quarta-feira, 15 de abril de 2009

Jean Baudrillard,fala sobre o Brasil

ENTREVISTA COM JEAN BAUDRILLARD

O sociólogo Jean Baudrillard fala da

banalização como doença do mundo
e afirma que "o Brasil,
não tanto Lula,
permanece como uma esperança".


Por
Fernando Eichenberg


O pensador francês Jean Baudrillard, aos 76 anos, é um elétron livre no cenário intelectual contemporâneo. Crítico das análises ideológicas e do que chama de didatismo pseudo-político dos intelectuais de seu tempo, ele assume uma solitária condição de pária entre os representantes da French Theory, sem por isso sentir-se menos comprometido com as coisas do mundo.

Tradutor de Karl Marx, Friederich Hölderlin e Bertold Brecht, influenciado por Friedrich Nietzsche, Roland Barthes, Georges Bataille e Antonin Artaud, o pensador passou pela patafísica do dadaísta Alfred Jarry até se aventurar a partir do final dos anos 1970 nas trilhas que o levariam a um pensamento "transpolítico", fragmentário e atraído pela radicalidade. Para se manter como um ativo pensador diante dos absurdos do cotidiano e da irrealidade das coisas, sua inspiração vem do célebre personagem do clássico Bartleby, o escrivão - uma história de Wall Street, de Herman Melville. "Em relação ao mundo político e intelectual, minha solução é um pouco no estilo Bartleby, viver numa espécie de reserva mental, num universo paralelo. Não é uma solução ou uma estratégia da qual se possa fazer uma moral, mas uma tática existencial. Há um mundo selvagem que escapa a essa espécie de intoxicação universal", diz ele.

Adulado no exterior, seja nos Estados Unidos, Japão ou Brasil, e praticamente ignorado no seu país, recentemente ele teve sua biografia intelectual destacada na França pela prestigiada coleção editorial Cahier de L'Herne. Já a editora Sens & Tonka lançou a série Jean Baudrillard, uma reedição de dez de suas obras mais significativas, e a Galilée tirou do prelo mais um tomo de seu diário de aforismos,obras mais significativas, e a Galilée tirou do prelo mais um tomo de seu diário de aforismos, Cool Memories V - 2000-2004. Em outubro, o viajante pensador estará mais uma vez no Brasil, para participar, em Porto Alegre, de debates junto ao colega francês Michel Maffesoli. A seguir, os principais trechos da entrevista de Jean Baudrillard à CULT, concedida no seu apartamento-refúgio parisiense, próximo ao belo Jardim de Luxemburgo.(...)

(...) CULT - Como o senhor vê um país como o Brasil e sua cultura no processo de hegemonia e de "canibalização" do qual fala?

J.B. - O Brasil permanece como uma forma utópica, talvez, mas simbólica, com uma energia simbólica. Mais do que a Amazônia como reserva ecológica, vejo o Brasil como reserva simbólica. Ainda acredito nisso. A política no Brasil vive um momento difícil, mas não é isso que conta mais. Vejo nessa forma de Carnaval-canibal uma espécie de potencial canibalesco, que é uma força adversa, uma estratégia de absorção antagonista em relação à essa potência mundial. Acredito ainda nessa carnavalização do mundo, como um simulacro universal, mas a canibalização como uma reação, uma reversão, uma retomada potencialmente violenta, mas não necessariamente. O Brasil, não tanto Lula, permanece como um ponto de esperança.


LEIA NA ÍNTEGRA EM:

ENTREVISTA COM JEAN BAUDRILLARD
Publicado na
Revista Cult,
edição 95, de setembro de 2005.

http://www.bsfreud.com/nhbaudrillard.html.

*Baudrillard faleceu em 2007

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