Eu, Araguaia e tu, um tempo só.
Abraamicamente numerosas,
nos garantem o sonho proibido
as estrelas, lá fora canceladas.
O ipê batiza ainda com ouros gratuitos
o Silêncio, o que nós, ó Araguaia,
conseguimos salvar dos invasores.
Sempre ainda encontramos — eu e tu —
a pergunta inquietante de uma garça, na beira,
provocando respostas, acordando o Mistério.
Tu estavas, no princípio,
de acordo com a Lua, sacerdotisa virgem,
alfombrando as cadências do Aruanã sagrado.
Os potes Karajá recolhiam teus olhos
e os peixes costuravam de prata teu banzeiro.
Ainda o Padim Ciço não mostrara
tua bandeira Verde aos retirantes.
Não havia Funai, Sudam, nem Incra.
Eram
Deus
e as Aldeias.
Poema extraído da obra CHUVA DE POESIAS, CORES E NOTAS NO BRASIL CENTRAL, 2 ed., de Sônia Ferreira. Goiânia:Editora da UCG; Editora Kelps, 2007, com a autorização da autora.
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