(...)Pois bem, O Reino de Deus Está em Vós representa a obra máxima de Tolstoi. Em comparação dela, ao autor seus já famosos romances parecem-lhe obras menores. Em seu Diário, chega a declará-los "tolices" (6/12/1908), algo próximo a serviços de alcova; mais propriamente, conversa fiada de feirante para atrair fregueses com o objetivo de lhes vender depois outra coisa, bem diferente (Diário, 28/10/1895).
Foi a obra que lhe custou mais trabalho, como confessou ao fiel secretário Chertkov. Levou três anos para terminá-la (1890-1893), justamente no momento em que o escritor chegava ao cume de sua maturidade intelectual — 65 anos de idade. A dificuldade não era só a relevância e a originalidade do tema, mas também o fato de ter que andar por toda a parte organizando refeitórios populares para ajudar os pobres a vencer a terrível crise de 1891. Como se vê, Tolstoi era um escritor verdadeiramente comprometido com os humildes.
O destino desta obra foi singular. Imediatamente traduzida nas principais línguas europeias, suscitou logo de início reações contraditórias: aplausos de um lado e espanto do outro.
Mas o leitor "que melhor aproveitou de suas lições foi Gandhi”. Este leu o trabalho em inglês em 1894, um ano depois de sua publicação em russo. Caiu-lhe nas mãos de um modo absolutamente providencial. De fato, aquele que iria tornar-se o Mahatma encontrava-se então "numa grave crise de ceticismo e dúvida", como ele mesmo conta. Acreditava ainda no caminho da violência. Pois bem, "a leitura do livro — em suas palavras — me curou do ceticismo e fez de mim um firme seguidor da ahimsa". Passa então a usar o livro como seu vademecum. Levou-o consigo para a prisão em 1908 e deu-o de presente a vários parentes e amigos. Gandhi declarou que Tolstoi era o "maior apóstolo da não-violência" e o homem "mais autêntico de seu tempo".(...)
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