sexta-feira, 17 de abril de 2009

Liev Tolstói
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Retrato de Tolstoy (1887), pelo artista Ilya Yefimovich Repin
Liev Tolstói, também conhecido como Léon Tolstói ou Leão Tolstoi ou Leo Tolstoy, Lev Nikoláievich Tolstói (9 de setembro de 1828 - 20 de novembro de 1910) é considerado um dos maiores escritores de todos os tempos.
Além de sua fama como escritor, Tolstoi ficou famoso por tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e idéias batiam de frente com as igrejas e governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza.
Junto a Fiódor Dostoiévski, Gorki e Tchecov, Tolstói foi um dos grandes da literatura russa do século XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde denuncia o ambiente hipócrita da época e realiza um dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da Literatura.
Morreu aos 81 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando viver uma vida simples.
Índice[esconder]
1 Biografia
1.1 Infância e juventude
1.2 Vida adulta
1.3 "Conversão"
1.4 Morte
2 Ideais
2.1 Proximidade com o anarquismo
2.2 A busca pelo natural
2.3 Pacifismo
2.4 Religiosidade sem dogmas
3 Citações
4 Algumas obras
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[editar] Biografia

[editar] Infância e juventude
Com a morte prematura dos pais, foi educado por preceptores. Em 1851, na juventude, o sentimento de vazio existencial levou-o a alistar-se no exército da Rússia. Tal experiência colaboraria para que, mais tarde, se tornasse pacifista.
Durante esta época de sua juventude, Tolstoi bebia muito, perdia muito dinheiro no jogo e dedicava muitas noites para ter encontros com prostitutas. Mais tarde, o velho escritor repudiaria esta fase de sua vida.

[editar] Vida adulta
No final da década de 1850, preocupado com a precariedade da educação no meio rural, Tolstoi criou em Iasnaia Poliana uma escola, para filhos de camponeses. O escritor mesmo escreveu grande parte do material didático e, ao contrário da pedagogia da época, deixava os alunos livres, sem excessivas regras e sem punições.
Em 1862, casou-se com Sônia Andreievna Bers, com quem teve 13 filhos. Durante 15 anos, dedicou-se intensamente à vida familiar. Porém, o casamento com Sônia seria repleto de distúrbios e brigas. Foi nessa época que Tolstoi produziu os romances que o celebrizaram - "Voina i mir" (Guerra e Paz - 1865/1869) e Anna Karenina. O primeiro, que consumiu sete anos de trabalho, é considerado uma das maiores obras da literatura mundial.
Embora extremamente bem-sucedido como escritor e famoso mundialmente, Tolstoi atormentava-se com questões sobre o sentido da vida e, após desistir de encontrar respostas na filosofia, na teologia e na ciência, deixou-se guiar pelo exemplo da vida simples dos camponeses, a qual ele considerou ideal. A partir daí, teve início o período que ele chamou de sua "conversão".

[editar] "Conversão"
Seguindo ao pé da letra a sua interpretação dos ensinamentos cristãos, Tolstói encontrou o que procurava, cristalizando-se então os princípios que norteariam sua vida a partir daquele momento.
O cristianismo do escritor recusou a autoridade de qualquer governo organizado e de qualquer igreja. Criticou também o direito à propriedade privada e os tribunais e pregou o conceito de não-violência. Para difundir suas idéias Tolstoi dedicou-se, em panfletos, ensaios e peças teatrais, a criticar a sociedade e o intelectualismo estéril. Tais idéias postas tão explicitamente causaram confusão nos fãs do famoso escritor e influenciariam um importante fã: Gandhi, nesta época ainda na África do Sul.
Após sua "conversão", Tolstói deixou de beber e fumar, tornou-se vegetariano e passou a vestir-se como camponês. Convencido de que ninguém deve depender do trabalho alheio passou a limpar seus aposentos, lavrar o campo e produzir as próprias roupas e botas. Suas idéias atraíram um séquito de seguidores, que se denominavam "tolstoianos". Decidiu abrir mão de receber os direitos autorais dos livros que viria a escrever, só voltou a querer utilizar este dinheiro quando precisou angariar fundos para transportar para o Canadá uma comunidade de camponeses perseguidos pelo governo.
Tolstoi chegou a ser vigiado pela polícia do czar. Devido a suas idéias e textos, foi excomungado pela Igreja Ortodoxa russa, em 1901. Alguns de seus amigos e seguidores foram também exilados. Tolstoi somente não foi preso porque era adorado em todo o mundo como um dos maiores nomes da arte de seu tempo.
Tolstoi, porém, não conseguia alcançar a simplicidade em que acreditava. Sua família, especialmente a mulher Sônia, cobravam-lhe os luxos e riquezas aos quais estavam acostumados. Os filhos davam razão a mãe, a quem Tolstói amava e que ameaçava se matar quando o escritor fazia menção de abandonar a casa.
Sônia, que havia lhe dedicado a vida, cobrava que o escritor deixasse para ela, em testamento, os direitos autorais das obras que fez na fase final de sua vida. Tolstoi, por sua vez, elaborou um testamento secreto, no qual passaria todos os direitos autorais a um tolstoiano de nome Chertkov, que tornaria sua obra pública.
Aos 82 anos de idade, Tolstoi decide, enfim, fugir de casa e abandonar a família para largar aquela vida na qual ele não mais acreditava.

