Meu saudoso pai, que trabalhou 46 anos em fábrica, tinha uma frase curta e grossa para criticar quem faz concessões em demasia: "Quanto mais se curva, mais aparece o rabo".
Os responsáveis pela campanha de Dilma Rousseff, depois de descaracterizarem seu programa eleitoral registrado no TSE sob vara da grande imprensa, agora fazem a candidata dar declarações que equivalem a rendições.
Os responsáveis pela campanha de Dilma Rousseff, depois de descaracterizarem seu programa eleitoral registrado no TSE sob vara da grande imprensa, agora fazem a candidata dar declarações que equivalem a rendições.
Nesta 4ª feira (21), Dilma disse que, apesar de ter assinado embaixo, discorda do controle social da mídia, da taxação das grandes fortunas e da redução obrigatória da jornada de trabalho.
Sobre a primeira, afirmou:
Em lutas como a que travo em defesa do escritor e perseguido político Cesare Battisti, constatei o abandono brutal das boas práticas jornalísticas no Brasil.
A isenção e o equilíbrio foram para o lixo, a ponto de declaração de intelectual de renome mundial (pró Cesare) ser olimpicamente ignorada, enquanto se destaca qualquer irrelevância proveniente de vítima profissional ou inspetor de quarteirão (contra). Direito de resposta e de expressão do outro lado viraram letras mortas.
Então, da Dilma que conheci durante a resistência à ditadura militar eu esperava que destacasse o fato de não estar existindo liberdade de imprensa propriamente dita, mas sim uma liberdade de desinformação, da qual a burguesia usa e abusa no seu afã de tanger os cidadãos para a aceitação passiva, acrítica e conformista do status quo.
Só discordo do remédio proposto: o de usar-se a força do Estado para fazer com que a mídia volte a respeitar os limites entre informação, interpretação e opinião, ao invés de ideologizar as duas primeiras, deturpando-as para que se amoldem à opinião que os veículos já têm sobre o assunto enfocado.
Para mim, a verdadeira luta se trava nas ruas, não nos gabinetes do poder.
E não é para retocarmos aspectos do estado burguês sob o capitalismo, tentando torná-lo menos excludente, manipulador, injusto, predatório, parasitário, etc., etc.
É para substituirmos um sistema calcado na ganância, no privilégio e na competição zoológica entre os trabalhadores, por outro fundado no atendimento das necessidades humanas, na igualdade de oportunidades e na solidariedade universal.
Então, não se trata de moralizarmos a atuação da imprensa, mas de fazermos a revolução. Curto e grosso, como meu pai gostava.
Sobre a primeira, afirmou:
"O único controle que existe é o controle remoto, na mão do telespectador, porque ele muda de canal. Sou contrária ao controle do conteúdo. No que se refere a controle social é impreciso. Não existe controle social que não seja público".Também não concordo com a proposta de controle social da mídia, mas nunca adotaria o discurso que Dilma fez ontem, repetindo o do inimigo para o tranquilizar:
"É inadmissível a censura à imprensa, ao conteúdo, à critica. Sou rigorosamente contrária ao controle da imprensa".A pecha de censores, que ela assim lançou sobre petistas há muito defensores de tal proposta, é extremamente injusta: antes de liberticidas, são, isto sim, idealistas indignados com a parcialidade, a tendenciosidade e a unilateralidade da indústria cultural que, sob o capitalismo putrefato, cumpre a função de bovinizar seus públicos por meio da manipulação ideológica dos acontecimentos.
Em lutas como a que travo em defesa do escritor e perseguido político Cesare Battisti, constatei o abandono brutal das boas práticas jornalísticas no Brasil.
A isenção e o equilíbrio foram para o lixo, a ponto de declaração de intelectual de renome mundial (pró Cesare) ser olimpicamente ignorada, enquanto se destaca qualquer irrelevância proveniente de vítima profissional ou inspetor de quarteirão (contra). Direito de resposta e de expressão do outro lado viraram letras mortas.
