sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

HANNAH ARENDT E AS MULHERES

“Parece-me que a vida e obra de Hannah Arendt mostram que a pretensão do feminismo cultural de
que as mulheres pensam como mulheres e ginocentricamente, colocando as mulheres no centro das suas
preocupações, está sobregeneralizada. Penso que o máximo que se pode dizer sobre o pensamento das
mulheres é que terá um fio que será determinado por esse ser mulher, e que esse fio pode, para algumas
mulheres, ser o fio maior, enquanto que para outras será subsidiário em relação a outros fios que surgem
de outros ingredientes da experiência e da condição. Para algumas mulheres, pensar será relativamente
sem género – como Hannah Arendt, em A Vida do Espírito, reclama que todo o pensamento é” (Bruehl,Elisabeth Young, 1996, 316317).


http://www.bocc.ubi.pt/pag/martins-carla-rendt-perspectiva-feminina-espaco-publico.pdf




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Arendt: uma perspectiva feminina do espaço público?
Carla Martins

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias / CICANT

O espaço público, bem como as formas de a ele ter acesso e participar, têm sido
modulados a partir de um entendimento predominantemente masculino. Na verdade, a
questão de género está ausente da maior parte das reflexões teóricas que consideramos
referenciais acerca do espaço público, como a proposta habermasiana.
Como ponto de partida, admitese
a possibilidade de a conceptualização de domínio
público presente na obra de Hannah Arendt consubstanciar, pelo menos indirectamente,
uma visão feminina da esfera de visibilidade. Arendt lança as bases de uma nova teoria
política e pode questionarse
se a arquitectura deste edifício, pelas categorias,
argumentos, experiências históricas e definições que a suportam, legitima uma
interpretação especificamente feminina ou no mínimo contrastiva do espaço público e,
por maioria de razão, da política e do político.
Poderemos indagar, para começar, se Arendt sequer colocou a questão da condição
feminina no plano da sua história pessoal. A entrevista que concedeu a Günter Gaus,
difundida a 28 de Outubro de 1964, é a este respeito elucidativa e de certa forma
decepcionante. Gaus inicia o diálogo esclarecendo que Arendt é a primeira mulher a
participar na série por si realizada, comentando que ela exerce uma “profissão muito
masculina”, a filosofia. Adivinhase
a primeira pergunta: o seu lugar no “círculo dos
filósofos” não será insólito pelo facto de ser mulher? (Arendt, 2001, 11). A resposta de
Arendt iniciase
com uma recusa desta circunscrição – “a minha profissão, se assim se
pode chamar, é a teoria política”. E prossegue:
“Você diz que a filosofia é, de um modo geral, uma profissão masculina. Sem
dúvida, mas isso não significa que um tal estado de facto subsista, um dia poderá
perfeitamente existir uma mulher que seja filósofa...” (Ibidem, 12)
Questionada sobre o problema da emancipação das mulheres, Arendt admite que tal é:
“um problema que se põe sempre. Eu agora voulhe
parecer muito antiquada.
Semprei pensei que há certas ocupações que não convêm às mulheres, que não
condizem com elas, por assim dizer. Não fica bem a uma mulher dar ordens.(...)

LEIA NA ÍNTEGRA EM : http://www.bocc.ubi.pt/pag/martins-carla-rendt-perspectiva-feminina-espaco-publico.pdf

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