Achuva cai.O ar fica mole...
Indistinto...ambarino...gris...
E no monótono matiz
Da névoa enovelada bole
A folhagem como bailar.
Torvelinhai,torrentes do ar!
Cantai,ó bátega chorosa,
As velhas árias funerais.
minh'alma sofre e sonha e goza
À cantilena dos beirais.
Meu coração está sedento
De tão ardido pelo pranto.
Dai um brando acompanhamento
À canção do meu desencanto.
Volúpia dos abandonados...
Dos sós...-ouvir a água escorrer,
Lavando o tédio dos telhados
Que se sentem envelhecer...
Ó caro ruído embalador,
Terno como canção das amas!
Canta abaladas que mais amas,
Para embalar a minha dor!
A chuva cai.A chuva aumenta.
Cai, benfazeja, a bom cair!
Contenta as árvores!Contenta
As sementes que vão abrir!
Eu te bendigo, água que inundas!
Ó água amiga das raízes
Que na mudez das terras fundas
Às vezes são tão infelizes!
E eu te amo!Quer quando fustigas
Ao sopro mau dos vendavais
As grandes árvores antigas,
Quer quando mansamente cais.
É que na tua voz selvagem,
Voz de cortante, álgida mágoa,
Aprendi na cidade a ouvir
Como um eco que vem na aragem
A estrugir,rugir e mugir,
O lamento das quedas-d'água!
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