A própria estrutura sobre a qual é construída a notícia pode, assim, variar, fugindo dos padrões aceitos no jornalismo tradicional, tais como o lead e a pirâmide invertida. Neste caso, o relato em primeira pessoa, repudiado no jornalismo tradicional, é bem aceito e até indicado nas reportagens produzidas sob o modelo colaborativo de jornalismo. Mas, por outro lado, assim como outros sistemas colaborativos (como o wiki), carece de precisão e controle de qualidade sobre o conteúdo publicado. Esse gerenciamento é, geralmente, feito por jornalistas profissionais, que assumem as tarefas de edição do espaço.
Conceito e polêmica
Para os adeptos e ativistas desta prática, o Jornalismo Cidadão é uma chance de democratizar a informação, a partir do momento em que qualquer pessoa teria acesso à mídia, não apenas como leitor ou espectador, mas colaborando na produção do material veiculado. Também seria, para os defensores do new journalism, uma oportunidade para valorizar a reportagem, incluindo a observação de testemunhas oculares dos fatos.
O relatório We Media: How Audiences are Shaping the Future of News and Information (Nós-Mídia: como o público está moldando o futuro do jornalismo e da informação), escrito pelos pesquisadores Shayne Bowman e Chris Willis, do The Media Center do Instituto Americano de Imprensa, define o jornalismo participativo como um ato de cidadãos "fazendo um papel ativo no processo de coleta, reportagem, análise e distribuição de notícias e informações". O documento acrescenta que "a intenção desta participação é fornecer informação independente, confiável, precisa, abrangente e relevante que a democracia requer"[1].
Num artigo publicado em 2003 pela Online Journalism Review, J. D. Lasica classifica a mídia do Jornalismo Cidadão em seis tipos:
1. ) participação do público (tais como comentários no rodapé das matérias, blogs de colunistas que aceitam comentários, uso de fotos e filmagens feitas por leitores, ou matérias escritas localmente por moradores de comunidades);
2. ) websites jornalísticos independentes (como o Drudge Report);
3. ) websites de notícias totalmente alimentados por usuários (OhMyNews, WikiNews);'
4. ) websites de mídia colaborativa e contribuitiva (Slashdot, Kuro5hin);'
5. ) outros tipos de "mídia magra" (listas de discussão, boletins por correio eletrônico);
6. ) websites de transmissão pessoal (podcasting de áudio e vídeo, blogs, fotologs)[2]
O ex-colunista de tecnologia do jornal estadunidense San Jose Mercury News Dan Gillmor é um dos mais ativos defensores do Jornalismo Cidadão. Ele fundou uma entidade sem fins lucrativos, o Centro para a Mídia Cidadã, para ajudar a promover esta prática. A televisão francófona canadense Canadian Broadcasting Corporation também criou um programa semanal chamado "5 sur 5" que desde 2001 organiza e promove o jornalismo feito por amadores. No programa, espectadores enviam perguntas sobre ampla variedade de assuntos e, acompanhados por uma equipe de jornalistas, entrevistam especialistas.
No Brasil, alguns jornais e veículos de mídia tradicionais já adotam seções ou subportais que recebem contribuições do público (como as fotos publicadas na coluna de Ancelmo Góis em O Globo ou a área Eu Repórter do Globo Online). O pioneiro desta prática foi o portal iG, com a seção Leitor-Repórter, criada em 2000 e depois extinta. No entanto, para a maior parte dos teóricos, esse não é um exemplo real de Jornalismo Cidadão, apenas um aproveitamento comercial do material gerado por leitores.
Ressalte-se que, no Brasil, desde junho de 2009, já não é mais é obrigatória a exigência de diploma universitário em curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo para o exercício da profissão. A profissão, no entanto, já não era regulamentada para a mídia internet antes da decisão da Justiça que derrubou a obrigatoriedade do diploma.
O Jornalismo Cidadão ganhou força nos últimos anos a partir do advento das ferramentas de edição e publicação na internet como wikis, blogs e a popularização dos celulares equipados com câmeras digitais, além de outras novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs).
Deve-se atentar que Jornalismo Cidadão não é sinônimo de Jornalismo cívico, que é o jornalismo profissional caracterizado pela cobertura jornalística dos veículos de imprensa voltada para o cidadão.
Outros termos para Jornalismo Cidadão são o original em inglês citizen journalism, networked journalism (jornalismo em rede), grassroots journalism (jornalismo de raiz), jornalismo amador, jornalismo participativo, jornalismo colaborativo ou jornalismo open source.
Críticas
Muitas vezes, "jornalistas cidadãos" são ativistas dentro das comunidades sobre as quais escrevem (por exemplo, autores de matérias sobre pirataria musical que fazem lobby contra a indústria fonográfica). Isto gera críticas por instituições de mídia tradicional como o jornal The New York Times, dos EUA, que acusou os defensores do Jornalismo Cidadão de abandonarem o princípio da objetividade jornalística.
Um artigo do acadêmico Vincent Maher, chefe do Laboratório de Novas Mídias (New Media Lab) da Universidade de Rhodes (África do Sul), delineou várias fraquezas das reivindicações feitas pelos defensores da idéia, denominadas "os três E fatais": a ética, a economia e a epistemologia. O artigo, por outro lado, foi criticado na imprensa estadunidense e na chamada "blogosfera"[3]. Um artigo do jornalista Tom Grubisich publicado em outubro de 2005 listou 10 websites de Jornalismo Cidadão e detectou falhas de qualidade e conteúdo em vários deles[4].(...)
Exemplos de jornalismo cidadão
- Wikinotícias
- Centro de Mídia Independente
- OhMyNews
- Jornal de Debates
- Centro para Mídia Cidadã (em inglês)
- Digga (portal brasileiro de jornalismo participativo)
- Linkk (portal brasileiro de jornalismo participativo)
- Overmundo (portal brasileiro de jornalismo participativo)
- Brasil Wiki (portal brasileiro de jornalismo participativo)
- Info Exame - Seção Repórter Web (seção de revista on-line que mostra exemplo de jornalismo colaborativo assistido)
- vc repórter - Terra (canal de jornalismo participativo do portal Terra)
- Jornalismo Cidadão (pdf), Alzira Alves de Abreu, Fundação Getúlio Vargas
- Conquiste a Rede - Jornalismo Cidadão (pdf) livro eletrônico
- Jornalismo Cidadão - você faz a notícia (pdf) seção "Conquiste a Rede"
CONTINUE LENDO EM :
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo_cidad%C3%A3o
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