segunda-feira, 14 de setembro de 2015
imigrantes
tudo o que eu possa escrever desenhar e postar neste blog denuncia a minha origem a minha raiz sóciocultural e mesmo assim estou aqui e nunca poderia negar nada na verdade pra maioria das pessoas isto nem importa porque o que é um blog o que é ser blogueira ou ciberativista...é nada praticamente assim como é nada ser uma mulher de classe média que se mete a escrever um blog e que é neta de uns italianos que chegaram aqui no final do século dezenove vindos em um navio chamado umberto I e de uma avó galega que morreu aos 35 anos assim como a avó calabresa que tinha um pai feroz e que ao morrer deixou quatro filhos sendo só um maior de 18 anos que era meu pai...a vida de meu avô napolitano não foi fácil chegou aqui na adolescência ou antes... preciso verificar nos documentos que restaram dele ficou viúvo cedo e teve de criar 3 filhos menores de idade e um maior fazia belas tigelas de macarronada com brajolas pra alimentar os filhos trabalhava na ferrovia pintando letreiros em trens tinha talentos artísticos mas que nem puderam se desenvolver muito deixou seus pincéis feitos à mão pra sua neta primogênita que aos 13 anos já pintava telas à óleo... morreu antes que eu nascesse ... fico imaginando a vinda de meus bisavôs e avôs no tal navio umberto I cruzando o oceano e chegando aqui no brasil na época em que era tudo muito mais calmo quase não sei nada da vida deles lá na itália isto é bem chato pra mim gostaria de saber como era e o que passaram no tal navio e como foram recebidos aqui no bairro da mooca na cidade de são paulo fico pensando na minha bisavó que cuidava dos cavalos era mulher forte e que se orgulhava muito do neto primogênito que era meu pai era mesmo um garotinho lindo meu pai as filhas mulheres eram sempre menos queridas do que os filhos homens mas minha avó paterna só teve filhos meu avô paterno era homem calmo com bela fisionomia casou-se tarde e ficou viúvo cedo a irmã dele o ajudou a criar o filho menor a vida dos imigrantes parecem ser sempre muito provisórias muito tristes às vezes as pessoas sentem-se sem chão talvez por terem saído do lugar de onde nasceram ...mesmo meus bisavôs terem chegado ao brasil com condições financeiras boas mesmo assim nunca se compara com viver no lugar em que se nasce... se há mais de 100 anos o mundo já era complicado hoje nem se fala e por isso tantos refugiados procurando ter um pouco de paz em outras partes do planeta que cada vez fica menor e cada vez fica pior por causa da "maioria" injusta e cruel
nadia gal stabile - 14 de setembro de 2015
*sem vírgulas e sem pontos
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