(...)
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela. (...)
* Trecho do poema de Vinicius de Moraes - "O operário em construção"
http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/o-operario-em-construcao
*poema reencontrado na página 30 do livro de Rubem Alves :
- "A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir"
- http://www.nacional.edu.br/grupodeestudos/docs/escola_da_ponte_rubem_alves.pdf
- https://books.google.com.br/books?id=iypFyem4qT4C&pg=PA27&lpg=PA27&dq=koan+rubem+alves&source=bl&ots=YoIavd8Bfl&sig=yubNs6fVngA9rQaLpBq5AY-reU4&hl=pt-BR&sa=X&ei=v2pbVc_NGMehNpHTgdgH&ved=0CB4Q6AEwAA#v=onepage&q=koan%20rubem%20alves&f=false
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