quinta-feira, 4 de novembro de 2010

DESIGUAL COR E ESCURIDÃO

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Os que buscam os sonhos
Em voragem lírica
Em viagens lúdicas
De pagãos prazeres
Imersões oníricas
Fetichismos sábios
Pureza insana
Devaneios
Caos

Serpentes
Cristais
Sexo puro na beira do rio
Risadas sagradas
Deslizar de vida borbulhante
Olhos sorrisos cílios brilho perfumes
Invenções do corpo
Selva em escuridão profunda
Cicatrizes heróicas
Guerras secretas guardadas sentidas
Silêncio

Um pouco de sol entre o farfalhar das folhas
Ecos
Enlaçar suave de mãos tépidas
Murmúrios de água gelada
Sentir
O degustar do mistério do beijo
Pés em busca de estradas
O insinuar sereno da cumplicidade
A cega certeza do amor
Luz

Os que buscam a quase
Possibilidade de viver
Em devaneios púrpuras
Feitos de mantras macios cadenciados
Visões puras da plenitude
Universos sem geometria
Olhar balbuciante de prazer
Íntimo
Sorriso métrico insinuante
Do êxtase perfeito

Quase um suspiro mudo
Um latejar secreto
Um tímido espreitar físico
Um inquieto pensar
Enovelado em sonhos incolores
Imperfeitos solertes desejosos
Fragmentados em pequenas luxúrias
Prazeres táteis
Tentações

A busca interior
Mental anímica
Desfazer-se na totalidade
Refazer-se na nulidade
Suprema
Única
Etérea
Inefável

Os que buscam saciar
A única fome
Dos seus cinco sentidos
Que imploram viver
Mesmo que na palidez trágica
Dos magros dias
Em quase eterna
Fome
Quando a ilusão das cores
Refletida
Nos olhos desorbitados
Em pontos desiguais
De desigual cor e escuridão
Não são visões beatíficas
Ou o alucinar
Das paixões incontroladas
Mas a crueza intragável
Da necessidade urgente de evitar a morte
Pela fome

Que não oram nem pedem
Ou acreditam
Em uma cega e saciada justiça
Ou em um deus incólume
Às imperfeições

Que se encolhem nos cantos
Esperando o sublime momento
Do desencantar da vida
Tão faminta

Fausto Brignol.

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