Catástrofe Anunciada:
Vamos Impedir um Novo Pinheirinho
NOTA: Estava preparando este texto,
quando ouvi a notícia de que o senador Suplicy apresentou uma denúncia de que
alguns dos invasores fardados tinham ABUSADO SEXUALMENTE de moradoras.
TEMOS OUTRO ARGUMENTO, PREVISTO NO ESTATUTO DE ROMA, PARA PROCESSAR
COMO CRIMINOSOS OS MEMBROS DA CÚPULA POLÍTICA, POLICIAL E JUDICIAL DE SÃO
PAULO, além dos executores.
Carlos A.
Lungarzo
Os
militantes de Direitos Humanos e os movimentos sociais costumam reagir com energia
após a ocorrência de uma catástrofe humanitária, como aconteceu no bárbaro
ataque de Pinheirinho.
(Cuidado:
não estou incluindo os órgãos oficiais muitas vezes criados justamente para
embaçar a luta pelos direitos humanos).
No entanto, parece que não possuímos a
capacidade de prever as catástrofes e de evita-las. Isto não é um problema
apenas na América Latina. Ativistas e organizações corajosas de todo o mundo
encontram dificuldades para impedir
novas crises humanitárias.
Nesse sentido, estamos atrás dos
pacifistas e dos ecologistas. Os pacifistas do Norte da Europa conseguem
bloquear pacificamente as ruas por onde passam veículos de guerra, e muitas
vezes tiram as armas dos soldados sem usar nenhuma forma de ataque, apenas
fazendo pressão com o próprio corpo e usando as mãos desarmadas. É claro que em
Suécia e Noruega os militares e policiais não abrem fogo sobre pessoas
desarmadas.
Os ecologistas são muito valorosos. Greenpeace usa barcos rápidos para
interceptar navios que caçam baleias. Em alguns desses episódios, os intrépidos
ecologistas tiveram alguns militantes machucados e outros feridos, mas nunca
houve mortos. Obviamente, em ambos os casos a resistência é desarmada.
Por que não existe uma disciplina deste tipo para os defensores de
Direitos Humanos?
O assunto é importante porque o
judiciário de São Paulo está anunciando uma nova “façanha”. Eles anunciam um
novo DESPEJO DE MORADORES, agora na
favela SAVOY, em Carapicuíba (Grande São
Paulo).
Uma quantidade de 700 famílias com mais de 3.500 pessoas corre o risco de sofrer os mesmos dramas de Pinheirinho.
A expulsão foi programada para o 6 DE MARÇO, e os inquisidores togados se
recusam a estender o prazo.
A defensora pública reconhece que a
situação é muito difícil. Veja o texto da Folha
de S. Paulo:
A Defensoria Pública informou que ainda não decidiu se irá
recorrer da decisão. De acordo com a defensora Carolina Dalla Valle Bedicks, a
preocupação é com as pessoas que não têm para onde ir, já que CARAPICUÍBA NÃO
TEM ABRIGOS PÚBLICOS E OS DOIS ÚNICOS GINÁSIOS DA CIDADE NÃO TÊM CONDIÇÕES DE
SEGURANÇA E HIGIENE PARA RECEBER OS MORADORES. (Vide)
Isto mostra que a situação pode ser PIOR que em Pinheirinho. O
número de moradores é menor, mas a quantidade de vítimas pode ser muito maior.
Sem lugar para onde ir, os despejados
serão empilhados como lixo, e estarão sujeitos às atrocidades dos fardados,
que, por seu permanente treinamento na violência, não podem evitar o síndrome da alta velocidade (termo
usado por psiquiatras para referir-se à necessidade incontrolável dos algozes
de fazer vítimas).
É necessário que a comunidade que hoje trabalha tão duramente para punir
os carrascos de Pinheirinho e tem demostrado tanta coragem, se preparem agora
para tentar impedir um novo linchamento massivo.
Faço uma convocação a todos os amigos vinculados com os movimentos
sociais, direitos humanos, grupos progressistas, parlamentares e membros da
classe política, jornalistas, sindicatos e militantes de bases de todas as
organizações.
A área da favela é aproximadamente da área de 16 campos de futebol.
Portanto, devemos reunir a maior quantidade possível de voluntários. Temos
poucos tempo para o fazer.
Ajudemos SAVOY!
A área que ocupa a favela é de
Minha proposta é formar um grupo de defesa disciplinado, que forme várias
linhas de contenção ao ataque policial, caso ele aconteça.
Essa defesa deve ser pacífica, limitando-se a resistir a expulsão pelo
método de revezamento nas filas. Os voluntários deverão estar identificados por
quaisquer métodos que provem sua origem.
NÃO SE DEVE ACEITAR QUALQUER PROVOCAÇÃO DA POLICIA.
Os recursos para evitar o afogamento por gases (que são recursos muito
limitados) deverão ser discutidos antes do encontro.
Nos próximos dias, envidarei todos os esforços para convidar a mídia
internacional mais objetiva, para que se registrem os eventuais abusos.
A consigna será que a polícia deve se retirar e o judiciário deve anula sine die a ordem de expulsão.
O problema da reintegração só poderá ser colocado novamente, quando o
governo e a prefeitura mostrem que sua promessa de atribuir casas populares aos
expulsos É SÉRIA.
Estamos a favor de negociações, MAS NÃO PODEMOS CONFIAR NELAS. Se
nos retirarmos com base em promessas do judiciário ou do governo do Estado,
seremos tapeados logo que abandonemos o local.
Os ataques da polícia são mais frequentes entre as 3:00 e as 6:00 horas,
quando os moradores estão atacados pelo sonho e são presas mais fáceis. Também
a essa hora é mais fácil difundir o pânico.
Meu próximo passo é tentar comprometer pessoas que sejam representantes
do povo para presidir nossa linha de proteção.
Estarei enviando novos mensagens, e respondendo os que receba a partir do
dia Segunda 06/02.
Abraços a todos.
Não posso dizer, como se dizia em outra época: “venceremos”. Digo apenas:
“não poderão nos dobrar; se quiserem, deverão quebrar nossa espinha”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário