terça-feira, 12 de janeiro de 2010

SuperCiber - Uma utopia do século XXI - Edith Cavalcanti

“SuperCiber”, prefaciado pelo autor. Ciro Marcondes Filho, é uma utopia como muitas outras que a antecederam. Ela pretende, em essência, significar a nova civilização que se inicia. Nela o cibercapitalismo é visto como o ápice do capitalismo, sendo a classe virtual o fator principal de sua concretização.

É de McLuhan a seguinte frase: “A nova interdependência eletrônica recria o mundo da imagem de um vilarejo global."

Esse autor controvertido já falava sobre os meios que o homem engendra para articular o processo básico da sociedade onde vive. Na obra de McLuhan o que sobrevive “é a ênfase dada à importância da passagem de uma civilização moldada segundo os padrões de comunicação pela palavra impressa para uma outra, nossa contemporânea, cujo ponto focal é a dominância dos meios de comunicação de base eletrônica. Esse caráter comunitário de grande envolvimento social transforma o mundo em um vilarejo. Tudo que vincula o homem a outro homem na sociedade atual, a t.v., o computador, todo o processo eletrônico que nos cerca, é visto por esse autor como extensões do homem”. E é isto realmente que nos introduz na era cibernética na qual estamos vivendo, onde somos definidos pela conjunção de máquinas, equipamentos, sistemas, programas,comportamentos, e modos de viver e pensar virtuais. Mas nem por isso deixamos de estar subordinados ao retorno de grandes utopias e é essa associação que vai definir o século XXI.

A utopia da cibernética é a capacidade de potencialização humana onde o indivíduo pode se apossar de tudo, até do universo. Neste imaginário o homem pode criar mundos que funcionam sem as pessoas, utilizando clones biológicos e imagens virtuais. Essa capacidade de potencialização è que vai nos remeter à Nietsche. Esse paralelismo pode ser encontrado em várias idéias nietscheanas. A obra de Nietsche “Assim falou Zaratrusta”! se baseia em grande parte na idealização do super homem que se embasa nos conceitos metafísicos da “vontade de poder” Essa criação de Nietsche tem sido vista por muitos autores como a ideologia política que mais tarde culminaria na concepção fascista de Mussolini ou na nazista de Hitler.

A cibersociedade corresponde a uma vivência em que as relações humanas passam quase totalmente pelo computador e pela rede. Até terapias são feitas pelo computador. Nesse processo não há uma análise para se encontrar as causas de uma patologia. Na realidade não passam de uma ajuda, ou melhor, diríamos, de uma recomposição como se faz com peças estragadas de qualquer aparelho. São formas semelhantes de recondicionamento. Alguns terapeutas usam maneiras semelhantes de tratamento, o que de certa forma autoriza ou explica a aceitação desses métodos pela televisão.

Até a sexualidade, que é o paradigma das relações humanas, é intermediada pelo computador em experiências de sexo pela rede, podendo chegar ao estupro visual. Isto pode levar à indagação: Como se pode analisar o que é fidelidade? .O que há nesse jogo de sexualidade através da Internet? Há aí, simplesmente um aspecto lúdico? Afinal, a infidelidade se define simplesmente pela prática ou está implícita na aceitação prévia do ato sexual?

Na Superciber vemos surgir uma nova teoria de classes, Na criação da classe virtual alguns autores vêem uma reelaboração da antiga teoria de classes. Na fusão dos projetos da sociedade cibernética com a ideologia nietscheana alguns autores consideram que “a vontade de virtualidade” substitui a “vontade de poder” enunciada por Nietsche.

Na descrição do cibermundo não há como não ver uma nova tentativa de totalização”.
É na criação da classe virtual que alguns autores vêem uma reelaboração desse sistema. Tendo considerado as utopias atuais se dividindo em abertas e fechadas, o autor colocou o modelo aberto da teoria do caos como sendo o mais válido para uma nova interpretação do mundo. Considera que o caos não é ausência de ordem mas sim, uma flexibilização na busca de ordenamento. Com a interseção de mais complexidade advinda da inclusão de mais informações verifica-se um novo conceito de ordem, a ordem no caos. Dessa flexibilidade dentro de informações extremamente complexas pode advir um novo tipo de evolução.

Mas é na fusão dos projetos da sociedade cibernética com a ideologia nietscheana que muitos autores consideram que a “vontade” de virtualidade “substitui a ”vontade de poder’ enunciada por Nietsche. Esta idéia também se baseia na idéia de infantilização da audiência imposta pelas telas do computador e mais especialmente pela TV. Há uma sedução que advém da imagem. O espectador não é convidado a pensar, a refletir. A própria igreja católica usava esse recurso para conquistar e seduzir os seus fieis, numa forma específica de alienação. As catedrais eram veículos destinados à difusão de suas idéias através das cores dos seus vitrais, da difusão da luz, do uso da música e, mesmo das formas arquitetônicas. Ler não era atividade destinada à plebe, mas de preferência ao clero e aos poderosos.

Em conclusão, a classe virtual é o produto final da tecnologia e da biologia. O resultado mostra que nada mudou e a conclusão é que a atingimos um capitalismo mais avançado que alguns autores chamam de pancapitalismo.

Não é demais lembrarmos de algumas idéias de Thheodor W. Adorno sobre a televisão: ”a industria cultural tendo à frente a televisão reduz os homens ainda mais a formas de comportamento inconscientes”. Isto se baseia principalmente no caráter essencialmente subliminar da transmissão das mensagens televisivas.” Ela impede a formação de indivíduos autônomos independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente.” Esta é a base para a formação de um regime político sem opositores,isto é, um regime totalitárIo.

No nazismo, a idéia central é a purificação. da sociedade. A utopia cibernética vai além. Não interessa mais a idéia da purificação da raça, mas sim a purificação da humanidade transformada em uma super-humanidade pura.

O filme “Super Homem - O Retorno” que está em exibição em todos os cinemas de S.Paulo, é a visão cibernética de nossa sociedade, onde:presenciamos a criação utópica de um herói fisicamente perfeito e imbuído das melhores intenções para ser o salvador da humanidade e praticamente imortal. Esse herói transita num mundo da mais alta tecnologia. Assistindo o filme é quase impossível esquecer a proposta de Nietsche:o super homem e seu eterno retorno....

FONTE : http://www.eca.usp.br/nucleos/njr/

3 comentários:

  1. GOSTO DO LIVRO E DESTE TEXTO...BEM ESCOLHIDO NADIA...NÃO TELEFONEI PQ TINHA GENTE AQUI...MAS A GENTE CONVERSA, E VC JÁ ESTÁ DECIDIDO QUE FAZ CURSO ESTE ANO...RSRS...BEIJOS...

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  2. Glória coloquei banner do NJR aqui na barra lateral bem lá em cima,falando do curso, link do curso....
    AAHH!!! fiquei hiper ocupada aqui hoje com a casa....por isso não te liguei!! abração

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  3. AAHH!!! coloquei aviso do curso nas tais das redes...e mandei por email pro grupo edudemocrática,mandei cópias pra vc!!

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