Divulgação Científica |
Caro leitor
Abrimos 2010 com a indicação feita pelo professor Francisco Assis de Queiroz, uma coleção muito boa sobre a questão étnica na sala de aula, especificamente, no Brasil; e gostaríamos de compartilhar com você essa leitura.
A “Coleção Percepções da Diferença. Negros e Brancos na Escola” (SANTOS, Gislene A. dos (org). São Paulo: Ministério da Educação, 2007), contou com o apoio do Ministério da Educação e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) Programa UNIAFRO e foi realizada pelo NEINB – Núcleo de Apoio à Pesquisas em Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro, da Universidade de São Paulo - USP.
Segundo descrição própria, o NEINB “[...] é um dos NAP´s (Núcleos de Apoio à Pesquisa) da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo. Tem por objetivos criar uma forma permanente de diálogo entre estudiosos, pesquisadores, docentes da USP e de outras instituições interessadas nas questões relacionadas ao segmento negro da sociedade brasileira e realizar pesquisas e atividades de extensão sobre temas que se entrelacem com a questão do negro no Brasil e no exterior; incorporando diferentes aspectos da diáspora africana.
O NEINB também tem por foco promover cursos, palestras, seminários nacionais e internacionais; promover intercâmbio técnico-científico e cultural com pesquisadores brasileiros e estrangeiros, bem como com entidades equivalentes ao Núcleo em outros países; promover contatos e/ou convênios com instituições de ensino fundamental, médio e superior para prestar colaboração científica e prestar assessorias aos poderes públicos.
Desde 1996 quando foi criado, o NEINB vem contribuindo para o fortalecimento do estudo sobre o negro dentro da USP.”
Com conteúdos sobre a questão do negro, o sítio do NEINB <http://www.usp.br/neinb/> disponibiliza de graça, a “Coleção Percepções da Diferença. Negros e Brancos na Escola” <http://www.usp.br/neinb/?q=node/9>.
Formada por dez livros de fácil entendimento, a coleção foi muito bem organizada e feita por especialistas e educadores de diferentes áreas. Os volumes são: 1) Percepções da diferença – discute a história e ideologia que fez do ser diferente (do europeu) alguém inferior. Nesse primeiro livro há explicações de vários conceitos de fundamental importância para a questão da discussão étnica; 2) Maternagem. Quando o bebê pede colo – discute a maternagem e como isso se estende para a sala de aula e a importância de ambos (maternagem e sala de aula) na construção da identidade do futuro adulto; 3) “Moreninho, neguinho, pretinho” – discute alcunhas, xingamentos e a importância do nome para a identidade de cada um; 4) Cabelo bom. Cabelo ruim – discute a discriminação pela aparência e a estética negra, enfatizando na questão do cabelo; 5) Professora, não quero brincar com aquela negrinha! – discute o preconceito étnico que ocorre entre as crianças; 6) Por que riem da África? – discute superficialmente, porém, de forma exemplar, parte da história, filosofia e arte do continente africano; 7) Tímidos ou indisciplinados? – discute o que pode influenciar na timidez ou na indisciplina dos alunos negros, lembrando que essas características (timidez ou indisciplina) não é uma característica étnica; 8) Professora, existem santos negros? Histórias de identidade religiosa negra – discute diáspora africana e como a religiosidade se adaptou; 9) Brincando e ouvindo histórias – sugere de forma diferente, modos de mostrar a contribuição africana para o Brasil; 10) Eles têm a cara preta! – para professores, apresenta práticas de ensino. Todos os livros contam com um glossário da coleção e indicações de leitura no final.
Destinada à professores do ensino infantil e fundamental, acreditamos que essa coleção tem poucas páginas que são indicadas somente para professores, a maioria dos temas, deveriam ser de conhecimento de todos brasileiros (principalmente dos professores).
As discussões levantadas são excelentes e ao contrário dos “rodeios” que muitos fazem para falar ou escrever sobre a questão étnica no Brasil, a coleção é clara, precisa, direta, questionadora e profunda; esclarece conceitos e chama para uma realidade que muitas vezes as pessoas não se dão conta que vivenciam no dia-a-dia.
