Lílian Campos*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Guillaume Apollinaire (1898 - 1918) representou um marco na literatura francesa, como um dos vanguardistas da poesia visual. A expressão caligramas designa poemas escritos representando imagens, valendo-se da noção de "caligrafia" e de "ideograma", tendo sido empregada pela primeira
vez por Apollinaire.
Integrado ao seu tempo, conviveu, em princípios do século 20, com a arte Naïf, o cubismo e o surrealismo. Conheceu Pablo Picasso, Max Jacob, Modigiliani, Georges Braque e Matisse, familiarizando-se com o efervescente ambiente artístico da região de Montmartre, em Paris, onde artistas se reuniam em ateliês e cafés para falar e promover eventos sobre arte e literatura.
A escrita de Apollinaire propõe motivos clássicos, elegíacos e líricos, combinados à modernidade de sua época, urbana e industrial. Nesse contexto, o autor cria uma poética que dialoga com o passado e com o presente, ora para homenagear o primeiro, ora para aventurar-se no segundo, incorporando à sua poesia plasticidade, melodia e uma disposição espacial inovadora.
Em seus caligramas, Apollinaire convida o leitor não somente a ler, mas a conversar com a obra. O lirismo visual de seus poemas sugere uma exaltação ao novo, preservados os sentimentos de melancolia e solidão.
Esses aspectos tão marcantes devem-se, em grande parte, ao fato de o autor ter imprimido em seu trabalho aspectos de sua vida afetiva e seu particular cosmopolitismo: de um lado, Apollinaire encarna o mal-amado (mal aimé), resultado das suas investidas amorosas que obtiveram pouca, ou nenhuma, reciprocidade; de outro, ele é um estrangeiro, um homem de origens múltiplas e que viveu em diversos lugares, mantendo sobre sua origem um certo mistério.(...)
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