[editar] Morte
Durante alguns dias a fuga foi um sucesso. Nos trens e nas estações por que passava, Tolstoi era reconhecido por todos, já que era o homem mais famoso da Rússia. Porém, devido a sua preferência em viajar em vagões de terceira classe, onde havia frio e fumaça, o já debilitado escritor contraiu uma pneumonia, que foi agravando rapidamente. No dia 20 de novembro de 1910, o velho escritor morreu durante a fuga, de pnumonia, na estação ferroviária de Astapovo, província de Riazan.
O trem funerário que trazia seu corpo foi recebido por camponeses e operários que viviam próximos à propriedade dos Tolstoi. Seu caixão foi carregado seguido por uma multidão de 3 a 4 mil pessoas. O número teria sido ainda maior se o governo de São Petesburgo não tivesse proibido a vinda de trens especiais de Moscou para o enterro do escritor. Sua morte foi noticiada nos principais jornais do mundo.

[editar] Ideais

[editar] Proximidade com o anarquismo

Portal da Anarquia
Para Tolstoi, os Estados, as igrejas, os tribunais e os dogmas eram apenas ferramentas de dominação de uns poucos homens sobre outros, porém repudiava a classificação de seus ideais como sendo anarquistas. Foi citado pelo escritor anarquista russo Piotr Kropotkin no artigo Anarquismo da Enciclopédia Britânica de 1911 e alguns pensadores o consideram como um dos nomes do Anarquismo Cristão. Outra aproximação com o anarquismo se deu em 1862, quando Tolstói, em viagem pela Europa, visitou o autor anarquista Proudhon. Este estava a escrever um texto chamado "La guerre et la paix", cujo título Tolstói propositalmente utilizou em seu maior romance.
O escritor não se auto-encaixava no anarquismo e não acreditava em guerras e revoluções violentas como solução para quaisquer problemas, mas sim em revoluções morais individuais que levariam à verdadeiras mudanças. Afirmava que suas teses se baseavam na vida simples e próxima à natureza dos camponeses e no evangelho e não nas teorias sociais de seu tempo.

[editar] A busca pelo natural

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Apesar de afirmar ter-se convertido no último período de sua vida e de renegar seus trabalhos mais famosos, encontram-se nestes mesmos textos diversas referências sobre a busca do autor por uma vida simples e próxima à natureza. Segundo o escritor George Woodcock em "A História das idéias e movimentos anarquistas", em todos os romances que Tolstoi escreveu quando mais novo, ele "considera a vida tanto mais verdadeira quanto mais próxima da natureza".
Vários foram os personagens criados nesta época que representavam o ideal de vida simples e natural. Em "Os Cossacos" são os camponeses meio selvagens de uma área remota do Cáucaso; Em Guerra e Paz é o personagem Platão que é descrito no livro como a personificação da verdade e da simplicidade: "Suas palavras e ações brotam dele com a mesma espontaneidade que o aroma brota da flor". Em Anna Karenina outro camponês, também chamado Platão, é o símbolo desta aspiração de Tolstói.
Ainda antes, na infância, Tolstói alimentava, junto aos irmãos, um sonho de fraternidade total. Eles acreditavam que o círculo fraterno que formavam poderia ser expandido e englobar a humanidade inteira, eliminando todos os problemas. O local onde esta utopia foi idealizada, sob a sombra de uma árvore em um bosque da Rússia, é o local onde foi enterrado Tolstói, conforme ele pedira, e também mais um seu irmão.