Talvez você se pergunte: “mas o que a questão étnica tem a ver com divulgação científica?”, tudo caro leitor, tudo! Podemos levantar diversos pontos, mas o mais fundamental aqui, é que foi justamente a forma de divulgar ciência, principalmente no século XIX, que permitiu a disseminação do racialismo e do racismo (conceitos muito bem discutidos na coleção), que foram utilizados com maestria no Brasil que fez uso da discriminação para excluir.
Também é certo que alguns digam: “mas no Brasil racismo não existe, isso é inferioridade dos próprios negros que se inferiorizam cada vez mais, inclusive apoiando as cotas!”, à essas pessoas essa coleção é de fundamental importância, mas é necessário, dentre outras, também a leitura do artigo presente na revista SANKOFA 03: junho/2009 do professor Wilson do Nascimento Barbosa, chamado “A Discriminação do Negro como Fato Estruturador do Poder”, disponível em
<http://revistasankofa.googlepages.com/ADiscriminaodoNegrocomoFatoEstrutura.pdf>
(a indicação desse artigo também foi feita pelo professor Queiroz).
De qualquer forma, depois de ambas indicações, também é necessário dizer que no Brasil nem todos são racistas. Muitos brancos se dedicam, de várias formas, ao combate do racismo no Brasil. Diga-se de passagem, aquele que indicou essas leituras, excelente professor e autor do livro “A revolução microeletrônica: pioneirismos brasileiros e utopias tecnotrônicas”, é branco!
Poderíamos levantar diversos pontos que a coleção abrange, desde a questão da pesquisa e das informações históricas, até a discussão de conceitos utilizados erroneamente e a questão da inferioridade presente naquele que discrimina racialmente. Mas esses questionamentos, deixamos por conta do leitor.
Boa leitura e que 2010 seja um ano fantástico, cheio de ótimos livros!
Até o próximo mês!
Abrimos 2010 com a indicação feita pelo professor Francisco Assis de Queiroz, uma coleção muito boa sobre a questão étnica na sala de aula, especificamente, no Brasil; e gostaríamos de compartilhar com você essa leitura.
A “Coleção Percepções da Diferença. Negros e Brancos na Escola” (SANTOS, Gislene A. dos (org). São Paulo: Ministério da Educação, 2007), contou com o apoio do Ministério da Educação e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) Programa UNIAFRO e foi realizada pelo NEINB – Núcleo de Apoio à Pesquisas em Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro, da Universidade de São Paulo - USP.
Segundo descrição própria, o NEINB “[...] é um dos NAP´s (Núcleos de Apoio à Pesquisa) da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo. Tem por objetivos criar uma forma permanente de diálogo entre estudiosos, pesquisadores, docentes da USP e de outras instituições interessadas nas questões relacionadas ao segmento negro da sociedade brasileira e realizar pesquisas e atividades de extensão sobre temas que se entrelacem com a questão do negro no Brasil e no exterior; incorporando diferentes aspectos da diáspora africana.
O NEINB também tem por foco promover cursos, palestras, seminários nacionais e internacionais; promover intercâmbio técnico-científico e cultural com pesquisadores brasileiros e estrangeiros, bem como com entidades equivalentes ao Núcleo em outros países; promover contatos e/ou convênios com instituições de ensino fundamental, médio e superior para prestar colaboração científica e prestar assessorias aos poderes públicos.
Desde 1996 quando foi criado, o NEINB vem contribuindo para o fortalecimento do estudo sobre o negro dentro da USP.”
Com conteúdos sobre a questão do negro, o sítio do NEINB <http://www.usp.br/neinb/> disponibiliza de graça, a “Coleção Percepções da Diferença. Negros e Brancos na Escola” <http://www.usp.br/neinb/?q=node/9>.
