Por Osmir Nunes
Posso marcar uma entrevista com Sr. José Reis? É impressionante, mas essa pergunta tem sido muito persistente de diversas partes do Brasil, dirigidas ao NJR. Não se trata de desinformação, ou até brincadeira de mau gosto, pelo contrário, como afirmam os interessados. Trata-se de um nome tão presente que é difícil imaginá-lo ausente. A maioria acha que o Núcleo é o seu atual espaço de atuação. Essas pessoas estão certas. Neste ano comemoramos 100 anos de atuação de José Reis.
O primeiro centenário de nascimento desse homem significam 100 anos de Divulgação Científica. Seu DNA já previa isso. Aos dez anos, “menino pobre”, como afirmava, conhecia o desafio da linguagem quando produzia seu primeiro livro de poemas e os irmãos mais velhos, a platéia obrigatória, tinham que ouvir suas declamações.
José Reis não inventou a divulgação científica. Tratou de fazê-la. Fez por gosto e necessidade e, sobretudo com persistência. Começou a prática de divulgador sistemático em 1931 e nunca parou até morrer, em 2002. Fez uso de todos os veículos de comunicação e expressão que dispunha em cada época e tempo de sua vida: folhetos, livros, jornais, revistas, filmes de cinema, programa de TV, peça de teatro, programa de radio, radioteatros, furgão adaptado, feiras de ciência, cursos, conferências, pesquisa científica, aulas, entidades de política científica, política, literatura, traduções, desenhos, paródias, concursos diversos etc.
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Sua ação comunicativa era total, expressava-se e lia avidamente e além da língua portuguesa conhecia latim, inglês, francês, alemão, italiano, espanhol e brincava com o grego. Médico de formação, cientista de doenças de aves no Instituto Biológico, teve artigos publicados em diversas publicações internacionais. Tornou-se administrador público e ajudou a fundar a atual FEA/USP, FAPESP, SBPC, para ficarmos em algumas das inúmeras entidades que ajudou a criar.
Neste momento em que a crise educacional se agrava mostrando claramente, através dos exames nacionais de avaliação educacional, que ano a ano estamos perdendo qualidade, é hora de retomar alguns princípios que José Reis deixou no seu livro, ainda fundamental e atual: Educação é investimento.
Com um espírito de iniciativa sem precedentes participou de diversos projetos educacionais, sendo a Feira de Ciências o mais contundente deles. Percorreu boa parte de escolas públicas do Estado de São Paulo participando de debates e incentivando diretamente os alunos e professores, pois acreditava no investimento daqueles que manteriam o saber no dia seguinte. Apostava em projetos para incentivar vocações de futuros cientistas, tanto é que hoje encontramos diversos deles espalhados em diversas universidades pesquisando e oferecendo resultados.
Por esse motivo aproveitamos para convocar todas essas pessoas que em um dia, perdido na história de sua vida passada de formação, tiveram contado com José Reis, seja nas Feiras de Ciências, Jovem Cientista, Ciranda da Ciência, etc., para dar um breve testemunho para empreendermos uma publicação da geração de cientistas, pesquisadores, educadores que em um certo dia tiveram contato com um certo cidadão chamado José Reis.
A Cátedra e o Núcleo que levam seu nome, instituíram este ano, do primeiro centenário de José Reis, o Ano da Divulgação Científica. Nas palavras dos Coordenadores e da Profª Dra. Glória Kreinz, autora do Projeto José Reis Unidade na Diversidade, em desenvolvimento desde 1991 – envolvendo nomes como as doutoras Nair Lemos Gonçalves, Maria Julieta Ormastroni, Márcia Maria Rebouças, e doutores Crodowaldo Pavan, Oswaldo Frota Pessoa, entre outros que conviveram com José Reis –, “estão sendo preparados livro e encontro para comemorarmos, não o indivíduo, mas as responsabilidades que esse homem idealista assumiu tornando a divulgação científica um projeto de melhoria de vida para população brasileira. A ele devemos muito do que sabemos e fazemos e a equipe de divulgadores científicos presta sua homenagem”.
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