Falar contigo. Andar lentamente falando
Falar contigo. Andar lentamente falando
com as palavras do sono (as da infância, as da morte).
Dizer com claridade o que existe em segredo.
Ir falando contigo, e não ver mundo ou gente.
E nem sequer te ver - mas ver eterno o instante.
No mar da vida ser coral de pensamento.
Felicidade? Não. Voz solene. Entre nuvens,
seta sempre constante à direção remota:
Nascimento? Vontade? Intenção? Cativeiro?
Humildade de amar só por amar. Sem prêmio
que não seja o de dar cada dia o seu dia
breve, talvez: límpido, às vezes: sempre isento.
Ir dando a vida até morrer.
Cecilia Meireles em Solombra
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