GALERIA DO POSTE - A GALERIA QUE NUNCA FECHA
PROJETO POSTE TOTAL
Com o objetivo de ampliar nossas ações propusemos aos artistas realizarem intervenções nos postes de suas cidades no mês de janeiro de 2003, e apesar das dificuldades o sucesso foi grande, como comprovam as mais de 30 instalações feitas ao redor do mundo.
Projeto
DIA MUNDIAL DO POSTE
O sucesso alcançado pelo "Poste Total" nos levou a relançar a idéia em 2004, com uma pequena diferença, todos os trabalhos deverão ser inaugurados no dia 31 de janeiro (dia do aniversário da Galeria do Poste Arte Contemporânea) para que se forme nesse dia uma grande corrente "de pensamentos" em volta do mundo.
SITE : http://www.galeriadoposte.hpg.ig.com.br/index.html
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O poste e a ponte
Luiz Sérgio de Oliveira *
[...] no Brasil, o que é meu é meu e o que é público, também é meu. neste país, a construção de cada um por si mesmo só parece ser possível mediante a apropriação e subseqüente incorporação do que pertenceria à comunidade e que a define.
Teixeira Coelho
Apesar do que há de verdadeiro nessa constatação, podemos aperfeiçoá-la afirmando que, no Brasil, o público parece ser terra-de-ninguém, parece ser território-sem-dono. Por isso, é tão freqüente a apropriação dos bens públicos pelos nicolaus de plantão, que nem mesmo a contínua sucessão de denúncias, transformadas em campeãs de audiência pela mídia, parece conter. Tudo diante de uma sociedade ao mesmo tempo incrédula e apática, que assiste a essas sucessivas subtrações dos bens coletivos como se natural fosse, e não como uma dolorosa distorção de nossas tradições. Não é por outro motivo que continuamos a eleger políticos sabidamente corruptos, para os quais inclusive somos capazes de hipotecar nossas melhores convicções. Ou será que simplesmente vivemos a expectativa de sermos agraciados com migalhas de um poder corrupto? Enfim, o Brasil não é isso, certamente não é.
Mas o que essas questões têm a ver com a arte? Ou com o poste? Será ele o espaço singular para exorcizarmos nossos fantasmas públicos, nossos judas coletivos, como nos jogos infantis?
Desde que as premissas elitizantes do modernismo foram desacreditadas, cada vez mais e mais artistas vêm se recusando a sustentar a pureza modernista, que acabou por isolar a arte em redomas de cristal, protegidas do pó social. Esses artistas vêm recorrendo aos espaços públicos para ampliar sua audiência, para contaminar sua arte, não satisfeitos em continuar produzindo para um círculo fechado e viciado, formado por artistas e simpatizantes. Como já foi dito, "todo artista tem que ir aonde o povo está".
E é nesse contexto que a Galeria do Poste Arte Contemporânea precisa ser entendida: como uma contribuição para repensarmos o espaço da arte, para desatá-la das amarras imputadas pelo modernismo, para liberá-la, enfim, do confinamento do cubo branco dentro do qual permaneceu enclausurada durante grande parte do século passado. Aqui a arte quer mais que ser exposta, mais que estar exposta. Ela quer estar nas ruas, quer ser parte das ruas, sem grades, sem rampas, sem tapetes vermelhos, sem silêncios quase-religiosos, sem pompa nem circunstância. Aqui busca-se um diálogo que foi desprezado, o diálogo da arte com seu público. Para onde ele foi? Depois de desprezado pela arte, passou o público a desprezar a arte? É preciso reverter esse processo. Hoje o artista - e aqueles que atuam no sistema de arte - precisa(m) construir pontes que dêem densidade ao trinômio artista - produção de arte - público. É necessário trazer de volta esse público que foi ostensivamente rejeitado. Precisamos de trilhas, caminhos e pontes. O poste é uma ponte.
Nesses quatro anos, a Galeria do Poste Arte Contemporânea, dentro dos limites de atuação a que se propõe, firmou-se como um espaço privilegiado para a exibição de obras produzidas especialmente para uma situação em que é, simultaneamente, suporte, meio, arte in situ. Mais de quarenta artistas já deixaram sua contribuição para a desejada reaproximação entre arte e público. O famoso poste do Gragoatá já foi pintado de todas as cores, coberto com folhas d'ouro e de pentelhos enferrujados, já foi porto seguro para barcos à deriva, para os burros dos artistas, para cobras macias e suas jovens estonteantes, muro para amassos românticos, páginas da literatura brasileira perdidas no caminho do bordel, ou do paraíso azul zen. O poste já foi tudo, ou quase, e quer ser muito mais, nesse esforço do artista em recuperar seu espaço cidadão. Tudo isso vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, sob sol ou sob chuva. Afinal, a Galeria do Poste Arte Contemporânea é a galeria que nunca fecha !!!
FONTE: http://www.geocities.com/galeriadoposte/registro.htm.
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