quinta-feira, 20 de novembro de 2008

"CASTRO ALVES" - O NAVIO NEGREIRO, TRAGÉDIA NO MAR (VI)

Existe um povo que a bandeira empresta

Pr'a cobrir infâmia e cobardia!...

E deixar-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!...

Meu Deus!meu Deus! mas que bandeira é esta,

Que imprudente na gávea tripudia?!...

Silêncio!... Musa! chora, chora tanto

Que o pavilhão se lave no teu pranto...



Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que a luz do sol encerra,

E as promessas divinas da esperança...

Tu, que da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança,

Antes te houvessem roto na batalha,

Que servides a um povo de mortalha!...



Fatalidade atroz que a mente esmaga!

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu vaga,

Como um íris no pélago profundo!...

...Mas é infâmia de mais... Da etérea plaga

Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...

Andrada! arranca este pendão dos ares!

Colombo! fecha a porta de teus mares!





Antônio Frederico de CASTRO ALVES nasceu em Muritiba(BA), no dia 14 de

março de 1847. Em 1862, publica no "Jornal do Recife", onde morava em

companhia do irmão mais velho, "Destruição de Jerusalém". Em 1868 viaja

para o Rio de Janeiro, onde é recebido por José de Alencar e Machado de

Assis. No dia 7 de setembro, em São Paulo, declama "O Navio Negreiro",

alcançando grande sucesso. O maior romântico brasileiro e, com Tobias

Barreto, um dos fundadores da escola condoreira, inspirada em Vítor Hugo.

Nativista, revelador da paisagem brasileira, republicano e abolicionista - o

cantor do Navio Negreiro é o nosso grande poeta social e nacional.



O poeta faleceu no dia 06 de julho de 1871, em Salvador(BA). É o patrono

da Cadeira nº 7 da Academia Brasileira de letras.



OBRAS:



Espumas flutuantes (1870)



Gonzaga ou a Revolução de Minas (1875)



A cachoeira de Paulo Afonso (1876)



Vozes d'africa. Navio Negreiro (1880)



Os escravos, obra dividida em duas partes: 1 A cachoeira de Paulo Afonso;

2. Manuscritos de Stênio (1883).

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