CRIME DA RUA TONELERO E SUICÍDIO DO PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS
* Incrível como funcionam as intuições, de repente surgiu-me na cabeça "Crime da Rua Tonelero(s)" ... antes tinha visto página no Facebook sobre o filme de Silvio Tendler... sobre o filme: .http://tvbrasil.ebc.com.br/noticia/2014-12-29-documentario-militares-da-democracia-de-silvio-tendler-estreia-nesta-quinta-0101 passei correndo pela página do Facebook porque embora admire muito este cineasta, meus preconceitos e conceitos em relação aos militares são enormes... ainda! Mas... ai vi fatos estranhos,(mesmo tendo visto um filme sobre Getúlio Vargas na rede esgoto de tv...)... como sabemos, brasileiro legítimo desconhece quase que totalmente a história do Brasil! É preciso rir pra não chorar, ou chorar muito, pois graças a droga de educação que temos desde a Ditadura Militar... ...paro por aqui e coloco links sobre estes fatos cheios de mortes e mistérios, porque hoje é Dia de Finados! Na Wikipédia "Dia dos Fiéis Defuntos" : https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_dos_Fi%C3%A9is_Defuntos
Criado em 21/08/14 19h34
e atualizado em 23/08/14 13h19
Por Leandro Melito
Fonte:Portal EBC
O auge da crise que levou os militares a pedirem a renúncia de Getúlio
Vargas em 1954 foi o atentado contra o principal opositor do governo
Vargas, o jornalista Carlos Lacerda, na madrugada do dia 5 de agosto de
1954 na rua Tonelero, 180, em Copacabana (Rio de Janeiro). "Naquela
noite, o Getúlio começa a morrer", considera Lira Neto, autor da
biografia em três volumes sobre o político.
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As investigações sobre o episódio apontaram a participação de três
integrantes da guarda presidencial de Getúlio. Um deles, Gregório
Fortunato, chefe da guarda presidencial, teria sido o mandante do crime.
O fato deu munição para os opositores de Getúlio, em especial o próprio
Lacerda, pedirem a renúnica do presidente. O clima foi corroborado pela
imprensa e chegou aos meios militares que também exigiram que o chefe
do governo entregasse o cargo. Sem conseguir contornar a situação,
Getúlio optou pelo suicídio. Sessenta anos após a morte do presidente, o crime da Rua Tonelero não
foi até hoje totalmente esclarecido, aponta o biógrafo Lira Neto.
Segundo ele, alguns fatos ainda levantam dúvidas sobre o que realmente
aconteceu naquela madrugada de 5 de agosto de 1954: a arma utilizada por
Lacerda, que não foi apresentada no inquérito, e o prontuário do
atendimento médico teria recebido pelo ferimento da bala são alguns
deles. Assista trecho da entrevista com Lira Neto: https://www.youtube.com/watch?v=nhUz-95oxK0 O crime da rua Tonelero Lacerda conversava com o major Vaz, integrante da equipe de oficiais
que faziam espontaneamente sua guarda pessoal durante a campanha do
jornalista para deputado federal, quando um homem disparou contra eles. O
jornalista correu para a garagem de seu prédio e voltou para revidar os
tiros. O autor dos disparos conseguiu fugir em um carro, que teve a
placa anotada pelo guarda municipal Sálvio Romeiro, atingido por um
disparo. Ao todo seriam três pistoleiros envolvidos segundo a primeira
versão contada por Lacerda, que também foi atingido por um tiro na
perna. O motorista do automóvel, Nelson Raimundo, que teve a placa anotada
pelo vigilante, apresentou-se na delegacia ainda naquela madrugada. Ele
afirmou que fez uma corrida de táxi, mas disse que não conhecia os
passageiros e não sabia o motivo da corrida. O que chamou a atenção nas
declarações do motorista foi o local onde ele fazia ponto como taxista: a
rua Silveira Martins, bem ao lado do Palácio do Catete. Nas páginas de
seu jornal, A Tribuna da Imprensa, Lacerda apontou Getúlio como
culpado pelo atentado. "Acuso um só homem como responsável por esse
crime. É o protetor dos ladrões, cuja impunidade lhes dá audácia para
atos como o dessa noite. Este homem chama-se Getúlio Vargas", escreveu. O motorista Nelson Raimundo continuou detido e na madrugada do dia 7
para o dia 8 de agosto fez novas revelações. Ele teria transportado dois
homens, mas apenas um ele conhecia: Climério Euribes de Almeida,
integrante da guarda pessoal do presidente Vargas. Nascido e criado em
São Borja (RS), Climério fez parte do batalhão provisório comandado pelo
irmão de Getúlio, Benjamin Vargas, durante os combates à revolução
paulista de 1932, assim como Gregório Fortunato, o chefe da guarda
presidencial.
