domingo, 15 de março de 2009

FRASES E UMA CRÔNICA DE RUBEM BRAGA

“A ciência é grosseira, a vida é sutil, e é para corrigir essa distância que a literatura nos importa”.
Roland Barthes

"Ser original é voltar à origem" Antonio Gaudi

"Ora, a crônica está sempre ajudando a estabelecer ou restabelecer a dimensão das
coisas e das pessoas. Em lugar de oferecer um cenário excelso, numa revoada de
adjetivos e períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza, uma
beleza ou uma singularidade insuspeitadas."
(Antonio Candido. “A vida ao rés-do-chão”)

"Portanto, parece mesmo que a crônica é um
gênero menor “Graças a Deus”, –– seria o caso
de dizer, porque assim ela fica perto de nós."
(Antonio Candido)

"Sempre tenho confiança de que não serei
maltratado na porta do céu, e mesmo que
São Pedro tenha ordem
para não me deixar entrar, ele ficará indeciso
quando eu lhe disser em voz baixa:
"Eu sou lá de Cachoeiro..." Rubem Braga

Rubem Braga, considerado por muitos o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis, nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, ES, a 12 de janeiro de 1913. Iniciou seus estudos naquela cidade, porém, quando fazia o ginásio, revoltou-se com um professor de matemática que o chamou de burro e pediu ao pai para sair da escola. (...)
Leia mais em : http://www.releituras.com/rubembraga_bio.asp

O Pavão

Rubem Braga


Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.

Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.

Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.

Rio, novembro, 1958


Simples e ternas. Assim são as lindas crônicas de Rubem Braga.

Texto extraído do livro "Ai de ti, Copacabana", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 149. Agradeço ao Antônio pela lembrança.

FONTE: http://www.releituras.com/rubembraga_pavao.asp

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