16/01/2017 10:21 - Copyleft
Destaque da semana: em Davos, Oxfam relata que desigualdade é maior do que se pensava
Relatório do ano passado dizia que 62 bilionários detinham tanta riqueza quanto 50% da população. Desta vez o relatório diz que este número se reduz a oito
Flavio Aguiar, de Berlim.
Começa
nesta segunda-feira (16.01) o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na
Suíça. O ministro Henrique Meirelles comparecerá levando a missão de
atrair investimentos, comprovando que agora o Brasil é um país “sério”
que finalmente está enfrentando “seus problemas”.
Naturalmente
a mídia conservadora brasileira deverá apresentar o esforço de
Meirelles como bem sucedido. Não se esperam surpresas deste lado.
Mas
mais uma vez o esforço do governo brasileiro estará na contramão. Desde
pelo menos o ano passado o Fórum Econômico, ao contrário do que fazia
antes, quando apresentava quase sempre uma visando positiva na economia
mundial, vem apresentando um balanço problemático do tema, apontando o
aprofundamento da desigualdade como a espinha dorsal dos problemas do
planeta.
Os
dados são cada vez mais estarrecedores. No ano passado o relatório da
Oxfam - um conglomerado de dezenas de ONGs e associações semelhantes que
atuam em mais de 90 países, apresentado no mesmo Fórum, dizia que 62
bilionários detinham tanta riqueza quanto 50% da população mundial.
Desta vez o relatório diz que este número se reduz a oito. Se levarmos
em conta os outros 56 do relatório passado, a desigualdade terá dados
mais dramáticos ainda.
Estes
bilionários são: Bill Gates, da Microsoft, Amansio Ortega, da Zara,
Carlos S. Helm, da mexicana Carso, Warren Buffet, da Berkshire Hathaway,
Jeff Rezos, da Amazon, Mark Zuckerberg, da Facebook, Larry Ellison, da
Oracle tech, e Michael Bloomberg, da Bloomberg News. Juntos, eles detém
uma riqueza avaliada em 426 bilhões de dólares, que corresponde ao valor
das posses de 3,6 bilhões de pessoas na outra ponta da pirâmide social
planetária. Diz a Oxfam que a reavaliação decorreu da obtenção de dados
mais precisos sobre estas empresas e também sobre a pobreza no mundo,
sobretudo na Índia e na China.
Olhando-se o universo destas empresas, observa-se que:
1.Microsoft, Oracle, e Facebook atuam na frente virtual e proximidades.
2.A Amazon também atua na frente virtual, especializada em vendas de produtos editoriais.
3.A
Berkshire Hathaway é uma empresa especializada em administrar outras
empresas, e faz algum tempo se especializa em compra-las, agregando-as
ao seu conglomerado.
4.A mexicana Carso se especializa em infra-estrutura e energia, macro-construções e no varejo destes setores.
5.A Bloomberg News é hoje um conglomerado de empresas especializadas em informações para o setor financeiro.
6.A galega Zara é uma rede de vestimentas, calçados e produtos afins para mulheres e crianças.
Todas elas têm uma atuação em escala planetária.
Foi-se
o tempo, portanto, em que o Fórum de Davos e o Fórum Social Mundial,
que nasceu em 2001, em Porto Alegre, eram antípodas. O FSM perdeu muito
de seu ímpeto, ao recusar uma aproximação mais diretamente política (sem
cair no partidarismo) dos temas mundiais. O Fórum de Davos continua em
grande parte dedicado a apresentar soluções paliativas para os problemas
mundiais, mas pelo menos vem se aproximando mais de um quadro realista
da desigualdade planetária.
Quanto
a Porto Alegre, hoje presa de uma plêiade de políticos e de uma classe
média que se tornou largamente conservadora, deixou de ser “a capital do
século XXI” que já foi. E como um todo o Brasil do governo ilegítimo de
Michel Temer se afunda cada vez mais no pântano da desigualdade.
Segundo dados da OIT, em 2017 um entre cada três novos desempregados no
mundo será brasileiro.
Créditos da foto: reprodução
Oito mais ricos têm patrimônio igual ao de 3,6 bilhões de pessoas
https://www.conversaafiada.com.br/economia/oito-mais-ricos-tem-patrimonio-igual-ao-de-3-6-bilhoes-de-pessoas
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