Estamos Vivendo uma Alucinação?
Carlos A. Lungarzo
Brasil é conhecido nos
meios diplomáticos como um país com grande população e extensão que
permanentemente se oferece para mediar em conflitos, que se orgulha de seu
depósito de sub-salt-oil (o “pré-sal”,
como dizem em vernáculo), dá lições de moral as grandes potências e procura sem
descanso uma vaga definitiva no UNSC.
Mas, entre os defensores de
direitos humanos, seja de agrupações independentes como de organismos
internacionais mais ou menos isentos, cujo total de membros e ativistas não é
tão pequeno como displicentemente dizem os altos dignitários brasileiros (somos
mais de 40 mi, o que não é muito mas tampouco é tão insignificante), Brasil tem
uma fama bem diferente, que não vou repetir aqui, pois todos sabemos.
Mas as maiores das barbáries e atrocidades têm algum limite, pelo menos nos países
Ocidentais. Quando o plano AKTION (18/08/1938)
dos nazistas exterminou milhares de crianças internadas por transtornos
neurológicos irreversíveis, o Reich simulou que essas crianças tinham doenças
incuráveis, e os pais delas receberam cartas supostamente pessoais do Führer,
onde o famoso psicopata fingia solidariedade, e dizia às famílias que apesar
dos esforços dos médicos do Reich, os meninos não tinham podido ser salvos.
Inclusive, nos primeiros três casos, esta forma irracional de eutanásia de
aplicou com o consentimento dos pais.
Uma mentira cínica, sim,
mas pelo menos as pessoas não eram humilhadas em sua dor, e os nazistas
reconheciam que a sociedade tinha uma
sensibilidade que não permitiria a eutanásia massiva de meninos que podiam
viver dignamente dentro de suas limitações.
Nem Hitler, dado como
exemplo de barbárie numa época que a América Latina era pouco conhecida, foi
capaz de dizer: Matamos esses moleques e fizemos sabão com eles. Aliás, nesse
caso particular, cadáveres não foram industrializados como durante a Guerra, mas
queimados como os de qualquer pessoa.
Mas, no Brasil do século 21º
estes refinamentos são considerados antiquados. Com efeito, um apresentador da TV Diamante, da Cidade de Diamantino,
MT, uma região pecuária onde o poder absoluto está concentrado na família do magistrado
Gilmar Mendes (à qual, segundo pelo
menos umas 20 matérias publicadas na Internet hoje, pertence oficialmente esse
Canal) propõe publicamente:
1.
A formação de “sociedades
do crime” (assim chamadas por ele, sem nenhum dissimulo) para acabar com crianças
de rua, pequenos infratores e outros meninos pobres. Ele justifica que esse
método deu certo em Goiana.
2.
Ele sugere fazer sabão com
os cadáveres (“se é que os meninos servem para isso”).
3.
Tira sarro de uma promotora
que se opõe ao toque de recolher em Diamantino. (Aliás, a promotora não
deveria ter argumentado com estes teratológicos sujeitos, que Diamantino não
tem local para uma prisão de menores. O que ela deve fazer é mandar prender os
que propõem a alteração da ordem constitucional).
Não acreditam? É justo, mas vejam este vídeo e digam se parece
montagem.
É provável que nos países que hoje são grandes amigos do Brasil
(Irã, Sudão, Síria), este cara recebesse um prêmio. Mas, em qualquer lugar
minimamente civilizado, o canal seria fechado, seus donos severamente punidos e
o apresentador condenado a prisão.
Já num país altamente civilizado, ele nunca teria chegado a
esse lugar.
Cabe perguntar: O que Faz o Ministério Público?
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