Quando eu morrer,
que tudo se pare,
que nada de per si, exista,
nem que seja o fluir da brisa.
Quando eu morrer,
não me pranteem, calem.
Nem mesmo me venham ver.
Apenas deem-me
este que é meu ultimo prazer
e se me enterrem na Galiza.
Quero ver cantar a melra
no arvoredo de minha tumba
e flanar livre nos bosques
das infensas madrugadas.
Quero, espectro
namorar as camponesas
pias e desavisadas
ao longícuo som
da rumba americana.
E navegar a todo pano
inda que aquem de trapobana
e respirar a maresia
e passear de noite e dia
cabelos ao vento
molhados polas gotas
d'agua fria
do atlantico oceano.
Ricardo Sant'anna Reis
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