MEU
LIMÃO MEU LIMOEIRO, MEU PÉ DE JACARANDÁ...
Otávio Martins
... E
por aí vai.
Ouvi
falar que um bom braço de violão, nacional, era feito com Jacarandá
da Bahia. Eu tinha um Di Giorgio, com um braço de madeira escura.
Eu, pra valorizar o meu violão, sempre dizia que o braço era de
Jacarandá da Bahia. Todo mundo respeitava o meu violão,
principalmente porque ele tinha o braço feito com o legítimo
Jacarandá da Bahia. Pela cara, eu logo via, dava ibope. Então, daí
pra frente, eu sempre repetia: é... o meu violão é com o braço
feito de Jacarandá da Bahia.
Se
eu tocava bem, ou não (como diria o Caetano, também da
Bahia) não importava. O que dava peso, mesmo, era o braço do meu
violão. Lembrei de um monte de coisas de músicas que falavam da
Bahia: “Bahia, terra da felicidade...”; “No cais dourado, da
velha Bahia...” e, não poderia faltar uma do grande Geraldo
Pereira: “... baiana é aquela que entra no samba de qualquer
maneira/Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras/E deixa a moçada com
água na boca...” e muitas outras. Claro, que tudo isso, já
fazendo parte do imaginário brasileiro, dava mais peso, ainda, ao
braço do meu violão, o qual era de Jacarandá da Bahia. Até hoje –
já nem tenho mais o meu violão – não sei se, realmente, a
madeira do Jacarandá da Bahia é boa. Nem sei se chega aos pés da
madeira de dar em doido, como disse, uma vez, o Geraldo Vandré, vai
descer até quebrar/É a volta do cipó de aroeira/No lombo de quem
mandou dá. Mas, impunha respeito. O violão que eu vendi, foi
muito valorizado, principalmente porque o seu braço era de Jacarandá
da Bahia.
Nem
iria falar nada disso, é que me lembrei de uma música, assim, do
nada: “Meu limão, meu limoeiro/Meu pé de Jacarandá/Uma vez
tim – do - lelê/Outra vez tim – do – lalá”, o resto eu
não lembro mais. O que eu iria falar era do limoeiro que tinha no
quintal da minha casa, no meio de uns pés de araçá; uns, eram
amarelos e, outros, vermelhinhos, lá em Rio Grande, bem pertinho do
mar, em frente à Mangacha (puteiro, dos bons). Meu pé de Jacarandá,
vinha por conta dessa música que cantei aí acima. Como eu gostava
de fazer uma limonada com os limões que arrancava do pé do meu
quintal. Era espremer os limões, um pouquinho de água gelada e umas
colheradas de açúcar, e pronto. A comida descia numa boa. Hoje, lá
em casa só dá Coca-Cola, Fanta, e outros refrigerantes, tudo uma
merda só. Trocando em miúdos, merda da mesma latrina.
Acho
que nem os braços dos violões são feitos mais de Jacarandá da
Bahia.
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