sexta-feira, 5 de junho de 2015

MEU LIMÃO MEU LIMOEIRO, MEU PÉ DE JACARANDÁ...- Otávio Martins




MEU LIMÃO MEU LIMOEIRO, MEU PÉ DE JACARANDÁ...

Otávio Martins

... E por aí vai. 
 
Ouvi falar que um bom braço de violão, nacional, era feito com Jacarandá da Bahia. Eu tinha um Di Giorgio, com um braço de madeira escura. Eu, pra valorizar o meu violão, sempre dizia que o braço era de Jacarandá da Bahia. Todo mundo respeitava o meu violão, principalmente porque ele tinha o braço feito com o legítimo Jacarandá da Bahia. Pela cara, eu logo via, dava ibope. Então, daí pra frente, eu sempre repetia: é... o meu violão é com o braço feito de Jacarandá da Bahia.

Se eu tocava bem, ou não (como diria o Caetano, também da Bahia) não importava. O que dava peso, mesmo, era o braço do meu violão. Lembrei de um monte de coisas de músicas que falavam da Bahia: “Bahia, terra da felicidade...”; “No cais dourado, da velha Bahia...” e, não poderia faltar uma do grande Geraldo Pereira: “... baiana é aquela que entra no samba de qualquer maneira/Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras/E deixa a moçada com água na boca...” e muitas outras. Claro, que tudo isso, já fazendo parte do imaginário brasileiro, dava mais peso, ainda, ao braço do meu violão, o qual era de Jacarandá da Bahia. Até hoje – já nem tenho mais o meu violão – não sei se, realmente, a madeira do Jacarandá da Bahia é boa. Nem sei se chega aos pés da madeira de dar em doido, como disse, uma vez, o Geraldo Vandré, vai descer até quebrar/É a volta do cipó de aroeira/No lombo de quem mandou dá. Mas, impunha respeito. O violão que eu vendi, foi muito valorizado, principalmente porque o seu braço era de Jacarandá da Bahia.

Nem iria falar nada disso, é que me lembrei de uma música, assim, do nada: “Meu limão, meu limoeiro/Meu pé de Jacarandá/Uma vez tim – do - lelê/Outra vez tim – do – lalá”, o resto eu não lembro mais. O que eu iria falar era do limoeiro que tinha no quintal da minha casa, no meio de uns pés de araçá; uns, eram amarelos e, outros, vermelhinhos, lá em Rio Grande, bem pertinho do mar, em frente à Mangacha (puteiro, dos bons). Meu pé de Jacarandá, vinha por conta dessa música que cantei aí acima. Como eu gostava de fazer uma limonada com os limões que arrancava do pé do meu quintal. Era espremer os limões, um pouquinho de água gelada e umas colheradas de açúcar, e pronto. A comida descia numa boa. Hoje, lá em casa só dá Coca-Cola, Fanta, e outros refrigerantes, tudo uma merda só. Trocando em miúdos, merda da mesma latrina.

Acho que nem os braços dos violões são feitos mais de Jacarandá da Bahia.


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