Formada por dez livros de fácil entendimento, a coleção foi muito bem organizada e feita por especialistas e educadores de diferentes áreas. Os volumes são: 1) Percepções da diferença – discute a história e ideologia que fez do ser diferente (do europeu) alguém inferior. Nesse primeiro livro há explicações de vários conceitos de fundamental importância para a questão da discussão étnica; 2) Maternagem. Quando o bebê pede colo – discute a maternagem e como isso se estende para a sala de aula e a importância de ambos (maternagem e sala de aula) na construção da identidade do futuro adulto; 3) “Moreninho, neguinho, pretinho” – discute alcunhas, xingamentos e a importância do nome para a identidade de cada um; 4) Cabelo bom. Cabelo ruim – discute a discriminação pela aparência e a estética negra, enfatizando na questão do cabelo; 5) Professora, não quero brincar com aquela negrinha! – discute o preconceito étnico que ocorre entre as crianças; 6) Por que riem da África? – discute superficialmente, porém, de forma exemplar, parte da história, filosofia e arte do continente africano; 7) Tímidos ou indisciplinados? – discute o que pode influenciar na timidez ou na indisciplina dos alunos negros, lembrando que essas características (timidez ou indisciplina) não é uma característica étnica; 8) Professora, existem santos negros? Histórias de identidade religiosa negra – discute diáspora africana e como a religiosidade se adaptou; 9) Brincando e ouvindo histórias – sugere de forma diferente, modos de mostrar a contribuição africana para o Brasil; 10) Eles têm a cara preta! – para professores, apresenta práticas de ensino. Todos os livros contam com um glossário da coleção e indicações de leitura no final.
Destinada à professores do ensino infantil e fundamental, acreditamos que essa coleção tem poucas páginas que são indicadas somente para professores, a maioria dos temas, deveriam ser de conhecimento de todos brasileiros (principalmente dos professores).
As discussões levantadas são excelentes e ao contrário dos “rodeios” que muitos fazem para falar ou escrever sobre a questão étnica no Brasil, a coleção é clara, precisa, direta, questionadora e profunda; esclarece conceitos e chama para uma realidade que muitas vezes as pessoas não se dão conta que vivenciam no dia-a-dia.
Talvez você se pergunte: “mas o que a questão étnica tem a ver com divulgação científica?”, tudo caro leitor, tudo! Podemos levantar diversos pontos, mas o mais fundamental aqui, é que foi justamente a forma de divulgar ciência, principalmente no século XIX, que permitiu a disseminação do racialismo e do racismo (conceitos muito bem discutidos na coleção), que foram utilizados com maestria no Brasil que fez uso da discriminação para excluir.
Também é certo que alguns digam: “mas no Brasil racismo não existe, isso é inferioridade dos próprios negros que se inferiorizam cada vez mais, inclusive apoiando as cotas!”, à essas pessoas essa coleção é de fundamental importância, mas é necessário, dentre outras, também a leitura do artigo presente na revista SANKOFA 03: junho/2009 do professor Wilson do Nascimento Barbosa, chamado “A Discriminação do Negro como Fato Estruturador do Poder”, disponível em
<http://revistasankofa.googlepages.com/ADiscriminaodoNegrocomoFatoEstrutura.pdf>
(a indicação desse artigo também foi feita pelo professor Queiroz).
De qualquer forma, depois de ambas indicações, também é necessário dizer que no Brasil nem todos são racistas. Muitos brancos se dedicam, de várias formas, ao combate do racismo no Brasil. Diga-se de passagem, aquele que indicou essas leituras, excelente professor e autor do livro “A revolução microeletrônica: pioneirismos brasileiros e utopias tecnotrônicas”, é branco!
Poderíamos levantar diversos pontos que a coleção abrange, desde a questão da pesquisa e das informações históricas, até a discussão de conceitos utilizados erroneamente e a questão da inferioridade presente naquele que discrimina racialmente. Mas esses questionamentos, deixamos por conta do leitor.
Boa leitura e que 2010 seja um ano fantástico, cheio de ótimos livros!
Até o próximo mês!
FONTE : http://www.eca.usp.br/nucleos/njr/catedra/
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