[editar] Pacifismo
Tolstoi ficou famoso por ser um pacifista. Nas palavras de Mahatma Gandhi, com quem Tolstói trocou correspondência, o escritor foi o maior "apóstolo da não-violência". No livro "O Reino de Deus está em vós", Tolstoi baseia-se no Sermão da Montanha para afirmar que não se deve resistir ao mal utilizando-se do próprio mal.
No mesmo livro, continuando seu raciocínio pacifista, o escritor afirma ser contrário ao serviço militar obrigatório (e ao militarismo como um todo). Ele também defende e exalta povos como os Quakers, que buscam a simplicidade, a autonomia e não utilizam de violência.

[editar] Religiosidade sem dogmas
Foi excomungado pela Igreja Ortodoxa Russa, religião dominante no seu país, depois de tanto critica-la. O escritor entendia como dogmas irracionais, que serviam para dominar o povo, alguns dos conceitos mais caros à Igreja. Considerava e seguia a doutrina de Jesus, mas achava impossível, por exemplo, que Jesus pudesse ser um homem e Deus, ao mesmo tempo. Para Tolstoi, Deus estava nas próprias pessoas e em suas ações e Jesus teria sido, para ele, o homem que melhor soube exprimir uma conduta moral que gerasse justiça, felicidade e elevasse espiritualmente a todos os homens.
Seu cristianismo exacerbado, no fim de sua vida, assemelhava-se ao cristianismo primitivo. Em alguns trabalhos publicados, seus textos foram muito mais longe que suas atitudes pessoais, como em "Sonata a Kreutzer", que mostra uma tendência a exaltar o celibato, porém o escritor ainda teve filhos depois desta obra. Pouco antes de sua morte, seus amigos o aconselharam a se retratar com a Igreja, este porém, recusando-se.

[editar] Citações
«Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia.»
(Liev Tolstói)
«Os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer de suas costas.»
(Liev Tolstói)
«Enquanto houver matadouros, haverá campos de guerra.»
(Liev Tolstói)
«Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo.»
(Liev Tolstói)
«Em vão, centenas de milhares de homens, amontoados num pequeno espaço,
se esforçavam por desfigurar a terra em que viviam. Em vão, a cobriam de pedraspara que nada pudesse germinar; em vão arrancavam as ervas tenras que pugnavam por irromper; em vão impregnavam o ar de fumaça; em vão escorraçavam os animais e os pássaros - Em vão... Porque até na cidade, a Primavera é Primavera.»
(Tolstói, em "Ressurreição")
«O homem pode viver 100 anos na cidade sem perceber que já está morto há muito tempo»
( Tolstói, em "Sonata a Kreutzer)
«A felicidade é estar com a Natureza, ver a Natureza e conversar com ela.»
( Tolstói, em "Os Cossacos")

[editar] Algumas obras
Infância (1852)
Adolescência (1854)
Juventude (1856)
Crônicas de Sebastopol (1855-1856)
A felicidade conjugal (1858)
Cossacos (1863) - descreve a vida deste povo.
Guerra e Paz (1865-1869) - é uma monumental obra, na qual Tolstói descreve dezenas de diferentes personagens durante a invasão napoleônica de 1812, na qual os russos incendiaram Moscou ou Moscovo.
Anna Karenina (1875-1877) - conta as histórias paralelas de uma mulher presa nas convenções sociais e um proprietário de terras filósofo (reflexo do próprio Tolstói), que tenta melhorar a vida dos seus servos.
Confissão (1882)
O reino de Deus está em vós (1894)
A morte de Ivan Ilitch (1889)
O que é arte? (1898)
Ressurreição (1899)
Babine - o parvo - peça de teatro infantil
Obras Pedagógicas
Não posso me calar
Contos populares
O Diabo e Outras Histórias - volume de contos
Contos da Nova Cartilha - 2005
Kholstomér, a História de um Cavalo[1]
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A vida de Tolstói

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