A movimentação das Forças Armadas
Fotografia de uma manifestação de militares
com faixa alusiva ao crime da rua Toneleros em Copacabana, Rio de
Janeiro 1954 (Arquivo Nacional / Agência Nacional)
Com base nas revelações de Raimundo, Getúlio decide extinguir a guarda
presidencial, mas já chegavam ao Palácio informações de que a
Aeronáutica estava em estado de sublevação - os majores não obedeciam
mais aos superiores. No Clube Militar, 3 mil oficiais do Exército, da
Marinha e da Aeronáutica aprovaram uma moção cobrando mais esforços na
apuração do crime e a punição rigorosa dos responsáveis. Dias depois, o brigadeiro Eduardo Gomes, opositor de Getúlio, passou a
liderar o movimento pela sua derrubada ao ser declarado, por aclamação,
"chefe incontestável" da Força Aérea, em uma reunião da oficialidade no
clube da instituição. Em seguida, Gomes participou de uma reunião secreta com altas patentes
militares com o objetivo de pressionar o ministro da Guerra, general
Zenóbio da Costa, a apresentar a proposta de renúncia ao presidente.
Zenóbio, que depois seria procurado pelo próprio Lacerda com o mesmo
objetivo, se negou a participar da deposição de Getúlio.
Anjo Negro
A polícia chegou ao segundo nome que estaria no carro no dia do
atentado. Após interrogatório, Alcino João do Nascimento confessou ter
atirado no major, após uma luta corporal, mas afirmou que havia sido
contratado para matar Lacerda. Dias depois, o subchefe da extina guarda pessoal de Getúlio, João
Valente de Souza confessou ter facilitado a fuga de Climário e Alcino,
dando instruções e repassado a eles o dinheiro entregue por Gregório
Fortunato. No domingo, dia 15 de agosto, o Anjo Negro, como era
conhecido, foi preso. Climério, que ainda estava foragido, é encontrado no dia seguinte e
confirma que o dinheiro para a fuga teria sido entregue por Gregório. No
dia 19, José Antonio Soares, apontado como intermediário entre Climério
e Alcino, também foi preso. Após vasculharem os papeis de Gregório
Fortunato, os responsáveis pelo Inquérito Policial Militar descobriram
que ele era dono de uma fortuna incompatível com o seu salário. Os
documentos distribuídos à imprensa passaram a ser divulgados a partir de
20 de agosto.
"Só morto sairei do Catete!"
No dia 21 de agosto, o vice presidente Café Filho apresentou
pessoalmente a Getúlio uma proposta de dupla renúncia. Ambos deixariam o
cargo para contornar a crise institucional. Getúlio disse que iria
consultar alguns amigos antes de uma decisão. No dia 22, as mais altas
patentes da Força Aérea se reuniram em assembleia no Clube da
Aernonautica, local onde os oficiais responsáveis pelo IPM apresentaram
resultado das investigações até ali e pediram aos brigadeiros que
assumissem a direção dos acontecimentos. Chamados a agir, os brigadeiros elaboraram um manifesto exigindo a
renúncia imediata de Getúlio. O manifesto foi entregue ao então
presidente pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, marechal
Mascarenhas de Moraes. "Marechal, em 1945, eu estava no governo mantido
pela vontade das armas. Atualmente, fui eleito pelo povo, e não posso
sair daqui enxotado pelas Forças Armadas. Não renuncio; daqui só sairei
morto e o meu cadáver servirá de protesto contra essa injustiça", disse
Getúlio. Logo depois, o presidente recebia novamente Café Filho, para
saber sua decisão sobre os últimos acontecimentos. "Não renunciarei de
maneira alguma. Se tentarem tomar o Catete, terão de passar sobre meu
cadáver". A edição do jornal Última Hora, editado por Samuel Wainer e único veículo favorável ao ex-presidente, estampou na capa "Só morto sairei do Catete!". A última reunião Ainda no dia 23, por volta das 11h, a alta oficialidade da Marinha
reuniu-se em assembleia e decidiu apoiar as exigência da Aeronáutica e
lançar o manifesto dos almirantes. O manifesto dos generais, já tinha
sido redigido na noite anterior na casa do chefe do Estado-Maior do
Exército. Por volta das 23h, com a assinatura de 27 generais, o
documento foi entregue ao ministro da Guerra, general Zenóbio, para que
ele entregasse ao presidente. Zenóbio chegou ao Catete por volta da 0h
daquele 24 de agosto, acompanhado do marechal Mascarenhas de Moraes para
comunicar a Getúlio que o manifesto seria divulgado dentro de algumas
horas e ele estaria deposto. Getúlio começou a convocar os ministros por volta das 12h30. A última
reunião ministerial do presidente iniciou por volta das 2h da manhã
daquele dia 24 e foi acompanhada também por sua esposa Darcy e os filhos
Alzira, Lutero e Maneco. Por volta das 5h30 terminaram as discussões
com a decisão de que Getúlio se afastaria do cargo por três meses em uma
tentativa de solucionar a crise. Getúlio se recolheu aos seus aposentos
e, por volta das 8h35 o tiro ecoou pelo palácio.
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