Retrato do poeta Pablo Neruda levanta debate sobre a cultura de estupro no Chile
https://pt.globalvoices.org/2015/10/10/retrato-pablo-neruda-debate-cultura-estupro-chile/A representação feita pela artista chilena Carla Morena do célebre poeta Pablo Neruda, acompanhada de um texto escrito por ele sobre um possível encontro sem consentimento que teve quando jovem, despertou polêmica e debate sobre a cultura do estupro em uma sociedade machista.
A última publicação de uma série de retratos sinistros, que evocam o estilo de capas de livros pulp fiction, retrata o célebre Nobel de Literatura com um monte fezes gotejando sobre sua cabeça, com o título “Machista progressista”. Parodiando as memórias do poeta, “Confesso que vivi” (publicadas postumamente, em 1974), a versão de Moreno foi intitulada “Confesso que estuprei”, seguida do subtítulo: “a uma mulher negra e pobre da raça Tamil, da casta dos párias, enquanto era Cônsul em Colombo”.
Moreno comenta seu trabalho com a desconstrução de uma passagem escrita por Neruda, onde descreve uma experiência que teve enquanto serviu como Cônsul do Chile no Sri Lanka (na época, Ceilão), durante os anos 1920. Depois de desenvolver uma intensa atração pela mulher que limpava seu banheiro todas as manhãs, ele conta como finalmente prevaleceu e teve relações com ela, apesar do fato de ela nunca ter correspondido às suas intenções.
Neruda nota também sua posição de autoridade sobre a mulher e como ele a havia objetificado como ser exótico. De acordo com Carla Moreno, ele se refere a ela como “não uma pessoa, não uma igual”. A autora coloca:
Em um artigo publicado em ElDesconcierto, Vanessa Vargas Rojas, afirma:
Neruda é considerado um dos maiores poetas do século XX. Sua obra constitui uma parte do patrimônio cultural do Chile e da América Latina. Além disso, ele combinou sua escrita com atividades políticas. Depois da carreira diplomática, em 1945 foi eleito para o Senado e se filiou ao Partido Comunista. Três anos mais tarde, quando o governo chileno passou para as mãos da direita com a presidência de Gabriel González Videla, e o comunismo foi declarado ilegal, Neruda passou a ser perseguido em seu país e partiu para o exílio forçado. O autor de Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada morreu em 23 de setembro de 1973, em Santiago, Chile.
Para os fãs do famoso poeta, a revelação foi um escândalo:
Os poemas de Pablo Neruda fazem alusão ao estupro; por que as pessoas elogiam seus “poemas de amor”
O estupro nunca pode ser reproduzido de maneira poética, nem sequer por Neruda, antes um favorito.
Como deixar passar a parte do estupro nas memórias de Neruda? Toda essa adulação em seu aniversário. Tantos sentimentos.
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