sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ó TU, CONSOLADOR DOS MALFADADOS (BOCAGE)

Ó tu, consolador dos malfadados,

Ó tu, benigno dom da mão divina,

Das mágoas saborosa medicina,

Tranquilo esquecimento dos cuidados:



Aos olhos meus, de prantear cansados,

Cansados de velar, teu voo inclina;

E vós, sonhos d'amor, trazei-me Alcina,

Dai-me a doce visão de seus agrados:



Filha das trevas, frouxa sonolência,

Dos gostos entre o férvido transporte

Quanto me foi suave a tua ausência!



Ah!, findou para mim tão leda sorte;

Agora é só feliz minha existência

No mudo estado, que arremeda a morte.

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