sábado, 11 de abril de 2009

"TÊMPERA " - "COMPANHEIRA" - CELSO LUNGARETTI

TÊMPERA

São três cascas de nozes
que o vento empurra,
as ondas carregam.


Quem vai a bordo
apostou seu sonho
contra todos os medos.


Perdido no mundo,
foi perder-se de vez
ou descobrir novo mundo.


No semblante, só certezas.
No íntimo, só dúvidas.
Que terrível solidão!


Ouvirá gritarem
um dia “terra à vista”?


Pisará chão firme
outra vez nesta vida?


Será água seu caixão,
espuma sua mortalha?


Atingirá o objetivo
antes da completa loucura?


De todos o mais inteiro,
de todos o mais dividido:
Cristóvão Colombo.


Que riquezas e glória
o levam a perseverar,
indo ao inferno e além?


Provar sua convicção?
Conquistar um reinado?
Ter o nome na história?


Nada vê além do azul,
nada ouve além das ondas,
nada sente além do frio.


(e no entanto, já poderia avistar
ao longe, muito ao longe, as aves)


(e no entanto, mais feliz
está agora com suas esperanças)


(e no entanto, a benção
poderá revelar-se maldição)


(e no entanto, jamais, jamais
reconheceremos o que fez por nós)

Celso Lungaretti

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COMPANHEIRA

Eu andava às cegas,
esperando um sinal.


Cercado de folhas secas,
apaixonado pela vida.


Tantas vezes tornara
os sonhos, realidade.


Teria ainda o dom?
Restara fé e força?

Para além das dúvidas
e temores, te encontrei.

Você chegou aos poucos,
como não querendo nada.

Não captei de pronto
a luz naquele lampejo.

Mas você voltou e entrevi
a menina que a dor escondia.

Seu olhar me estremeceu
e arrepiou; percebi a verdade.

Você não ousa crer, mas os
sentimentos é que têm razão.

Faço versos como preces,
apostando na beleza e no amor.

Celso Lungaretti

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