domingo, 7 de fevereiro de 2010
DA MÚSICA À DEGRADAÇÃO - Por Mariana Queen Nwabasili (Do Boletim eletrônico PROSCIENTIAE - nº103 - Novembro de 2009)
É impressionante como a presença da música pode se tornar uma característica extremamente forte em uma obra, a ponto de ficar marcada de forma tão fixa na memória, que passa a ser lembrada como uma metonímia da própria arte da qual faz parte.
A música como artifício do conteúdo é o que faz toda diferença para a percepção da intencionalidade de uma obra e de seu autor. A reverberação do som no espaço gera inquietude, transcende a superfície estrutural dos signos, nos emociona e chama atenção para a complexidade das associações feitas pela mente humana.
Recentemente, tem se tornado comum a utilização dos recursos Áudio visuais para a divulgação de ideias e produções artísticas. Devido à atual facilidade para a produção de verdadeiros- porém, simples- filmes, a expressão individual pôde ser ampliada e reconhecida em vários âmbitos da comunicação. Até mesmo a literatura (a priori, atretalada à rigidez e à concretude das páginas dos livros) se apropriou dos novos formatos para a expansão dos sentimentos e sensações. O poeta científico Marcelo Roque explorou o recurso áudio visual como pano de fundo de uma de suas antologias. Sua poesia ,“Meninos de pedra”, ganhou força ao se transformar numa legenda da intrínseca sobrevivência urbana, que para muitos, torna-se determinista, leva/ arrasta/conduz adultos, jovens e crianças à degradação de suas faces e histórias.
Trilhando caminhos ou seguindo a onda
A escolha da trilha sonora dessa singela poesia filmada também traz muita significação, voltando à resonância da onda inicial desse artigo. A música que embala as duras cenas de “Meninos de pedra” foi retirada de umas das mais impactantes obras cinematográficas dos anos 90. É da acidez e dinâmica frenética proporcionadas pela trilha sonora de “Réquiem For a Dream” ( trilha de Clint Mansell) que Marcelo Roque retira o incremento emocional para a sua poesia áudio visual. Acordes duros e impactantes permeiam as músicas do filme e levam aos ouvidos dos telespectadores – já hipnotizados- a fulgaz e desesperadora sensação dos modernos vícios do homem: serventes dos esteriótipos- pensando na padronização da beleza magérrima- e das fugas psicológicas.
Tanto no inesquecível “Réquiem for a Dream” (filme lançado no ano 2000 com direção de Darren Aronofsky), quanto na no singelo filme do ousado autor de “Meninos de Pedra” , a trilha sonora junto ao conteúdo das respectivas obras é usada como recurso para chamar a atenção do público para o drama dos vícios contemporâneos retratados de maneira ficcional e/ou real. Tornando ainda mais complexos os tratamentos e críticas feitos a um tema grave (drogas e suas degradações), paradoxalmente denunciado através da magia de a vários segmentos das expressões artísticas (desde a cinematurgia à literatura), agora, invadidas por uma frequência sem limites para emocionar.
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FONTE : http://www.eca.usp.br/nucleos/njr/proscientiae/numero103.htm
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