FONTE : http://ombudsmae.blogspot.com/
Há um fenômeno curioso que acontece entre os publicitários brasileiros. Eles ADORAM o primeiro mundo. Os carros do primeiro mundo. Os prêmios do primeiro mundo. Os hotéis de luxo do primeiro mundo. As lojas que, mesmo em terras paulistanas, imitam as do primeiro mundo. Adoram também os vinhos, as canetas, as charmosas cidades, o visual urbano descolado, os filmes, as louras esguias, os restaurantes, o uísque.
Porém, quando o assunto é fazer o Brasil virar primeiro mundo, eles boicotam descaradamente. Se tem uma coisa que publicitário brasileiro odeia é trabalhar num país de primeiro mundo.
Só isso explica o lóbi feio, muito feio, vergonhoso, que eles fizeram para que a propaganda de cigarro não fosse proibida por aqui. Coisa que, há tempos, já era proibida no primeiro mundo.
Propaganda de bebida alcoólica também já foi banida em muito países. Mas por aqui, os cidadãos publicitários fizeram campanha, foram pra Brasília, apertaram mão de parlamentar e etc. Conseguiram manter a milionária publicidade de cerveja ativa. Não sei se teriam tido o mesmo sucesso se vivessem no primeiro mundo.
Espernearam também quando retiraram os outidóres da cidade de São Paulo. "Vamos passar fome!" E nas férias foram para Londres, onde tiraram fotos em frente a fachadas centenárias, bem preservadas e sem poluição visual.
A última tentativa deslavada para continuarmos no vigésimo primeiro mundo foi um comercial bonitinho e totalmente ordinário da W para o "uso consciente" da sacolinha plástica.
Ordinário porque é pago pela indústria do plástico, que deve estar começando a se preocupar com o número cada vez maior de malucos beleza divulgando idéias de primeiro mundo sobre os horrores da poluição pelo uso indiscriminado do plástico.
Ordinário porque está sendo veiculado em um país que recicla menos de 5% do seu lixo (de acordo com as fontes mais otimistas). Ordinário porque coloca no consumidor - nascido, criado e educado em um país com educação de nonagésimo quinto mundo - a responsabilidade pelo uso e "destino correto" das sacolinhas, como se na imensa maioria das nossas cidades, houvesse algum.
Ordinário porque por baixo da roupinha de propaganda educativa, há um comercial muito bem feito de estímulo ao uso da sacolinha plástica.
Ordinário porque jamais seria veiculado em um país de primeiro mundo, sob o risco de consumidores realmente educados e conscientes banirem de vez a sacolinha plástica de suas vidas. No primeiro mundo as pessoas não engolem qualquer besteira, não. Deve ser muito difícil fazer propaganda por lá.
TAIS VINHA
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Sacolinhas plásticas na publicidade -POR TAIS VINHA DO BLOG OMBUDSMÃE
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