A convocação da seleção brasileira de futebol pelo técnico Mano Menezes obedeceu aos novos critérios da CBF, que, visando uma reformulação da seleção após o vexame na Copa da África do Sul, declarou, através do seu presidente Ricardo Teixeira, que a nova seleção deveria ser composta por jogadores com idade até 23 anos.
Com uma ou outra exceção, assim foi feito pelo novo técnico. Mano Menezes parece ser uma pessoa flexível às ordens da CBF, maleável às circunstâncias e adequando-se ao novo ambiente de trabalho. Mas nem CBF – leia-se Ricardo Teixeira – nem Mano Menezes, que é um rapaz obediente, buscaram priorizar a qualidade e a técnica. Ficaram de fora alguns excelentes jogadores, que qualificariam a seleção.
O mais óbvio e gritante é a nova não convocação de Ronaldinho Gaúcho. Dunga não o convocou porque, ao que se diz, não gostava dele, principalmente após determinado Gre-Nal em que Ronaldinho fez algumas coisas que não deveria fazer ao driblar Dunga – e perdeu a vaga na seleção. É o que se diz.
Mas acho que isso que se diz não deve ser inteiramente correto. Quem não gosta do Ronaldinho deve ser a própria CBF, e, é claro, os seus contratados. A outra razão, é que a CBF quer jogadores que tenham, no máximo, 23 anos, e Ronaldinho parece que passou da idade prevista. Outros que não foram convocados, contra todo o bom senso, foram, por exemplo, Rogério Ceni, Kaká, Juan, e principalmente Lúcio, que foi o melhor jogador do Brasil na recente Copa. Também não tem a idade requerida.
Desta forma, temos, literalmente, uma seleção de novos, com patos, gansos e outros bichos que a mídia oficial tanto implorou fossem convocados. E Mano Menezes, um rapaz obediente, calmo e amistoso com os microfones, obedeceu.
Claro que é uma convocação para enfrentar a seleção dos Estados Unidos em uma partida amistosa já prevista no calendário da CBF. E para jogar contra eles bastaria fardar com a camiseta canarinho o time do Avaí, por exemplo, e ganharíamos de goleada. Mas a idéia não é essa.
A CBF, desmoralizada pelas suas péssimas escolhas nos últimos oito anos, precisa mostrar uma nova cara, e a escolhida foi a do Mano Menezes. Obviamente, Scolari foi preterido devido à sua forte personalidade e ao seu caráter não subserviente.
Mas o mais triste de tudo isso, além do fato de Mano já começar “queimando” jogadores de excelente nível, como os citados acima, é a discriminação por idade. Acredito que deva estar previsto em algum artigo da nossa Constituição que isso é ilegal.
Qualquer tipo de discriminação é ilegal, mesmo que não esteja escrito explicitamente: “Não se deverá discriminar por idade quando da convocação de jogadores para a Seleção Brasileira de Futebol”. Não está escrito, é claro. Não desta maneira. Mas, qualquer pessoa com um mínimo senso de ética deve saber que isso não deve ser feito. É feio, deseduca, atenta contra a moral e os bons costumes.
Mas é a CBF que manda no futebol brasileiro, e quem manda faz as leis, segundo a nossa pobre idéia de civismo, neste Brasil tão pouco brasileiro. E é tão importante o futebol para o povo brasileiro que vitórias ou derrotas no futebol podem eleger ou derrotar candidatos à presidência da República. E as eleições estão aí. Como se sabe, eleições e ética não combinam. Aliás, política e ética atualmente são antônimos, no país dos mensalões.
CBF é apenas uma sigla que esconde dirigentes de futebol que foram escolhidos pelo governo, que, supostamente, deveria governar. Então, ao se fazer discriminação de idade na seleção brasileira de futebol, quem faz essa discriminação é, de fato, o governo brasileiro, que se esconde atrás da sigla CBF.
E pode o Governo - leia-se Lula (Hoje. Amanhã Dilma, Serra ou qualquer outro(a) que seja cúmplice do mesmo sistema) – ser a favor da discriminação, da falta de ética, do descaso com o bom senso e contra a educação moral do povo, escudado por siglas e por nomes, e escondido atrás da máscara parva da embriaguez moral?
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