sexta-feira, 29 de maio de 2015

Saindo pelos dedos - Otávio Martins Amaral

                         




SAINDO PELOS DEDOS

                               
Otávio Martins Amaral


   Nem a morte escapou. Foi lembrar que a Marcha Fúnebre era de Chopin. O Frédéric fez de tudo, até isso. Tão imortal quanto mortal. Confesso que me acertou nesta tardinha de domingo de maio. Mês das mães, das flores, dizem que é mês de Marias e sei mais lá do que. Acho que falta pouco, nunca estive tão sozinho (acho que é do Vinícius, com o Chico).

   Mestre do piano, todo mundo sabe. O que ainda não haviam descoberto (vou revelar, agora) é que mandava seus recados pelas pontas dos dedos. Essa Marcha Fúnebre, ai, ai, ai. Ta tocando alto, será pra mim? E como é grande. É de morte, mesmo.

   Logo a seguir, adivinhem, o Nocturno n.2, dele, também. Assim é pra matar!

   Manda suas mensagens através das pontas de seus dedos. Parece ser algo enigmático. Não é. Sabe tudo de piano. Portanto, claríssimo. Disso ele manja. E faz da gente gato e sapato. A marcha, parece, voltou. Ela, justo ela. Assim, é pra matar.

   Por vezes, mostra-se afável. Logo a seguir, mostra as garras. Bem, ao ponto de fazer uma marcha fúnebre. Boa coisa ele não é.




Estátua de Chopin no Parque Łazienki em Varsóvia.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fr%C3%A9d%C3%A9ric_Chopin









http://ecoviagem.uol.com.br/noticias/turismo/turismo-internacional/conheca-o-cemiterio-de-paris-onde-estao-enterrados-alan-kardec-oscar-wilde-e-chopin-18143.asp


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