando-se por conseguir formalizar seu casamento no Brasil.
Apesar das tentativas de desestabilizar sua serenidade, Battisti conseguiu trabalhar num novo livro, ainda não terminado, sobre aspectos da vida e a história brasileira. Sua vida não pode ser mais normal e pacífica.
O Livro: O Cargueiro Sentimental
Battisti começou a escrever como profissional na França, e, a partir de 1990 publicou numerosos romances no estilo noir, alguns deles (como Os Últimos Cartuchos e este que agora comentamos), foram muito elogiados pela mídia brasileira, e receberem crítica favorável tanto de especialistas em literatura, como linguísticas e sociólogos.
Como diz a escritora francesa Nicole Pottier, Le Cargo Sentimental (Joëlle Losfeld, Paris, 2003 & Galimard, 2005), é uma história de amor, melancólica e triste.
Segundo o especialista Hubert Artus, os romances de Battisti nunca tergiversam a realidade. O amor, o sexo, as viagens, a luta, tudo parece envolvido por uma espécie de ironia. Os militantes italianos que fogem a França para encontrar proteção, conseguem, se tanto, trocar um lugar para viver pelo compromisso de permanecer anônimos, sem identidade.
Neste livro, o protagonista é um jovem italiano que deixa a casa de seu pai (antigo e involuntário resistente contra o fascismo) para embrenhar-se na luta contra os restos de fascismo na Itália. Ele se apaixona por uma garota que fica grávida, que logo se afasta dele sem deixar rastos, até que o protagonista sabe que ela morreu, mas deixou uma filha que também é militante. Isto faz que ele empreenda uma procura desesperada por sua filha, uma tarefa que colocará em cena os problemas de três gerações de militantes, a do pai resistente antifascista, a da namorada e parceira de militância, e a filha de ambos.
A impecável articulação entre as três épocas e a profunda descrição dos dramas humanos envolvidos na ação política, chamou a atenção da crítica literária francesa e provocou a aclamação do público esclarecido.
O prestigioso semanário Paris-Match destaca que este livro de Battisti é a melhor manifestação do impasse absoluto ao qual conduz o terrorismo. O autor da resenha se emociona, e, parodiando o ditado latino sobre os imperadores, termina assim:
“Ave, Cesare, os que leram teus livros te saúdam”
Carlos A. Lungarzo

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