quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

CAIXÃO FANTÁSTICO

Célere ia o caixão, e, nele, inclusas,
Cinzas, caixas cranianas, cartilagens
Oriundas, como os sonhos dos selvagens,
De aberratórias abstrações abstrusas !

Nesse caixão iam talvez as Musas ,
Talvez meu Pai ! Hoffmânnicas visagens
Enchiam meu encéfalo de imagens
As mais contraditórias e confusas !

A energia monística do Mundo,
À meia-noite, penetrava fundo
No meu fenomenal cérebro cheio ...

Era tarde ! Fazia muito frio.
Na rua apenas o caixão sombrio
Ia continuando o seu passeio !

AUGUSTO DO ANJOS

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