A Academia Brasileira de Letras lançou oficialmente, no Rio de Janeiro, a quinta edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, com as novas regras do acordo ortográfico vigentes no Brasil desde 1º de janeiro.
O volume, de 976 páginas, impresso pela Editora Global, contém mais 370 mil verbetes apresentados sob a forma de lista por ordem alfabética, além de cerca de 1.500 estrangeirismos.
O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa também reúne o texto integral do acordo ortográfico de 1990, com todos os anexos, relatórios e justificativas, assinado pelos representantes dos países lusófonos, além dos decretos presidenciais sobre a adoção e a implantação do acordo no Brasil e a legislação anterior, como o formulário ortográfico de 1943 e o decreto de 1971.
O presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, afirmou que a reforma ortográfica que pretende unificar a forma de escrita do português é "fundamental para a consolidação de uma posição" da lusofonia.
"O Brasil é um país emergente e Portugal tem um grande papel no equilíbrio Europeu. Hoje o português é a quinta língua mais falada no mundo e passa a ter uma ortografia 99% idêntica tanto na América, como na África e na Ásia", disse Sandroni à Lusa.
O acadêmico considerou o lançamento do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa um ato histórico entre o Brasil e Portugal que "só tem a ganhar", e principalmente no campo da literatura "porque abre mercados no Brasil, em Portugal e na África".
Vocabulário
A primeira edição do Vocabulário Ortográfico no Brasil foi em 1938. Sandroni explicou que a quinta coincidiu com o decreto do acordo ortográfico. "Foi um desafio importante vencido pelos nossos lexicólogos", ressaltou.
A elaboração desta edição de 100 mil exemplares levou cerca de seis meses e reuniu uma equipa de lexicógrafos e lexicólogos.
Para o acadêmico Evanildo Bechara, coordenador da comissão que elaborou o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e adaptou à nova ortografia, a equipe de acadêmicos da Academia Brasileira de Letras "prestou atenção ao espírito do acordo, que era a simplificação".
"O novo sistema ortográfico veio realmente para simplificar e não para complicar a vidas dos que escrevem, dos utentes da língua portuguesa", destacou o filólogo.
No Brasil, o acordo foi regulamentado pelos decretos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 29 de setembro de 2008, e entrou em vigor em 1٥ de janeiro deste ano.
O Brasil cedeu em seis pontos principais: o fim do hífen, do trema, do acento circunflexo nos verbos no plural, a mudança do acento em ditongos abertos e a inserção de letras k,y,w no alfabeto.
Em Portugal, as mudanças deverão modificar 1,42% do dicionário português. Os brasileiros terão de alterar apenas 0,43%.
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