Já escrevi sobre como os anos Berlusconi deixaram em cacos a imagem que eu tinha da Itália: a de um país amadurecido, pleno de humanidade, compaixão e sabedoria.
Cinéfilo inveterado, queria crer que cada italiano tivesse um pouco de Marcello Mastroianni; e cada italiana, de Sofia Loren.
De repente, fiquei sabendo que a figura realmente emblemática da pátria do meu avô é outra, uma versão piorada de Benito Mussolini (a História se repetindo como farsa grotesca, buffonata de mafuá...).
E cada vez mais escândalos e delinquências foram vindo à tona: ligações perigosas com a Máfia, antecedentes neofascistas, fraudes, subornos, arbitrariedades, deboches.
Um rosário de ilegalidades, irregularidades e impropriedades, mais do que suficientes para derrubar o premiê de qualquer nação que se respeitasse.
A Itália, infelizmente, não se respeita.
Então, nela nada mais me surpreende.
Nem mesmo que esteja em gestação uma lei com o objetivo gritante de manietar a Justiça e censurar a imprensa, apenas para que não seja mostrada ao povo a nudez do rei.
É o que informa a notícia Itália para contra a "lei da mordaça", publicada neste sábado (10) pela Folha de S. Paulo, cujos principais trechos reproduzo em seguida:
Segundo o herdeiro espiritual do Duce, "na democracia não existem direitos absolutos".
Parece um papa discorrendo sobre sexo: fala sobre o que desconhece e nunca praticou. Não passa de figura tosca de um autoritarismo rançoso e odioso.
Enfim, serve como consolo a constatação de que, com enorme atraso, os italianos finalmente começam a despertar de sua letargia cúmplice.
Talvez nem tudo esteja perdido; aguardemos os próximos e emocionantes capítulos.
De repente, fiquei sabendo que a figura realmente emblemática da pátria do meu avô é outra, uma versão piorada de Benito Mussolini (a História se repetindo como farsa grotesca, buffonata de mafuá...).
E cada vez mais escândalos e delinquências foram vindo à tona: ligações perigosas com a Máfia, antecedentes neofascistas, fraudes, subornos, arbitrariedades, deboches.
Um rosário de ilegalidades, irregularidades e impropriedades, mais do que suficientes para derrubar o premiê de qualquer nação que se respeitasse.
A Itália, infelizmente, não se respeita.
Então, nela nada mais me surpreende.
Nem mesmo que esteja em gestação uma lei com o objetivo gritante de manietar a Justiça e censurar a imprensa, apenas para que não seja mostrada ao povo a nudez do rei.
É o que informa a notícia Itália para contra a "lei da mordaça", publicada neste sábado (10) pela Folha de S. Paulo, cujos principais trechos reproduzo em seguida:
"Os principais jornais italianos decidiram não circular ontem nem atualizar seus sites na internet. A maioria dos canais não exibiu telejornais, e foram poucas as notícias nas rádios. Também houve greve de transportes em cidades como Roma e Milão.O primeiro-ministro reagiu pedindo a ajuda de seus simpatizantes para dar fim à "mordaça imposta à verdade", por parte de uma mídia que "pisoteia sistematicamente no sagrado direito à privacidade dos cidadãos invocando a liberdade de imprensa como se fosse um direito absoluto".
"Foi um protesto contra a 'lei da mordaça', como é conhecido o projeto que o premiê Silvio Berlusconi tenta aprovar no Congresso.
"O projeto já passou no Senado e deve ir à votação na Câmara no dia 29. Se virar lei, irá restringir o uso de grampos telefônicos em investigações e punir com multa os meios de comunicação que publicarem as transcrições.
"Aos jornalistas, estão previstas penas de prisão de até dois meses.
"Há também grande descontentamento entre juízes. A associação dos magistrados afirmou em nota que a nova lei irá tornar muito mais difícil o trabalho investigativo de policiais e juízes.
"...os críticos afirmam que ele [Berlusconi] tenta se proteger, evitando investigações sobre sua vida e sobre membros do governo. Em 2009, o vazamento de partes de investigações sobre corrupção atingiram o premiê.
"Foram divulgados pelos meios de comunicação fotos e detalhes de festas que o premiê dava em sua casa, para as quais eram contratadas garotas de programa.
"Há dois meses, Berlusconi foi obrigado a aceitar a renúncia de Claudio Scajola, seu então ministro da Indústria, após a mídia divulgar operações fraudulentas na compra de um apartamento".
Segundo o herdeiro espiritual do Duce, "na democracia não existem direitos absolutos".
Parece um papa discorrendo sobre sexo: fala sobre o que desconhece e nunca praticou. Não passa de figura tosca de um autoritarismo rançoso e odioso.
Enfim, serve como consolo a constatação de que, com enorme atraso, os italianos finalmente começam a despertar de sua letargia cúmplice.
Talvez nem tudo esteja perdido; aguardemos os próximos e emocionantes capítulos.
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