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A Justiça Federal no Espírito Santo determinou que a mineradora
Samarco, cujos donos são a Vale e a BHP Billiton, apresente em 24 horas
medidas para que a lama que atingiu o Rio Doce após o rompimento de
barragem de rejeitos de mineração não chegue ao litoral do estado.
Segundo a decisão do juiz Rodrigo Reiff Botelho, a empresa será multada
em R$ 10 milhões por dia caso a determinação não seja cumprida.
"Passadas hoje quase duas semanas do início do desastre e já havendo, há
algum tempo, a previsão de que o fluxo de lama e resíduos, ao se
movimentar ao longo do leito do Rio Doce, fatalmente iria atingir e
afetar drasticamente a foz do referido rio e todo o ecossistema local e
marinho capixaba, as unidades de conservação no entorno e as praias
costeiras, não houve ainda, ao que parece, a elaboração de um plano
emergencial de contingência para se minorar esses impactos que se
mostram como certos", diz o juiz na sentença.
A onda de lama que se formou após o rompimento da barragem de Fundão, em
Mariana, chegou ao Rio Doce, provocando a morte de peixes e impedido o
abastecimento de água em cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo. O
rio deságua no mar na cidade capixaba de Linhares. A previsão é que a
lama chegue à foz do rio até o fim de semana. A Samarco confirmou o
recebimento da decisão da Justiça Federal e informa que irá analisar
"cuidadosamente" o que é requerido. A empresa Informou que está tomando
as providências para mitigar as consequências geradas com o avanço da
lama pelo Rio Doce.
Segundo a empresa, 9 mil metros de barreiras de contenção começaram a
ser instaladas na quarta-feira. " As contenções começam na parte sul da
foz, em Regência, e seguem até Povoação, na região de Linhares. As
barreiras serão instaladas em pontos estratégicos, às margens do rio,
com o objetivo de preservar a fauna e a flora locais", disse a empresa,
em nota.
'Vai ser um grande impacto', diz ministra sobre lama no mar
A informação foi dada na manhã desta quinta-feira, pela ministra do Meio
Ambiente, Izabella Teixeira, citando dados preliminares de uma
modelagem que está sendo feita pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
Ela deu a declaração em resposta a uma suspeita, divulgada no jornal O
Globo, de que a lama poderia chegar ao arquipélago de Abrolhos,
localizado 250 km acima da foz. Do ponto do vazamento das barragens até o
mar, a lama vai ter percorrido 657,4 km.
"As correntes estão na direção do sul, não do norte. Não há (esse risco)
nas informações disponíveis até agora na modelagem feita pelo professor
Paulo Rosman, da Coppe/UFRJ. Obviamente os dados são preliminares com
base em vazão, concentração de sedimentos. Isso pode mudar no tempo com o
acompanhamento da lama", afirma Izabella. "Não há expectativa de chegar
em Abrolhos, nem mesmo em Vitória, que está a 120 km dali."
A ministra confirmou, porém, que a lama vai chegar ao mar e terá
impactos. "Agora como a lama vai chegar, em qual quantidade, se vai mais
para o fundo, isso depende de como vai entrar (no mar), considerando
que a foz do rio está assoreada. Então tenho um ambiente estuarino antes
de chegar no mar. Vai ser um grande impacto, provavelmente, nesse
ambiente estuarino, que as pessoas estão trabalhando na prevenção."
Nessa faixa estimada de dispersão, Izabella afirma que há a presença de
recursos pesqueiros. "Tem crustáceo, tem fauna de bento, vai ter
impacto, mas fizemos um canal de desvio (na foz do rio, para facilitar a
dispersão da lama) para não pegar a área de desova da tartaruga de
couro (espécie ameaçada de extinção que vive no local)." O projeto Tamar
está recolhemos os ovos do animal.
"Mas impacto vai ter. Como teve no Rio Doce, no trecho de Minas, onde a
fauna acabou. A ictiofauna acabou. A calha do rio principal ficou
impossível, especialmente para os peixes de fundo. Porque os peixes de
superfície, muitos conseguiram migrar para os tributários, mas estão
morrendo. A fauna ribeirinha foi impactada. É a maior catástrofe
ambiental do País, isso é inegável", diz.
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