Por Mauro Luis Iasi.
LEIA NA ÍNTEGRA EM:
http://blogdaboitempo.com.br/2015/06/03/violencia-e-ideologia/
(...)
Assistimos ao espetáculo da violência.
A própria frase encerra seu significado mais dramático. Parte das
pessoas encara a violência no papel de espectadores e a consomem pelo
filtro dos meios de comunicação – seja a televisão, o rádio, as redes
sociais. Sujeitos apassivados adornianamente pela indústria cultural,
transformados em espectadores que expectoram catarticamente para o vídeo
burro seus anseios e frustrações, para vê-los realizados pelo outro
inexistente, tornando-os vazios.
A raiva, a
violência, a fúria, mas também a paixão romântica, a aventura ou
fantasia, projetam desde fora os elementos do ser social, projetado para
fora de si mesmo para se reconhecer no outro. Tal mecanismo não é
necessariamente de estranhamento, se pensarmos que assim nos
constituímos como seres sociais, se reconhecendo no outro. O problema é a
natureza e qualidade deste outro.(...)
(...)
A
mercantilização da arte e da comunicação reconstrói o objeto de projeção
de forma a retirar dele toda a contraditoriedade viva. A massificação
sob a forma mercadoria é necessariamente padronizadora, repetitiva,
metódica e, em uma palavra, burocrática. Inseparável da reificação, como
já dizia Marx quando afirmava que está é a maldição inevitável dos
produtores quando assumem a forma de mercadorias. Uma relação entre
seres humanos que assume a fantasmagórica forma de uma relação entre
coisas.
Aquele que
se relaciona com o vídeo ou a pequena tela onde vivem as “redes sociais”
é já, antes de tal ato, uma coisa. Reificado pela vivência de relações
reificadas, coisificado na compra e venda de sua força de trabalho, na
relação com os demais mediados por coisas e pela lei do valor, pelo
mercado. No entanto, aquele que se coisifica é ainda um ser humano
coisificado e isso é um problema.(...)
(...)
A ideologia é
um fenômeno mais complexo. São as relações sociais dominantes expressas
como ideias, as relações que fazem de uma classe a classe dominante, as
ideias de sua dominação. Por esta aproximação não se trata de mudar uma
fraseologia do mundo por outra, mas de mudar o mundo, um ato prático,
uma revolução. E uma revolução é um ato violento de negação, uma
ruptura.
Voltemos, então, à frase inicial: assistimos ao espetáculo da violência.
Inseridos nas relações que constituem a ordem do capital que degrada o
ser humano a mera coisa, o trabalho em meio de vida, e a vida em meio
pelo qual o valor se valoriza, os seres humanos subsumidos à ordem
reificada vivem contradições que geram raiva e indignação porque se
confrontam com seu ser e o aviltam.(...)
*enviada pela amiga Elenice Rosa
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