Então, da Dilma que conheci durante a resistência à ditadura militar eu esperava que destacasse o fato de não estar existindo liberdade de imprensa propriamente dita, mas sim uma liberdade de desinformação, da qual a burguesia usa e abusa no seu afã de tanger os cidadãos para a aceitação passiva, acrítica e conformista do status quo.
Só discordo do remédio proposto: o de usar-se a força do Estado para fazer com que a mídia volte a respeitar os limites entre informação, interpretação e opinião, ao invés de ideologizar as duas primeiras, deturpando-as para que se amoldem à opinião que os veículos já têm sobre o assunto enfocado.
Para mim, a verdadeira luta se trava nas ruas, não nos gabinetes do poder.
E não é para retocarmos aspectos do estado burguês sob o capitalismo, tentando torná-lo menos excludente, manipulador, injusto, predatório, parasitário, etc., etc.
É para substituirmos um sistema calcado na ganância, no privilégio e na competição zoológica entre os trabalhadores, por outro fundado no atendimento das necessidades humanas, na igualdade de oportunidades e na solidariedade universal.
Então, não se trata de moralizarmos a atuação da imprensa, mas de fazermos a revolução. Curto e grosso, como meu pai gostava.
A MAIS-VALIA É INTOCÁVEL?
No tocante às grandes fortunas, também vale tudo que eu disse acima; justiça social só haverá quando adotarmos um modelo de sociedade que a priorize, e não ao seu contrário.
Mas, vendo esse nosso povo sofrido dos grotões, socorrido por programas assistenciais que só lhe dão fôlego para continuar vegetando mais do que sobrevivendo, não consigo conter minha indignação e repulsa ao saber que há brasileiros com patrimônios pessoais na casa de US$ 27 bilhões (Elke Batista), US$ 11,5 bilhões (Jorge Paulo Lemann), US$ 10 bilhões (Joseph Safra)...
A liberdade de imprensa é sagrada para nós, revolucionários, sim!
Mas não a liberdade de empreender (no dizer dos propagandistas do capitalismo), de construir fortunas imorais e escandalosas como essas a partir da mais-valia expropriada dos trabalhadores (assim dizemos nós).
Então, abdicar da proposta de taxação das grandes fortunas equivale a uma capitulação ao inimigo. Curto e grosso.
Já foi difícil aceitarmos o recuo da revolução para a reforma. Que dizer do recuo da reforma para a conivência com os aspectos mais aberrantes e desumanos do capitalismo?!
NEM SEQUER 4 HORAS A MENOS?!
Por último, a redução da jornada de trabalho, que Dilma agora reduz a uma “questão de negociar entre patrões e empregados”.
Será que ela esqueceu tudo? Nosso bê-a-bá, as leituras de Marx (O Capital), Lênin (Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo) e tantos que tais?
Lutamos para conduzir a humanidade a um estágio superior de civilização, dentre outros motivos, porque o capitalismo desperdiça criminosamente as possibilidades ora existentes de redução da jornada de trabalho a uma fração da atual, permitindo aos homens libertarem-se dos grilhões da necessidade e desenvolverem plenamente suas potencialidades.
Para produzir-se aquilo de que os seres humanos realmente precisam para uma sobrevivência digna – sendo, claro, extintas atividades nocivas, parasitárias e inúteis como as desenvolvidas pelos bancos –, menos da metade da jornada de trabalho atual seria mais do que suficiente.
E Dilma remete a mísera diminuição de 44 para 40 horas semanais a entendimentos com os patrões, como se as duas partes tivessem poder de fogo equivalente!
Sua campanha abusa do fato de a alternativa demotucana ser execrável a tal ponto de qualquer coisa, mesmo esse programa desfigurado e cúmplice do capitalismo, ainda representar mal menor.
Não teremos desculpa nem coragem para olhar no espelho se deixarmos de engendrar uma opção realmente satisfatória para 2014.
Chega de sermos obrigados a engolir a menos pior... ainda que, como no caso presente, tenha todas as características de um enorme batráquio!
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